Agravou-se neste sábado (9) a crise da Orquestra Sinfônica Brasileira.
Como Élio Gaspari bem relatou em sua coluna dominical, os antecedentes foram os seguintes:
De qualquer forma, Gaspari acertou em cheio na sua avaliação de que o autoritário Minczuk se desqualificou totalmente para a função que ocupa.
Como Élio Gaspari bem relatou em sua coluna dominical, os antecedentes foram os seguintes:
"...o presidente da fundação que a sustenta, economista Eleazar de Carvalho Filho e o maestro Roberto Minczuk informaram aos seus 85 músicos que passariam por um processo de avaliação individual.Confirmou-se o prognóstico do veterano jornalista, com o qual costumo concordar, salvo quando desanda a escrever bobagens sobre a luta armada contra a ditadura de 1964/85, confiando cegamente no entulho autoritário, como se fosse a tábua dos dez mandamentos...
Em fevereiro, reunidos em assembleia, 56 músicos da OSB anunciaram que não se submeteriam à avaliação.
Eleazar de Carvalho foi em cima de seus peões, acusando-os de 'difamar e denegrir a reputação da Fundação OSB', lembrando-lhes que 'atos de insubordinação são passíveis de punição'.
O doutor usou linguagem das galés de Cesar... funcionou a ideia de que 'anda quem pode, obedece quem tem juízo'. Deu errado.
Eleazar de Carvalho e Roberto Minczuk foram surpreendidos por um boicote liderado pelos pianistas Nelson Freire e Cristina Ortiz, bem como pelo maestro Roberto Tibiriçá.
Na quinta feira, depois de demitir 32 músicos, Carvalho trocou de partitura e, numa carta, disse 'ter sido levado' a demiti-los e propôs uma negociação para 'salvar uma grande instituição'.
,,,[A] permanência no cargo (...) do maestro Minczuk tornou-se tão difícil quanto a execução da Sétima Sinfonia de Gustav Mahler".
Mal, Minczuk, muito mal. A OSB não é a fanfarra da Vila Militar |
De qualquer forma, Gaspari acertou em cheio na sua avaliação de que o autoritário Minczuk se desqualificou totalmente para a função que ocupa.
Isto ficou mais do que evidenciado ontem: tão logo Minczuk entrou no palco para, sob estridentes vaias de metade da platéia carioca, reger os instrumentistas da Orquestra Sinfônica Jovem, eles dignamente se retiraram, deixando-o sozinho com suas batutas. Bem feito!
O concerto foi cancelado. O programado para hoje também.
Espera-se que, amanhã, alguém com mais poder e um mínimo de sensatez indique a porta da rua para Carvalho e Minczuk, pois salta aos olhos que tal serventia da casa é o primeiro passo para a solução do impasse.
Para os cinéfilos, o óbvio paralelo é com Ensaio de Orquestra (1979), um dos filmes mais amargos e questionáveis do genial Federico Fellini -- na verdade, uma parábola sobre o que ele considerou ser um movimento pendular da sociedade.
Os músicos de uma orquestra se rebelam contra o maestro autoritário e o expulsam, mas excedem-se tanto na demolição da velha ordem que acabam à beira da destruição.
Aí, face ao caos que ameaça a todos tragar, a alternativa acaba sendo a volta da autoridade... que logo reassume suas feições atrabiliárias e despóticas.
Torçamos para que os músicos da OSB façam melhor na vida real, depois desta admirável demonstração de resistência ao autoritarismo que estão dando.
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