sexta-feira, 18 de março de 2011

FUKUSHIMA: UM ALERTA CONTRA A MARCHA DA INSENSATEZ

Este blogue teve um sensível aumento no número de visitantes desde o último domingo, quando foi publicada a primeira notícia sobre a crise nuclear japonesa.

Houve também internautas que se queixaram de, no entender deles, as abordagens terem tom "panfletário" ou "alarmista".

Ora, o Náufrago da Utopia repercute um pouquinho no Brasil e tem alguns leitores assíduos pelo mundo, mas está muito longe de poder causar pânico no Japão.

Isto me deixou com as mãos livres para desconsiderar o blablablá anestesiante e tentar trazer à tona o que realmente está acontecendo. Esta é, para mim, a grande missão de um jornalista (e também de um revolucionário, como ensinava Rosa Luxemburgo...).

Há tanta desinformação circulando que a verdade só pode ser garimpada por vislumbres.

Como o de que os japoneses estavam considerando inseguro o raio de 20 quilômetros em torno de Fukushima, e os estadunidenses o de 80 km.

Como o que está em jogo é a vida e a saúde de seres humanos, andou bem melhor a embaixada dos EUA, como comprova esta notícia que acaba de sair do forno:
"Segundo o ministério da Ciência japonês foram detectados altos níveis de radiação num raio de 30 quilômetros da usina de Fukushima...

O governo japonês pediu aos moradores de um raio de 20 a 30 quilômetros próximo da usina de Fukushima que permaneçam em casa e com as janelas fechadas. A medida serve como forma de proteção contra a radiação da usina...

Especialistas ouvidos pela rede japonesa NHK, disseram que seis horas de exposição à radiação emitida pela usina corresponde ao nível máximo considerado seguro para um ano".
Chernobil nunca mais! (queríamos crer...}
Desde o primeiro momento, considerei a possibilidade de estarmos diante de um acidente tão grave como o de Chernobil e Three Miles Island, tanto que, no texto inicial, recapitulei esses dois episódios antes de abordar o atual.

Depois, vários fios soltos se juntaram para reforçar tal impressão, inclusive a inusitada fala do imperador que nunca fala.

Não deu outra:
"Ainda nesta sexta-feira [hoje, 18/03], a Agência de Segurança Nuclear do Japão elevou de 4 para 5 o nível de gravidade do acidente nuclear na usina de Fukushima. O índice da Escala Internacional de Eventos Nucleares e Radiológicos varia entre 0 e 7".
Não significa que eu esteja  torcendo contra, ou qualquer simplismo desses.

Apenas, não vejo vantagem nenhuma em que acontecimentos tão graves sejam minimizados -- primeiro passo para não se adotarem as providências que se impõem, visando evitar novos pesadelos como o desta semana.

Lembrem-se: uma regra de ouro do capitalismo é reduzir custos para maximizar lucros. Daí os subornos e fraudes com que os operadores de Fukushima iam contornando as medidas corretivas que há muito se impunham. Deu no que deu.

O certo é que a espécie humana está em risco  até de extinção, face à conjugação das catástrofes que serão causadas pelas alterações climáticas com a existência de usinas nucleares prontas para se tornar bombas atômicas, caso um tsunami ou algo que o valha acenda o  pavio.

Enfiarmos a cabeça na areia, como avestruzes, não aumentará as chances de nossos filhos e netos. Pois serão eles que sofrerão na carne as consequências de nossa insensatez e/ou omissão.

Um comentário:

Elisabeth Lorena Alves disse...

Olá
Obviamente tem aqueles que ressurgem das sombras para falarem o que querem,mas se fazem de surdos para não ouvirem o que necessitam.
Só que diferente de ti, sei que muitos outros acidentes destes e até piores virão.
Infelizmente nem mesm o países que outrora investiam mais em educação e amor ao próximo, estão liberando apenas ódio contra seus irmãos.
Seus textos são sempre prósperos em informação e sabedoria. Mesmo que nem sempre eu concorde com tudo o que leia em todo lugar.
Boa semana

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