Reunido com bispos brasileiros na manhã desta quinta-feira (28) em Roma, o patético papa Bento XVI conclamou-os a meterem o nariz em assuntos que não lhes dizem respeito, como se a separação entre a Igreja e o Estado não vigesse há 120 anos em nosso país!
Sem se dar conta de que os valores medievais hoje nada mais são do que cinzas de um passado que envergonha os civilizados, quer o Papa que a Igreja faça proselitismo político ("quando os direitos fundamentais da pessoa ou a salvação das almas o exigirem, os pastores têm o grave dever de emitir um juízo moral, mesmo em matérias políticas"), pressionando partidos e candidatos no sentido de que:
- seja negado às mulheres o direito de interromper, mesmo no início, uma gravidez indesejada, e aos desenganados o direito de escolherem o momento e a forma como preferem morrer ("Quando os projetos políticos contemplam, aberta ou veladamente, a descriminalização do aborto ou da eutanásia, o ideal democrático é atraiçoado nas suas bases");
- seja imposto o ensino religioso em escolas públicas do Estado, obrigando professores a cumprirem o papel de sacerdotes e invadindo a esfera de decisão das famílias ("uno a minha voz à vossa num vivo apelo a favor da educação religiosa, e mais concretamente do ensino confessional e plural da religião, na escola pública do Estado"); e
- sejam expostos símbolos religiosos em ambientes públicos, em gritante violação dos direitos de religiosos de outras confissões, ateus e agnósticos ("Queria ainda recordar que a presença de símbolos religiosos na vida pública é ao mesmo tempo lembrança da transcendência do homem e garantia do seu respeito").
Em tempos corriqueiros, este anúncio da Teologia do Retrocesso de Bento XVI já seria uma descabida incitação ao lobbismo.
Três dias antes do 2º turno de uma eleição presidencial, a interferência indevida desse papa (cujo horizonte mental é o de um ativista da TFP...) assume gravidade ainda maior.
Pois se trata, pura e simplesmente, de uma CHANTAGEM contra a democracia brasileira.
6 comentários:
Olá Celso,
Sou leitor frequente do seu blog e vi nesse texto uma boa oportunidade de me apresentar e parabenizar-te.
Sou um carioca, aspirante a poeta, vestibulando para História e filho de classe media (mas isso não é culpa minha), porém com fortes tendências ao pensamento de Marx (digo tendências, pois me falta estudo o suficiente para me dizer Socialista ou algo do gênero).
Escolhi esse texto para parabenizar-te pelo blog como um todo, e dizer que estou ansioso para ler seu livro (porém vou esperar passar o batalhão de provas de vestibular), porque tem me incomodado demais essa intervenção ridícula das forças "religiosas" na política brasileira durante esse mês de outubro. Sou cristão (não católico ou protestante), mas acho que todos devem lembrar que nós vivemos num Estado Laico e que assim como todos tem o direito de escolher a religião que quiser também todos tem o direito de não ter religião nenhuma e de não querer deparar todas as manhãs com a figura de um homem sangrando até a morte em um instrumento de tortura medieval.
Incomoda-me também o fato de apesar de não ser nenhum um pouco a favor do governo Lula ou da Dilma ter que votar nesta para evitar que um político que baseia sua campanha em ataque a adversária e no TFP. Um político que pode ser comparado ao Xenófobo Sarkozy e suas leis anti-burcas.
Venho também fazer-lhe um pedido ou uma sugestão para tema de texto, entenda como quiser: A letargia da minha geração. A juventude sempre foi símbolo da revolução, da mudança ou até mesmo da utopia. Porém a minha geração, pior do que a geração “coca-cola”, a geração “ipods” é ridícula! Uma geração sem representatividade política, que quando raramente faz protestos são na verdade micaretas disfarçadas. Uma geração sem produtividade nem mesmo no campo musical. O que vai nos representar no RockinRio 2011? Restart e Justin Bieber?. Uma geração que quando reproduz um ícone pensante é um simples papagaio do PIG! Tenho vergonha de participar dessa geração afundada na alienação e na mediocridade. E venho te pedir que me ajude a tentar mudar isso, o senhor que é de uma geração que lutou de verdade contra algo, me ajude a tentar criar um mínimo de consciência nessa juventude! Se a revolução não for ainda pra acontecer nessa geração que pelo menos nós tenhamos a consciência de que ela é necessária e que o mundo não gira em torno do nosso condomínio!
