Quanto ao nosso Partido dos Trabalhadores, ele teve mais do que duas mortes. Podemos lembrar de muitos momentos traumáticos, como o expurgo das tendências de esquerda e a expulsão de Paulo de Tarso Venceslau por denunciar os primeiros desvios éticos mais sérios do partido nos anos 80, a opção pelo agronegócio face à greve de fome do bispo do São Francisco ou mesmo os compromissos firmados com o grande capital e a Rede Globo para que o sistema admitisse a chegada de Lula à Presidência da República e dos quais resultaram a adoção da política econômica neoliberal até hoje mantida.
Os mais emblemáticos foram, entretanto, os do mensalão e o do socorro ao Sarney, daí os dois registros que alinhavo abaixo:
"O PT, como força transformadora, foi engolido pelo atraso... [suas políticas não] são políticas de ajustamento, não são políticas sociais transformadoras - elas se ajustam à realidade. O Bolsa Família é uma política de ajuste, uma política conformista. E isso reflete essa situação um tanto ambígua de uma classe que não é classe, desse enorme exército informal que representa mais de 50% da força de trabalho. Então, o PT foi engolido pelo atraso. A modernização das políticas sociais é uma regressão da classe para a pobreza, enquanto o movimento histórico vai da pobreza para a classe." (Francisco de Oliveira, sociólogo e professor aposentado da USP, um dos grandes teóricos do PT de melhores dias, expressando seu desencanto pelo mensalão e, em termos mais amplos, a completa descaracterização que o partido sofreu ao conquistar o poder)
"O fato mais significativo da política brasileira no último período foi a absorção do PT pelo establishment político. (...) O que nós percebemos nesses últimos anos é que o PT e o Lula não lutavam para mudar o Brasil, lutavam para entrar no condomínio de poder. (...) Os militares fecharam o Congresso fisicamente. Lula fechou o Congresso de outra maneira, de um lado, inundando o Congresso com medidas provisórias que trancam a pauta e, de outro lado, generalizando o fisiologismo de uma forma que o Congresso deixou de existir como tal. (...) Minha maior crítica ao presidente Lula não é nem à política econômica, mas é seu papel profundamente deseducativo e desmobilizador. É equívoco dizer que Lula é obrigado a fazer concessões. Quando ele entrega o sistema elétrico a Sarney - hoje uma capitania de Sarney-, ele não se sente fazendo concessão, ele se sente fazendo política". (Cesar Benjamin, editor da revista Contraponto, que participou da luta armada e foi um dos fundadores do PT, expressando seu desencanto com a vitória de Lula-Sarney-Calheiros-Collor e consequente manutenção de Sarney como presidente do Senado)
4 comentários:
ô seu débil mental, quem falou que "cheirava as cinzas do próprio pai misturadas com cocaína" foi Keith Richards, e não Pete Townshend... vai checar seus fatos antes de sair por aí falando bobagem, jornalista de meia tigela.
O que você sugere? Entregar a presidência do Congresso à oposição tacanha e burra?
Desculpe, visito sempre sua página, mas não dá pra aguentar calado estas críticas simplistas ao PT e ao Governo Lula. O partido e o governo tem milhões de defeitos. Mas vamos fazer as críticas à esquerda. Não dá pra fazer coro às "zelites"
A propósito, o que você acha da, agora, queridinha da mídia golpista, senadora Marina Silva, sair atirando do PT e entrar no PV??? Será que ela devolverá o mandato?
Carlos, todos cometemos equívocos. Você, p. ex., colocou seu comentário no artigo errado. E guardou a educação no lugar errado, tanto que não a está encontrando.
Anônimo, analiso os acontecimentos segundo a ótica dos revolucionários da minha geração. Então, não confundo marxismo com utilitarismo. São excludentes.
Para utilitaristas, os fins justificam os meios.
Para marxistas, fins e meios estão em constante interação, de forma que quem utiliza meios ignóbeis, contamina com a ignomínia seus fins.
O PT salvou Sarney, em conluio com Collor e Calheiros. Então, Sarney, Collor e Calheiros agora impregnam a essência do PT -- pelo menos, enquanto o partido não fizer uma profunda autocrítica de seu comportamento aberrante das últimas semanas.
A imprensa burguesa tem outros motivos para criticar o PT. Os meus são os da verdadeira esquerda, a que não troca a moral revolucionária pelas benesses do poder.
E desses motivos não abro mão.
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