terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

2º PUGILISTA CUBANO TAMBÉM FOGE

O segundo pugilista cubano que tentou desertar durante o Pan-07 e foi devolvido a seu país, acaba de concretizar a intenção inicial: Guillermo Rigondeaux conseguiu escapar para o México e de lá se dirigiu a Miami, onde está hospedado com antigos companheiros da Seleção, sob os auspicios da Arena Box Promotions.

Trata-se da mesma que empresa alemã seduziu a ambos com ofertas tentadoras em 2007 e montou o esquema para aquela frustrada evasão. Teimosa, continuou perseguindo seu objetivo. Bancou a fuga para a Alemanha de Erislandy Lara no ano passado e agora repetiu a dose com Ringodeaux.

Vai daí que a nebulosa intervenção da Polícia Federal brasileira retardou, mas não mudou o desfecho do episódio.

Já tendo desertado e até solicitado vistos para a Alemanha, eles foram localizados pela PF numa pousada do RJ e rapidamente despachados para Cuba, sem receberem assistência jurídica digna desse nome.

Lá foram tratados como párias e impedidos de exercer a profissão em que haviam obtido grande destaque: como amadores, foram campeões mundiais em suas respectivas categorias e Ringodeaux conquistou o ouro olímpico.

E tudo isso para quê? Para que em fevereiro/2009 os dois estejam fazendo o que queriam fazer em agosto/2007. Muito barulho por nada.

Reagindo de imediato ao acontecimento ( Episódio dos atletas cubanos merece repúdio - http://celsolungaretti-orebate.blogspot.com/2007/08/episdio-dos-atletas-cubanos-merece.html ), eu escrevi em 10/08/2007 que o açodamento do Governo Lula em prestar um favor a Fidel Castro "constituiu uma lamentável reincidência em práticas características da guerra fria, quando o direito de asilo era espezinhado ao sabor de conveniências políticas e o acobertamento oficial campeava impune".

E acabei fazendo uma previsão que se revelaria profética, face ao uso e abuso desse episódio malresolvido por parte da direita, para tentar influenciar a decisão brasileira no Caso Cesare Battisti, que envolve um personagem de muito maior valor humano e importância simbólica, já que é caçado injusta e implacavelmente pelos reacionários de dois continentes:

"Se até hoje choramos os mortos pela Operação Condor, quando a cooperação dos serviços de inteligência das ditaduras sul-americanas permitia que militantes da resistência fossem caçados e abatidos fora de seus países, não podemos transigir com a abertura de precedentes como esse, que, como um bumerangue, acabará se voltando contra nós e vitimando cidadãos muito mais valorosos do que esses pugilistas cubanos".

5 comentários:

Anônimo disse...

Celso,

Na época do Pan, outros atletas cubanos que quiseram ficar no Brasil tiveram seu desejo atendido...

A história mal-contada do caso particular dos boxeadores só serviu para a direita raivosa jogar sua indignação de papel contra o governo federal.

Luís

celsolungaretti disse...

Companheiro,

os pugilistas estavam sonhando com o rio de dinheiro que iriam ganhar no boxe profissional.

De repente, a Polícia Federal os localiza e eles manifestam a súbita vontade de voltar a Cuba.

Mas, ambos acabaram fugindo de novo.

Não faz sentido. Alguma forma de pressão ou ameaça houve, que os levou a tomarem uma decisão contrária a seus interesses.

Afinal, por mais ingênuos que fossem, sabiam muito bem que não seriam bem recebidos na terra natal.

O bom senso mandava que um caso desses não fosse resolvido com tanta precipitação, sem colocá-los em contato com Anistia Internacional, Conare, OAB, etc.

Então, sem ter o mínimo apreço por esses dois como seres humanos (julguei-os mercenários inconsequentes e ingratos), desde o primeiro momento afirmei que o encaminhamento tinha sido errado e que fora aberto um precedente que poderia se voltar contra nós mais tarde.

Se colocarmos trunfos na mão da direita, ela os usará, com certeza. Cabe a nós sermos um pouco mais inteligentes.

E respeitarmos certos institutos, como o do asilo político e do refúgio humanitário, pois somos os maiores interessados em que sua integridade seja mantida.

Abs.

Anônimo disse...

Considero que estes atletas cubanos e todo e qualquer desertor (a palavra é esta:desertor)de Cuba é um ingrato. Não a Fidel Castro, mas ao povo cubano. Afinal, em Cuba estes rapazes negros tiveram uma escola onde lhes foi possível ter o seu potencial de atletas descoberto. Depois, foram orientados pelos melhores treinadores de boxe amador do mundo. Disputaram e ganharam campeonatos internacionais mostrando o desenvolvimento de suas capacidades.Portanto, eram livres. Liberdade não é poder bradar o que se quer inutilmente ao vento, para depois continuar vivendo sem desenvolver suas capacidades por falta de dinheiro. Não! Liberdade é a possibilidade do ser humano desenvolver todo o seu potencial em busca da felicidade.Neste sentido, os desertores eram muito mais livres em Cuba do que agora.E se não obtiverem o sucesso esperado como profissionais? Vão entrar para a Máfia do Alpha 66 e outros "clãs" cubanos de Miami? E se fossem rapazes negros de outras ilhas caribenhas ou do Brasil? Teriam a possibilidade de serem campeões no boxe, ou estariam trabalhando como agricultores, ou camelôs, ou com uma AR-15 nas mãos dando tiros e levando tiros, como soldados do tráfico? Deveriam ter pensado nisso, antes de desertar.

Anônimo disse...

Caro Anônimo,

O irônico é se faz uma enorme festa quando jogadores de futebol latino-americanos e africanos são reduzidos à mercadorias de alto valor monetário, quando são comprados por times europeus.

Ninguém reclama da 'coisificação' do ser humano envolvida nessas transações milionárias.

Luís

Anônimo disse...

Para quem ainda tinha dúvida. Entrevista do cubano no Esporte Espetacular:
http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2009/03/01/os-pugilistas-cubanos/#comment-605183

Os cubanos não ficaram porque não quiseram. O PIG se vale da mentira para atacar Lula e o PT, sempre.

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