A Anistia Internacional acaba de divulgar relatório com as conclusões de uma delegação que enviou a Honduras três semanas atrás (acessar aqui).
Os representantes da AI entrevistaram muitas das 75 pessoas detidas na Chefatura Metropolitana nº 3 de Tegucigalpa depois que a polícia, com apoio do Exército, dissolveu uma manifestação pacífica no dia 30 de julho.
A maioria dos detidos exibia lesões resultantes dos golpes que a Polícia lhes aplicou com porretes, bem como das pedras e outros objetos que foram atirados contra eles.
A ONG manifestou sua preocupação com a violência e intimidação de que são alvo os defensores dos direitos humanos, o cerceamento da liberdade de expressão (incluindo o fechamento de veículos de imprensa e o confisco de equipamentos) e as agressões físicas a jornalistas e operadores de câmaras.
Segundo o relatório, desde o golpe de estado que depôs o presidente Manuel Zelaya no dia 28 de junho "têm havido distúrbios generalizados no país, com frequentes enfrentamentos entre a polícia, o Exército e manifestantes civis".
A AI informa que "pelo menos duas pessoas foram mortas por disparos durante os protestos". Já para outras organizações de direitos humanos atuantes em Honduras, o número de vítimas é, no mínimo, de quatro.
Quanto às perspectivas de recondução de Zelaya ao poder, continuam esbarrando na pouca vontade que os membros da OEA mostram de intervir para fazerem cumprir sua resolução pomposa.
Como ervas daninhas que são, os golpes de estado têm de ser erradicados imediatamente, caso contrário fortalecem-se e vão consolidando a nova ordem.
Infelizmente, ficou confirmado o acerto de minha avaliação quando Zelaya armou uma caravana para a retomada do poder, chegou até a transpor a fronteira hondurenha, mas refugou e bateu em retirada.
Opinei que ele deveria ter seguido em frente. Aí, ou derrotaria os golpistas ou seria preso por eles, caso em que a OEA não poderia mais ficar de braços cruzados. Noblesse oblige, teria de tomar uma atitude mais firme.
Evidentemente, Zelaya correria o risco de que o matassem. Mas, quem disse que defensores das causas populares estão isentos de perigos? Os que assumem grandes responsabilidades têm de estar preparado para grandes sacrifícios. Vargas e Allende que o digam.
O certo é que um eventual sucesso dos golpistas abrirá um péssimo precedente, ressuscitando uma prática que parecia ter sido varrida da América Latina com o fim da guerra fria.
Talvez os dirigentes das nações mais influentes, começando por Lula e pela Kirchner, ainda venham a arrepender-se amargamente da tibieza demonstrada neste episódio.
Um comentário:
Bom dia, professor.
Como sempre, sou-lhe grata pelo aprendizado!
Abçs.
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