"Sou malandro velho, não tenho nada com isso."
Depois de fazer o maior escarcéu com a besteirinha de que os alunos da USP apoiariam a sacrílega presença dos brucutus fardados num templo do saber (no fundo, prevaleceu a tradicional rixa dos alunos de Exatas e Biológicas com os de Humanas, ou seja, o resultado percentual seria parecido qualquer que fosse o assunto pesquisado), a Folha de S. Paulo tenta limpar a barra com um editorial comedido, A polícia e a USP, cujo final chega até a ser sensato:
"A lei vale para todo cidadão brasileiro, universitário ou não. Deve valer, contudo, para a própria polícia. São notórios e frequentes, no Brasil, os casos de truculência policial; de assassinatos disfarçados sob o pretexto de 'resistência à prisão'; de falsos flagrantes organizados por maus policiais em busca de propina.
A legislação brasileira a respeito das drogas, que deveria avançar no sentido de uma gradual liberalização, já exclui o porte e o consumo pessoal da pena de prisão. Persistem, entretanto, a intimidação e a repressão aos usuários.
Na USP e fora dela, a PM tem problemas mais importantes a resolver do que revistar mochilas de adolescentes à procura de pequenas quantidades de maconha.
Exceto em casos específicos de investigação fundamentada, a polícia não terá reconhecimento da comunidade se encarar como suspeito qualquer agrupamento de rapazes ou moças em seus momentos de lazer, cercando-os do olhar hostil da vigilância armada.
Policiais e cidadãos devem conviver sem desconfiança mútua -essa obviedade está longe de confirmar-se no Brasil..."
Os aprendizes de feiticeiro do jornal da ditabranda devem supor que sejamos todos lokis. Me engana que eu gosto.
Um malandro velho como eu está careca de saber que a repercussão de uma manchete dominical é umas 20 vezes maior que a de um editorial de 2ª feira.
Ou seja, depois de municiar à farta os fascistóides -- artigo do Olavo de Carvalho incluso --, agora dá o pulo do gato: "Calma lá, nosso jornal não é tão policialesco assim. Vejam que postura civilizada assumimos no editorial...".
Na verdade, lembrando um dos bordões do Paulo Francis, a Folha está à direita de Gengis Khan. E começa a revelar-se mais cínica do que o Paulo Maluf
É só o que tem a dizer este malandro velho.
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