Obrigado pela atenção,
Abraços.
Meu caro Yan,
o que eu posso fazer, já faço: analiso esse fenômeno e estímulo tanto quanto posso o reengajamento da juventude -- p. ex., com meus artigos de incentivo à retomada do movimento estudantil.
Vale lembrar a frase do José Celso Martinez Correia na peça "Gracias, Senhor", no sentido de que cabe a vocês mesmos encontrarem e trilharem vosso caminho: "Cada geração tem, num curto espaço de tempo e dentro de uma relativa escuridão, que descobrir sua missão, cumpri-la ou traí-la".
Um forte abraço!
Tendo recebido, em caráter privado, uma mensagem muito interessante do Procópio Mineiro, obtive com ele autorização para reproduzi-la aqui na íntegra, pois traz subsídios valiosos a esta discussão:
"Não sei se você já tocou no assunto, mas a mobilização conservadora do clero católico brasileiro (a maioria dos bispos, pelo menos) contra a candidatura Dilma e a favor de José Serra (cuja mulher fez aborto, segundo uma aluna, confirmada por outras colegas, mas foi "santificada" em Aparecida, no dia 12 de outubro, recebendo oficialmente a estátua de N. Sra. Aparecida para presenteá-la aos chilenos - virou missionária católica, portanto, e como tal proposta como exemplo à mulher brasileira), nada disso teria ocorrido de forma tão acentuada e disciplinada sem o aval e o aconselhamento do Vaticano.
"Esta reunião de que você fala entra nessa agenda conservadora católica para influenciar os católicos brasileiros - o papa promove a reunião exatamente às vésperas do segundo turno e com recados bem dirigidos, que ajudam um candidato e prejudica a outra". (segue)
(continuação)
"Alem disso:
a) o papa nomeou cardeal o arcebispo de Aparecida, exatamente na semana seguinte às coisas surpreendentes que aconteceram no santuário mariano, que se tornou centro de uma apoteose tucana no dia da padroeira;
b) na mesma leva de nomeações de cardeais, só mais um latino-americano foi nomeado: o arcebispo de Quito, roxo adversário do presidente progressista Refael Correa, duas ou três semanas após a tentativa de golpe no país;
c) anunciou-se ontem a aprovação de um milagre da Irmã Dulce, nordestina, o que a capacita à beatificação. Imagine-se o que os padres nordestinos estarão falando aos fiéis no domingo, em cima dessa informação...
E olha que Lula assinou um generoso acordo com o Vaticano, meses atrás.
Ainda bem que o chocante exemplo do bispo de Guarulhos, o dos 20 milhões de panfletos tucanos impressos (2 milhões) numa gráfica tucana, provocou a resposta de muitos bispos sensatos, como o da cidade de Caçador/SC, D. Eccel, e lideranças católicas esclarecidas.
Mas a cúpula da CNBB escorregou feio... Que saudades da CNBB dos tempos da ditadura... E a diplomacia do Vaticano foi típica de um trator desgovernado..."
meu caro neste ponto não concordo em pleno com tua opiniao a questão do aborto leva a uma série de discuçoes ao mesmo tempo que não se pode condenar uma mae a ter um filho fadado a não sobrevivencia leis que não fossem muito claras a este respeito dariam margem incontaveis abusos quanto a eutanasia sou contra em toda e qualquer situação apesar de compreender a dor e dificuldade das familias, vejo com um pouco menos extremismo as recomendaçoes de adolf Ratzinger digo bento 16(Joseph Alois Ratzinger) francamente acho que ele exagera em muitos mas muitos pontos mesmo mas não tem um obejetivo que não seja provavelmente segundo a visão de uma pessoa com seus 84 anos e conservadora de preservar os tais valores familiares e francamente o estado é laico não serao revolucionarios de botequim a mudar isto,tambem penso que panelas opinialistas existem em toda a parte seja nas igrejas ou escolas,blogs etc ,sempre tem alguem a nos dizer oque fazer e ainda mais quando alguem protesta,outro alguem vem com uma critica tendenciosa.
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