Por compartilhar sua indignação pelos mortos e preocupação com os vivos, reproduzo a carta aberta enviada à presidente Dilma Rousseff pela combativa Neusah Cerveira, filha do saudoso Joaquim Cerveira (meu companheiro de cela em 1970 no DOI-Codi/RJ, executado pela Operação Condor em 1974):
"A Srª deve estar muito bem informada por seus ministros dos assassinatos de ativistas sociais que estão acontecendo nos últimos dias na Região Norte do país. Foram três em menos de uma semana, de forma covarde, cruel e, obviamente, crimes encomendados.
Sabemos, o Brasil inteiro sabe e agora o mundo inteiro saberá que existe uma lista de 'marcados para morrer'.
O crime desses companheiros é o de defender nossas florestas e denunciar o contrabando ilegal de madeira e outros tipos de 'irregularidades' dos grandes latifundiários que dominam a região! Não vou nominá-los (os latifundiários) porque seriam nomes, em alguns casos, vergonhosos para nosso País!
Principalmente, para a nossa débil democracia, conquistada com o sangue e a dor de tantos que tombaram para que a Sra. hoje tivesse condições de ocupar o mais alto cargo da Nação!
Não vou me estender, nem ocupar seu tempo, porém advirto que não vamos tolerar que essa macabra 'lista de marcados para morrer' prossiga da forma impune com que têm sido tratados os assassinatos de ativistas sociais e de direitos humanos. Tratados com morosidade judicial e total impunidade!
Não preciso dizer a senhora como dói para uma família ver seu pai executado dentro do carro enquanto passeava com sua família! Como dói Para crianças perder pai e mãe executados...
Cadê a DEMOCRACIA, Presidente Dilma? Veja bem que meu pedido não trata de crimes de 40 anos atrás e sim do aqui, do hoje e do amanhã!
Uma palavra sua, e esses assassinatos acabam! Ordene que acabem, por favor! Construa uma democracia que faça jus à sua HISTÓRIA de luta! Mostre a que veio, Presidente!"
Um comentário:
Vejam quem era o editor chefe na época. Hilariante!
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