O tedioso debate eleitoral da rede Record foi apenas mais um prego no caixão das aspirações presidenciais de José Serra.
Lutando por pequenas vantagens que não seriam suficientes para alterar o quadro cada dia mais consolidado -- como a tentativa de demonstrar que não é o único privatizador, com insistência tão exagerada que irritou o mais paciente dos telespectadores --, ele só conseguiu mostrar-se de novo impotente para sobrepujar nitidamente sua adversária.
Ora, sabe-se desde o início da campanha que, sem a nocautear, Serra jamais contrabalançaria a enorme popularidade do patrono de Dilma Rousseff.
Vitória apertada por pontos, o máximo que se pode atribuir-lhe, nunca bastou. São necessárias razões fortíssimas para o eleitorado trocar o certo pelo duvidoso. Em dúvida, pro continuidade...
Vitória apertada por pontos, o máximo que se pode atribuir-lhe, nunca bastou. São necessárias razões fortíssimas para o eleitorado trocar o certo pelo duvidoso. Em dúvida, pro continuidade...
Então, a penúltima refrega só fez aumentar a saturação de quem a acompanhou e nada forneceu de bombástico que possa ser utilizado no horário eleitoral.
Bem vistas as coisas, Dilma foi até mais eficiente em encurralar o antagonista, nos quesitos geração de empregos (alguém deveria, contudo, dar-lhe o toque de que o Governo Lula, ao criar o TRIPLO de postos de trabalho do Governo FHC, produziu DUAS VEZES MAIS empregos, e não três...) e promessa quebrada (de cumprir até o último dia seu mandato de prefeito).
Serra ainda ensaiou tímidas refutações no primeiro tópico e fugiu do segundo assunto como o diabo da cruz.
Só que, com isto, deixou uma considerável nódoa em sua biografia. Cansa de afirmar que sua trajetória fala por si, mas nada tem a declarar sobre o fato de ter assumido publicamente um compromisso solene e não o haver honrado, colocando as conveniências políticas acima da palavra empenhada.
Como eu também estou saturado, tomarei emprestado do colunista Fernando de Barros e Silva o necrológio da candidatura de Serra, que pode ser feito com cinco dias de antecedência, sem risco nenhum de erro, porque a fatura já está liquidada:
"Este (...) segundo turno (...) já acabou. Por exaustão. Por carência de ideias. Por excesso de chatice. Pelas falsas polêmicas...
"Acabou, antes de mais nada, porque Dilma Rousseff deve ser eleita no domingo, a não ser que José Serra produza em cinco dias o milagre que não foi capaz de fazer desde que se lançou, em abril.
"Tem-se, hoje, a impressão de que o tucano não encontrou o tom da campanha e esgotou suas armas. Quais foram elas? Um capacete na cabeça e um crucifixo na mão.
"A insistência no tema do aborto, com o trololó religioso que durou semanas, e a valorização estridente da agressão de que foi vítima no Rio são sintomas de um candidato sem foco, desesperadamente em busca de algo em que se agarrar.
"Só isso explica, também, o acesso populista do tucano austero, que promete elevar o salário mínimo a R$ 600, aumentar em 10% o valor da aposentadoria e pagar 13º para os beneficiários do Bolsa Família. Serra quis parecer o Lula do Lula.
"Mobilizando a agenda conservadora ou mimetizando a pauta petista, o tucano apostou sempre e tão somente em si mesmo, na sua capacidade de fazer, mandar, decidir.
"Pode soar estranho, porque se trata de um personagem doente de tão racional, mas Serra é um candidato com forte traço messiânico.
"Mas o que ou quem ele quer salvar? Os pobres? A democracia? Os valores da família? A nossa fé? Apesar de ser mais aparelhado do que sua adversária, o tucano se desvirtuou no processo eleitoral, sem, no entanto, conseguir romper o encanto do lulismo nem propor uma discussão séria do país, que fosse além da sua obsessão pessoal".
7 comentários:
E ele,serra, é um mentiroso compulsivo.Tem uma mentira pronta para cada platéia. O pior é que a mente doentia dele, acredita em cada mentira ou invencionice criada. Vá de retro....
Prezado Celso,
é muito difícil analisar por completo o por quê das posturas e dos discursos; uma vez que temos um país continente superdiferenciado em culturas e objetivos.
creio que o 'coiso' quer desconstruir Dilma para o nordeste e minimizar as conquistas de Lula como 'apenas' continuismo... dele!! além da contra-informação pra confundir todos sobre tudo e ele ser a "salvação" pela ""experiência""
pra fechar a 'conta' ele também quer assustar ao povo católico mineiro e interiorano paulista (e do centroeste)... pra tentar ganhar no "fotochart"...
Dilma precisa ser menos técnica e mais rápida nas respostas (até com ironia), perspicácia de quem não se abala com a mediocridade do opositor e o desarma expondo sua própria mediocridade.
que ela se prepare muito bem para o dia 29, pois vai jogar na casa do adversário com o trio de "arbitragem" comprado, mesmo dia da tal passeata demotucana em sampa já programada pra ter confusão (armada e calculada e talvez até já ensaiada!!!).
parabéns pelo teu trabalho o que tenhas inspiração pra continuar acertando nos assuntos de tuas crônicas.
abraço fraterno!
Márccio Campos
Rio de Janeiro
mp128@zipmail.com.br
otavio cordeiro
são paulo sp
iecio@ig.com.br
Concordo com quase tudo, para mim 15 continua sendo o triplo de 5.
abraços
Márcio,
o que a Dilma tem repetido é que o Governo Lula gerou TRÊS VEZES MAIS EMPREGOS.
Na verdade, se tivesse gerado UMA vez mais empregos, teria gerado 10 MILHÕES; DUAS vezes, 15 MILHÕES.
Seria mesmo bom se alguém explicasse isto a ela, caso contrário poderá ser usado no último debate, desconcertando-a. As pessoas ficam sem graça quando flagradas em erros deste tipo.
Abs.
Como em outros espaços também surgiram dúvidas quanto ao fato de que o TRIPLO é DUAS VEZES MAIS, vale a pena explicar melhor de forma mais didática:
1) Se Lula tivesse criado 5 milhões de empregos, teria gerado TANTOS EMPREGOS QUANTO FHC (os mesmos 5 milhões);
2) Se Lula tivesse criado 10 milhões de empregos, teria gerado UMA VEZ MAIS EMPREGOS DO QUE FHC (os 5 milhões mais 5 milhões);
3) Criando 15 milhões de empregos, ele gerou DUAS VEZES MAIS EMPREGOS DO QUE FHC (os 5 milhões mais 10 milhões).
Trabalhei bom tempo em editorias de Economia. Conhecer esses detalhezinhos era obrigatório no meu ofício.
Se eu tenho 5 reais e passei a ter 15, consegui aumentar meus recursos em 10. Até aí seu raciocínio faz sentido.
Porém, no caso dos empregos, podemos supor que os 5 milhões do FHC não perderam o emprego, de forma que a estes se somam aos 15 milhões criados no governo Lula, totalizando 20 milhões e justificando o uso das expressões "triplicar" e "três vezes mais".
A coisa, repito, é bem mais simples: FHC gerou 5 milhões, Lula gerou 15 milhões.
Portanto, é só uma comparação entre duas grandezas: 15 milhões é O TRIPLO de 5 milhões e DUAS VEZES MAIS que 5 milhões.
Consulte qualquer manual e verá que tenho razão.
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