A agricultura e a pecuária nos alimentam.
A indústria nos disponibiliza bens sem os quais, hoje, já não saberíamos viver.
E as instituições financeiras, qual sua contribuição?
Nenhuma. São totalmente inúteis e parasitárias. Nada criam, nada acrescentam, nada produzem.
Apenas se apropriam da parte do leão do trabalho de quem desenvolve atividades necessárias.
Pior: os grandes agiotas brasileiros (que preferem ser designados pelo eufemismo de banqueiros) estão batendo todos os recordes da agiotagem mundial.
É o que se constata nesta notícia de hoje (2ª) da Folha de S. Paulo:
"Os brasileiros que não pagam a fatura integral do cartão e entram no chamado crédito 'rotativo' pagam possivelmente a maior taxa de juros do mundo, segundo levantamento da Pro Teste.
No estudo, a Pro Teste constatou que o brasileiro paga juros de 237,9% ao ano. Esse valor foi comparado com as taxas cobradas na Argentina, Chile, Colômbia, Peru, Venezuela e México.
Mesmo em países com taxa básica de juros acima da brasileira (11%), como Argentina (12,5%) e Venezuela (24%), têm juros do cartão menores que os do Brasil.
Na Venezuela, o rotativo custa 29% ao ano e na Argentina, 50%.
Segundo Hessia Costilla, economista da Pro Teste, mesmo que a taxa brasileira fosse cortada pela metade ainda seria mais que o dobro da segunda maior taxa entre os países pesquisados.
De acordo com a Pro Teste, os cartões de crédito têm sido o maior fator de endividamento dos consumidores porque as taxas do rotativo 'se tornam impagáveis'.
O quadro é preocupante, segundo a Pro Teste, porque atinge principalmente consumidores que só agora entraram no mercado de consumo, como aposentados, jovens e pessoas de baixa renda.
'As condições econômicas dos países relacionados, quando confrontadas com as do Brasil, mostram claramente que a taxa de juros praticados no Brasil realmente é exagerada. Parte da culpa cabe aos bancos', diz Costilla.
A Pro Teste sustenta que o processo de concessão de crédito pelo cartão é falho e que leva as famílias a terem vários financiamentos cujas prestações superam a renda mensal do devedor.
O modelo de cartão no Brasil se diferencia do de outros países por não distinguir quem paga o total da fatura e quem financia. Segundo a Pro Teste, isso leva à diluição do custo da inadimplência a todos os clientes, pressionando a taxa para cima".
Talvez o companheiro Lula jamais conseguisse eleger-se presidente da República sem o acordo costurado por Zé Dirceu com o grande capital em 2002.
Mas, tendo a concordar com o Plínio de Arruda Sampaio: se o preço era fechar os olhos a práticas tão crapulosas e aberrantes quanto estas do sistema financeiro, melhor seria continuar na oposição, tentando chegar ao poder nos braços do povo para, sem a obrigação de honrar barganhas com capitalistas, construir o poder popular.
Pois, como dizia o sábio Raulzito, "quem entra num buraco de rato, de rato tem de transar".
Haverá poder algum no mundo que compense a condescendência e promiscuidade com tais ratos de esgoto?
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