segunda-feira, 29 de novembro de 2010

DEUSES DAS QUADRAS E DOS RINGUES

No prestigioso torneio de encerramento da temporada de tênis, reunindo os oito jogadores com pontuação mais elevada em 2010, o suíço Roger Federer (nº 2 do ranking) definiu facil e rapidamente as quatro partidas iniciais.

O espanhol Rafael Nadal (nº 1) teve de lutar bem mais, principalmente na semifinal de sábado (27), quando ficou na quadra praticamente o dobro do tempo de Federer e saiu queixando-se do cansaço.

Na final deste domingo, chegou ao 3º set empatado em tudo com Federer (6x3 para cada um) e foi fulminado por 6x1.

Na coletiva, os jornalistas, obviamente, perguntaram se fora a exaustão que determinara sua derrota.

Nadal mostrou toda sua dignidade: disse que estava bem e o mérito fora do adversário.

Não tem sido outro o comportamento de Federer nos reveses. Ambos disputam a condição de melhor do mundo com extrema dignidade e respeito mútuo.

Um exemplo dos mais edificantes, nestes tempos em que tantos liliputianos são celebridades do esporte, mas não verdadeiros esportistas.

Fez-me lembrar dois gigantes do boxe: Muhammad Ali e Joe Frazier.

Depois de perder seu título e passar anos fora dos ringues por se recusar a servir de relações públicas para uma guerra injusta (a do Vietnã), Ali sofreu discutível derrota na luta em que tentava recuperar o cetro.

Apesar de Frazier o derrubar uma vez no finalzinho, a vantagem por pontos que acumulara, aparentemente, ainda lhe garantiria a vitória, mas os jurados assim não entenderam.

Depois, já sem título em disputa, travaram nova luta equilibradíssima e a vitória -- também muito contestada -- foi conferida a Ali.

Este recuperou o cinturão ao vencer George Foreman na maior luta de boxe de todos os tempos e de todas as categorias.

Na sequência, colocou-o em jogo no tira-teima contra Frazier.

Tinha todos os motivos para impor derrota contundente ao rival, para não deixar dúvidas de sua superioridade, depois das decisões polêmicas nas duas lutas anteriores.

No 14º assalto, teve Frazier à sua mercê, grogue, praticamente nocauteado em pé.

Ao invés de desfechar o golpe de misericórdia, pediu insistentemente ao juiz que interrompesse a luta.

Não atendido, evitou bater pesado até o gongo soar.

Os segundos decidiram que Frazier não tinha condições para disputar o 15º e último round. Vitória de Ali por abandono.

A caminho do vestiário, ele cruzou com o filho de Frazier e prestou tributo ao grande adversário: "Seu pai foi o homem mais valente que eu já enfrentei".

Magnífico.

Um comentário:

Ricardo disse...

Nadal e Federer não cansam de dar exemplo aos esportistas do mundo. Jogão que assisti com muito prazer sem torcer para qualquer um dos dois. Quando jogam exibem mais que o esporte; mostram arte.

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