segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

A FOTO QUE EU NUNCA VIRA

Como um "presente de Ano Novo", o companheiro Ricardo Amaral me enviou a foto (por mim citada neste post) em que apareço depondo na Primeira Auditoria Militar do RJ, em novembro/1970.

Esclareceu que foi batida pelo fotógrafo Adir Mera, da Última Hora; e também que seu livro A vida quer é coragem, ao contrário do que informei fiando-me em notícia alheia, não é uma biografia autorizada da presidente Dilma, mas sim uma reportagem.

Chamaram-me a atenção, na foto, os óculos cafonas que estava usando. Têm uma história.

Quando fui preso, os rapinantes do DOI-Codi me tomaram tudo que tinha algum valor, até mesmo os óculos.

Dias depois, um oficial foi me levar algo para ler e estranhou minha dificuldade. Perguntou a razão e, sem papas na língua, repondi que haviam me roubado os óculos.

"O Exército brasileiro não rouba óculos de ninguém!" --berrou. Mas, pouco tempo depois, os militares providenciaram estes outros...

7 comentários:

Anônimo disse...

celso, quem são os outros 5 na foto?

chinchonero

celsolungaretti disse...

O juiz auditor (civil), três militares integrantes do conselho (ou seja, incumbidos de julgar) e o datilógrafo.

ismar disse...

Com três militares, integrantes do conselho, ficava praticamente impossível escapar de uma condenação, já que os militares eram parte importante do processo. Eles, prendiam, julgavam e condevama todos. O auditor civil era apenas formalidade.

Ismar

Anônimo disse...

celso, mas vc sabe os nomes desses farsantes que compuseram esse tribunal de araque?

chinchonero

celsolungaretti disse...

Francamente, não me lembro se os militares eram 3 ou 4. Vagamente, parece-me que o conselho tinha 5 membros, incluindo o juiz-auditor.

Não me interessei pelo nome deles na época. Sei apenas que não havia nenhum mais conhecido.

Os comandantes não seriam tão primários a ponto de designarem para tal função os comprometidos com a repressão. Eram oficiais de Intendência, Engenharia, Cavalaria e outras unidades "inofensivas",

Macabea disse...

Caro Celso...Boa Tarde...e Obrigada!...A primeira coisa que observei na foto foi a sua frágil e sensível juventude...num corpo raquítico, próprio da idade...mas vi tb coragem...ousadia..ideologia...coisas que não vemos e não temos nos jovens atuais. Que época essa!!!! A cena chega ser patética...militares e togados com ares de superioridade, justiceiros da nação. Eles jamais serão ...o que pensam que são.!!!

Anônimo disse...

Celso, tal como na foto do depoimento de Dilma Roussef, um dos três milicos também cobre a cara ao pressentir o fotógrafo. Umas Forças Armadas de genocidas e covardes.

Luiz Henrique

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