quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

4 PROFESSORES DISSECAM A PODRIDÃO DO "MACARTISMO À ITALIANA"

O anarquista Giuseppe Pinelli, em quem as 
autoridades italianas tentavam jogar a culpa 
dos atentados de 12/12/1969, acabou sendo 
atirado do 4º andar de uma delegacia de Milão.


Para quem quer ter a visão de democratas italianos sobre a grita orquestrada pelos neofascistas contra a decisão soberana do Governo brasileiro no Caso Battisti, recomendo a excelente carta dos professores Saverio Ansaldi (Universidade de Montpellier III), Carlo Arcuri (Universidade de Amiens), Giorgio Passerone (Universidade de Lille III) e Luca Salza (Universidade de Lille III). cuja íntegra pode ser acessada aqui.

Um trecho muito interessante é este:
"O Brasil é o último de uma longa lista de países, após Grécia, Suíça, França, Grã Bretanha, Canadá, Argentina, Nicarágua, que se recusaram a colaborar com a justiça italiana. Será um acaso?

Na verdade, a fúria do governo italiano em pedir a extradição de Battisti se configura hoje mais como a vontade de exorcizar um inimigo vencido (quase uma obsessão de eliminar), do que como uma sóbria, autêntica exigência de justiça.

Surpreendente, em particular, é uma tal perseverança 'justiceira' da parte de um Executivo tragicamente incapaz de lançar luz sobre a pior carnificina dos anos 1970 e 1980, unanimimente considerada pelos historiadores como a 'mãe' de todo o terrorismo (*)".
Repetindo e destacando: sete países já haviam negado à Itália a repatriação de ativistas que não tiveram julgamentos justos, durante o deplorável período do  macartismo à italiana.

O Brasil está sendo só o oitavo -- e em nenhum dos casos anteriores houve tamanho empenho, dispêndios tão exagerados e tanta arrogância nos esforços para vergar nações independentes à vontade estrangeira.

Pena que o presidente Lula seja um cavalheiro, e não tenha jogado de novo na cara dos italianos a argumentação corretíssima do ministro Tarso Genro quando da concessão do refúgio humanitário a Battisti, sobre as escabrosas leis de exceção e o cenário de torturas, intimidações e barganhas imundas em que foi produzida a sentença de cartas marcadas do segundo julgamento do escritor.

* Aludem à bomba na Praça Fontana e quatro outros atentados simultâneos que a extrema-direita cometeu na tarde de 12 de dezembro de 1969 em Roma e Milão, numa malograda tentativa de incriminar os anarquistas. Depois que a farsa foi desmascarada, deixou de existir real empenho das autoridades em punir os culpados. Houve até um preso suicidado, bem ao estilo das ditaduras sul-americanas.

6 comentários:

wilson cunha junior disse...

O Pelluzo tripudia sobre o estado democrático de direito. Sua decisão de ignorar a decisão soberana do executivo, delegada pelo próprio STF, é arbitrária, coisa de ditadura.

wilson cunha junior disse...

Observo um certo receio de muitos esquerdistas de se engajarem nesse caso. No twitter são poucos os comentários e alguns até aplaudem esse atentado ao estado de direito cometido pelo presidente do STF.

Haroldo Cunha/São Gonçalo/RJ disse...

Celso, como ja escrevi diversas vezes, agora não se trata do Battisti, mas sim do golpismo na democracia brasileira. Essa decisão do STF, pode ser desconsiderada pelo executivo e libertar o Battisti a qualquer momento, já que essa é a decisão de quem teve a competência institucional para isso? Este deve ser o pior tribunal superior que um país democrático deva ter possuido!!!

Carlo Ponzi disse...

Só perguntas. Battisti assassinou Santoro? Battisti assassinouAndrea Campagna? Battisti deu obertura para fuga de Diegi Giacimini na hora do assassinato de Sabbadin? Participou de gambizziazione?

Francisco J. C. Figueiredo disse...

O empenho que a direita brasileira tem demonstrado no caso de Battisti não seria um ensaio para o embate da questão da Comissão da Verade e da anistia aos torturadores???

celsolungaretti disse...

Resposta para todas as questões do Ponzi: só Battisti sabe, mas Mutti leva muito mais jeito de ser o grande culpado. E podem ser quaisquer outros do PAC.

O QUE TODOS SABEMOS É QUE O JULGAMENTO DE BATTISTI FOI UMA ARMAÇÃO, E QUE SEM PROVAS DE NENHUMA ESPÉCIE, APENAS TESTEMUNHOS INTERESSEIROS DE QUEM PLEITEAVA FAVORES DA JUSTIÇA, NEM ELE NEM NINGUÉM PODERIA SER CONDENADO.

O que houve foi um linchamento e nós lutamos contra ele. Quanto a Battisti, a única certeza é da sentença inicial: ele lutou contra o Estado italiano.

Antes de tudo virar uma farsa delirante, condenaram-no como subversivo, não como terrorista, nem como assassino.

E é só até aí que as reais evidências permitem chegar, até hoje.

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