Em termos estatísticos, o Corinthians entrou em campo neste domingo (4) com 89% de chances de se tornar campeão brasileiro, já que alcançaria seu intento em oito das nove combinações possíveis de resultados do seu jogo e da partida do único rival que ainda o ameaçava.
Acabou prevalecendo a lógica, com os clássicos nervosos e catimbados terminando em empates: Corinthians 0x0 Palmeiras e Vasco 1x1 Flamengo.
Não há como questionar a justiça da conquista corinthiana. Foi o grupo que demonstrou querer mais o título, obtendo quase sempre a vantagem mínima e conservando-a com unhas e dentes. Combatividade, aplicação tática e quase nenhum espetáculo é o que se pode esperar das equipes dirigidas pelo técnico Tite.
Foi, sobretudo, um Brasileirão nivelado por baixo, que deixou a certeza da superioridade do desinteressado Santos e dúvidas sobre o que aconteceria se o Vasco não exaurisse suas forças disputando simultaneamente a copinha sul-americana (as minúsculas são intencionais...).
Foi, sobretudo, um Brasileirão nivelado por baixo, que deixou a certeza da superioridade do desinteressado Santos e dúvidas sobre o que aconteceria se o Vasco não exaurisse suas forças disputando simultaneamente a copinha sul-americana (as minúsculas são intencionais...).
Eu, que dou menos importância à taça na prateleira e mais à forma como ela foi parar lá, só guardarei mesmo, do campeonato inteiro, a lembrança orgástica dos 5x0 sapecados no São Paulo e a lembrança pungente dos atletas e torcedores repetindo o gesto característico do grande ídolo --a saudação do Poder Negro-- durante o minuto de silêncio da partida final. Quase fui às lágrimas.
Bem mais agradáveis são as recordações do bicampeonato paulista em 1983, quando o genial dr. Sócrates conseguiu o incrível feito de marcar todos os gols do Corinthians nas partidas finais: 1x1 e 1x0 contra o Palmeiras, 1x0 e 1x1 contra o São Paulo.
Também graças ao Magrão, o Corinthians daquele tempo não só praticava um exuberante futebol-arte, como era bem mais do que um time de futebol: servia como exemplo vivo da superioridade da democracia sobre a praga do autoritarismo. Nunca torci tanto nem fui a tantos jogos do Timão.
Também graças ao Magrão, o Corinthians daquele tempo não só praticava um exuberante futebol-arte, como era bem mais do que um time de futebol: servia como exemplo vivo da superioridade da democracia sobre a praga do autoritarismo. Nunca torci tanto nem fui a tantos jogos do Timão.
Quanto lhe devemos, doutor! Agora, não podemos mais pagar - salvo, simbolicamente, mantendo erguidas as bandeiras que, com discernimento e coragem, você levantou.
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