A ministra Maria do Rosário, dos Direitos Humanos, comunica o envio ao Congresso do projeto que institui o Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, "compromisso assumido há quatro anos pelas principais democracias do mundo com a Organização das Nações Unidas".
Uma vez aprovado, acrescenta, "o País terá, pela primeira vez, um instrumento dedicado exclusivamente ao enfrentamento dessa grave violação dos direitos humanos".
O sistema será composto por duas instâncias básicas:
- o Comitê de Prevenção e Combate à Tortura, composto por 23 pessoas indicadas pela presidente, sendo a maioria da sociedade civil organizada; e
- o Mecanismo de Prevenção e Combate à Tortura, que terá 11 peritos indicados por esse Comitê.
Os peritos terão livre acesso a quaisquer instituições fechadas --centros de detenção, estabelecimentos penais, hospitais psiquiátricos, asilos, reformatórios e prisões militares.
Quando constatadas violações, os peritos vão elaborar relatórios com recomendações aos diretores dessas instituições, que terão um prazo determinado para adotar as devidas providências.
É uma iniciativa que merece e deverá receber nosso apoio irrestrito, pois a tortura continuou sendo praticada em larga escala e com impunidade quase absoluta depois que o Brasil se redemocratizou, só mudando o perfil dos torturados.
Vamos cerrar fileiras e esforçarmo-nos ao máximo para evitar que o Congresso desfigure mais este projeto importantíssimo, como vem fazendo com o que cria a Comissão Nacional da Verdade.
4 comentários:
Maria do Rosário está fazendo um trabalho maravilhoso no Ministérios dos DH, não me surpreende, ela já fez grandes trabalhos aqui no Sul.
Só espero que ela não faça a burrada de largar o ministério para concorrer a prefeita de Porto Alegre pelo PT, ela não tem a mínima chance e o trabalho dela no ministério é muito mais importante.
Olha o que eu encontrei.
A transcrição completa está em:
http://www.rodaviva.fapesp.br/materia_busca/485/dulcidio/entrevistados/dulcidio_wanderley_boschilla_1988.htm
Vital Bataglia: Mas você passou uma imagem de uma pessoa truculenta do tempo do “eu quebro e eu arrebento”. Então, para lembrar o telespectador que o conhece, você serviu ao Doi-Codi em 1972 e 1973. [Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna. Órgão de repressão política e inteligência do regime militar (1964 - 1985)]
Dulcídio Wanderley Boschilla: Não, 1971 e 1972.
Vital Bataglia: 1971 e 1972.
Dulcídio Wanderley Boschilla: A época mais perigosa.
Vital Bataglia: Depois que você deserdou da PM [Polícia Militar], você foi preso junto com um elemento que naquela época era do Esquadrão da Morte, o Zé Guarda, e fez uma boa amizade com ele. Quem é o Dulcídio? É esse truculento do tempo “eu quebro e eu arrebento” ainda?
Augusto Nunes: Vital, Dulcídio, eu quero aproveitar essa pergunta do Vital para lembrar também uma preocupação de alguns telespectadores. O José Moreira, do Jardins [bairro nobre de São Paulo] – aí você dá uma resposta só - ele pergunta o seguinte: “Por quanto tempo...” - depois estas perguntas todas serão encaminhadas a você, cópias.
Dulcídio Wanderley Boschilla: Tudo bem.
Augusto Nunes: “Por quanto tempo você trabalhou no Doi-Codi? Você se envergonha dessa época? Você se aproveitou dessa época para ser um trampolim para ser juiz de futebol?” Luiz Antonio, de Moema [bairro de São Paulo/SP]: “Eu gostaria que você falasse sobre sua convivência com órgãos de repressão na época da ditadura militar e queria confirmar, saber se é verdade que seu apelido na época da repressão era Capitão.” Queria que você respondesse.
Dulcídio Wanderley Boschilla: Nem a cabo eu cheguei. O problema é o seguinte: eu trabalhei, não me envergonho de ter trabalhado. Quando terminou a Guarda Civil, em 1970, eu fui para a Polícia Militar. Eu não sabia nem marchar, aí me deram na Polícia Militar. Eu não peguei fuzil porque eu era sargento. Se eu fosse cabo eu estava perdido, [por]que iria carregar fuzil e fazer rastejamento e coisa que o valha. Eu fiquei na Polícia Militar e não tinha jeito, eu não me coadunava - aquele não-militar apitando futebol e a Polícia Militar. Porque o regime [disciplinar], antes da Guarda Civil chegar, o regime era muito rígido; depois amoleceu um pouco mais e tal e coisa, um regime mais suave do que 1970. E eu pedi para um amigo meu, que até hoje deve militar no exército: “Você não tem um lugar para me arranjar?” Porque aos políticos eu não podia pedir, porque se eu peço para um cara dentro da Federação ou ligada a qualquer clube eu fico com rabo preso e danço, então eu não peço. Eu sei que eu pedi para esse sujeito. “Eu vou lhe arranjar.” E quando eu vi deu minha transferência para o Doi-Codi, segundo exército, na Rua Tutóia [rua de São Paulo/SP], e eu fui para lá.
Osmar Santos: Você foi torturador?
Dulcídio Wanderley Boschilla: Você está brincando? Olha bem para a minha cara.
Silvio Luiz: Ele quer saber o que você fazia no Doi-Codi.
Dulcídio Wanderley Boschilla: Eu trabalhava, eu escrevia à máquina, eu escrevia à máquina, eu escrevia à máquina... Trabalhava das nove da manhã às onze, almoçava lá, e trabalhava das duas até às quatro, quatro e meia, cinco horas. Eu vou dizer muito sinceramente, a minha função era uma só: eu prestava contas quando se fazia uma viagem a qualquer lugar e vinha despesas de viagem e eu passava no ali no livro-caixa e dava baixa. [Era] eu quem controlava os gastos.
Oldemário Touguinhó: Você dava baixa também dos caras que “fechavam direto” ou não?
Dulcídio Wanderley Boschilla: Eu não sei se fechavam, porque eu nunca vi ninguém “fechar” ninguém.
Oldemário Touguinhó: É? Nunca viu?
Dulcídio Wanderley Boschilla: É, nunca vi ninguém “fechar” ninguém.
Oldemário Touguinhó: Você só dava baixa na despesa? [ri após pergunta]
hahahahah ele só batia máquina no doi-codi hahahahaha ele nunca ouviu nenhum grito no doi-codi hahahahah
quanta mentira!
Olha só essa, a Folha ditabranda usando a ditadura argentina para assim interferir nas eleições daquele pais, é mole heim, a Folha adota lá a mesma tática adotada aqui para impedir a eleição de Dilma
http://www1.folha.uol.com.br/mundo/991185-argentinos-repercutem-descoberta-da-bfolhab-sobre-ditadura.shtml
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