Se há um diferencial deste blogue e da minha atuação como articulista de esquerda é o de nunca abrir mão de valores fundamentais para os revolucionários -- ou seja, para aqueles que se propõem a realmente transformar o mundo, pois muitos dos que hoje se apresentam como tais seriam tidos por Marx, Rosa Luxemburgo, etc., como meros reformistas.
Então, as escaramuças na política oficial -- meras disputas entre compadres para decidir qual grupo gerenciará o capitalismo para os capitalistas, tirando disto os maiores benefícios, e quais outros grupos ficarão com a parte menor do butim -- jamais me impedirão de adotar posições coerentes com meus princípios.
Revolucionários que se tornarem servos do capital, dando uma destacada contribuição pessoal para que os banqueiros e demais grandes capitalistas obtenham lucros estratosféricos, sempre serão tratados aqui como o cocô do cavalo do bandido.
Mais ainda quando servirem para dar má imagem aos revolucionários, esmagando coitadezas com todo o peso do Estado, quando nós existimos para fazer exatamente o contrário: nosso papel é o de ajudarmos os coitadezas a adquirirem consciência dos abusos que sofrem nas mãos dos poderosos e a eles reagirem.
Defenderei, com todas as minhas forças, os revolucionários que estiverem sendo atacados -- por partidos burgueses e pela mídia a serviço da burguesia -- em função de terem agido como revolucionários e de haverem honrado suas convicções revolucionárias.
E mesmo quem, não sendo propriamente um revolucionário, alinha-se com os valores básicos da civilização, combatendo a intolerância, o preconceito e o imobilismo -- como o ministro da Educação Fernando Haddad, cuja cabeça está sendo pedida pelos vendilhões do templo como retaliação por uma iniciativa correta e meritória. É chocante que se recue de forma tão vexatória e se desautorize um homem digno como Haddad para tentar salvar alguém que só merece o opróbrio.
E mesmo quem, não sendo propriamente um revolucionário, alinha-se com os valores básicos da civilização, combatendo a intolerância, o preconceito e o imobilismo -- como o ministro da Educação Fernando Haddad, cuja cabeça está sendo pedida pelos vendilhões do templo como retaliação por uma iniciativa correta e meritória. É chocante que se recue de forma tão vexatória e se desautorize um homem digno como Haddad para tentar salvar alguém que só merece o opróbrio.
Quem descartar a revolução permanente como besteirinha da mocidade e trocar sua prioridade para a de revolucionar permanentemente o próprio patrimônio, será por mim encarado como mais um zumbi do capitalismo, a seguir o célebre conselho do premiê francês Guizot (1787-1874): "enriquecei-vos!". Ou seja, como alguém que trocou seus grandes ideais por mesquinhos projetos pessoais, pagando o preço que o diabo costuma cobrar nesses casos.
O que tenho eu a ver com um Palocci desses? Quem pariu Mateus que o embale.
7 comentários:
Parece que é "chique" antigo esquerdista virar "consultor".
O Zé que o diga...
Tô com você Celso.
Mais um traidor a serviço do deus-dinheiro!Tem vários pululando por aí...
Em sendo verdade que Dilma fez a troca da cabeça de Palocci pela de Haddad, muito me envergonho em tê-la apoiado. Espremida entre ruralistas e evangélicos, o sumo que está saindo da 1ª presidente é um fel amargo de tragar. Mas, voltanto a Platão, o perigo de não gostar de política é deixar o governo aos que gostam muito. Valeu, Celso
Dentro do sistema que está aí, podre mas é o real, é o que existe, Palocci não errou nem foi imoral, trabalhou honestamente, declarou à Receita e ponto final
Ana Paula
Ana Paula,
você tem a mais remota noção do mercado de palestras e de consultoria? Os valores que o Palocci declarou são absolutamente fora da realidade, dezenas de vezes o que se paga por algo assim.
Só fazem sentido se remuneravam outro tipo de "serviço". E, como alguns desses clientes tão magnânimos tinham lucrativos negócios com a União, os indícios de intermediação e lobbismo são gritantes.
Tráfico de influência é crime. Ponto final.
Note-se que Palocci alega cláusula de confidencialidade com seus supostos clientes. E a confidencialidade das informações de governo? Se não existe e não precisa ser respeitada, logicamente está ao alcance de qualquer cidadão e não vale tanto dinheiro ao ponto de enricar o sabichão.
Caro Celso,
se Palocci tivesse deixado a vida pública para prestar consultoria a empresas privadas, respeitando o tempo exigido para quem exerce cargo de confiança no Executivo, seria até aceitável.
Mas, pelo visto, cometeu ele várias infrações. Primeiro, porque mal havia saído da direção econômica e financeira do país e cometeu o crime de assinar contrato de confidencialidade com grupos privados. Faltou com a ética e com o respeito à Nação, primeiramente.
Depois, como explicar que alguém multiplica a sua fortuna em 20 vezes ou mais em tão pouco tempo, senão através de suspeitas influências palacianas?
Ora, considero um grande equívoco a presidenta Dilma querer sustentar esse peso, que sairá caro para seu governo. Deveria a presidenta afastar imediatamente o sr. Palocci do governo, evitando assim o desgaste de que tem sido vítima.
Não adianta o PT dizer que é coisa da oposição. São fatos, que estão aí para todos analisarem, não importando de que partido seja o envolvido. E diga-se, a postura do ministro tem sido de fato a de quem cometeu crime e sequer consegue se explicar. Uma coisa estranha, que envolve relações obscuras com grupos que sequer podem ser conhecidos. Isso, para um homem público, é inaceitável.
Imagine-se o que os fisiológicos do Congresso Nacional não cobrarão do governo para manter a blindagem do ministro?
Seguramente, para a oposição também será melhor que ele permaneça no governo, como peso de chumbo a arrastar o governo para a igual prática dos oposicionistas demotucanos.
Enfim, o exemplo que é dado à sociedade é o pior possível. Prevalece a idéia de que para os de cima tudo é possível, enquanto os de baixo sobrevivem da pior forma.
No âmbito do capitalismo, "esquerda" (com aspas) e direita, como corretamente analisou o editor deste blog, disputam fatias de poder e dos lucros, que são distribuídos para poucos, enquanto ficamos com as migalhas.
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