terça-feira, 9 de novembro de 2010

TRIBUTO A MONTEIRO LOBATO

Uma interessante discussão sobre Monteiro Lobato e o politicamente correto está rolando no Portal Luís Nassif.

Respondendo a um questionamento da comentarista dita  anarquista lúcida -- "Quanta arrogância e pretensao. Criar um tópico sobre um factóide de mídia que você nao pesquisou é leviandade. Nada há de obscurantista nesse parecer, que você nao leu mas critica..." --, falei sobre o débito que tenho com Monteiro Lobato, o primeiro autor que fez minha cabeça, na longínqua infância:
"Mas, quando criança, li a coleção inteira do Sítio do Picapau Amarelo.

O desprezo do Lobato pela riqueza, o poder e as torres de marfim acadêmicas, bem como sua admiração pela Grécia antiga, tiveram muito a ver com o rumo que dei à minha vida.

Graças a ele, aprendi a prezar, acima de tudo, a coerência, a criatividade e o espírito de justiça. Desde muito cedo, comecei a contestar a autoridade que não advinha da razão, a exigir explicações ao invés de aceitar imposições.

E, das suas incursões pela gramática, aritmética, geografia, astronomia, geologia, folclore, mitologia, etc., uma delas me arrebatou: a História do Mundo para as Crianças.

Então, quando comecei a retirar livros numa biblioteca circulante da Mooca, logo encontrei os que me conduziram adiante nesse fascínio pelos acontecimentos históricos: a série de Maurice Druon sobre Os Reis Malditos, Eu, Claudius, Imperador (Robert Graves), A Vida dos Doze Cesares (Suetônio) e... A Tragédia de Sacco e Vanzetti (Howard Fast).

Foi como uma premonição: esse livro mexeu tão fortemente comigo aos 12, 13 anos de idade, e agora acabei travando uma luta tão semelhante, no traço mais forte de ambas: o de serem dois linchamentos jurídicos, conduzidos com absoluta má fé pelos inquisidores.

Só que a primeira foi até mais amargo fim, mas na segunda, eu e companheiros valorosos estamos conseguindo evitar o pior, apesar da terrível injustiça em que se constituíram os quase quatro anos de prisão do Cesare no Brasil.
Enfim,
Monteiro
Lobato
foi não só
um sábio e
um guerreiro
na sua época,
como me abriu
a cabeça e me ajudou muito
a formar um
espírito
independente.
Então, conhecendo profundamente a obra dele, nenhum parecer do mundo me convenceria de que é racista, inadequada para crianças ou carente de uma advertência ridícula como as que se usam em comerciais de cigarro.
No meu tempo, aprendíamos a pensar pela própria cabeça e a acreditar em nossos juízos. Não ficávamos embasbacados com ondas e modismos".

4 comentários:

@David_Nobrega disse...

Cercear Monteiro Lobato é censurar a infância. Se existe falta de dicernimento quanto ao contexto histórico de sua obra é por conta da qualidade do ensino, que invés de questionar, acredita mais fácil excluir.

@David_Nobrega disse...

Ok, discernimento. Erro de digitação causado pelos dedos gordos....

Valmir disse...

os unicos que podem ter queixas procedentes contra o grande Monteiro Lobato são os muito burros, os muito autoritarios e os...médicos.
Esses ele maltrata pra valer...merecidamente.

Eisenhower de Alcântara disse...

Criticar Lobato é não ter tido infância, é ser
um troglodita, é igualar-se a aqueles que diziam que quando ouviam a palavra cultura sentiam vontade de puxar um revolver.Pobres
torquemadas chinfrins, de nosso tristes trópicos.
Eisenhower de Alcântara, sociólogo

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