No dia seguinte ao do acidente com o Airbus da TAM, em julho/2007, eu lancei o artigo CRÔNICA DE MAIS UMA TRAGÉDIA ANUNCIADA ( http://celsolungaretti-orebate.blogspot.com/search?q=trag%C3%A9dia+anunciada ), no qual primeiramente destaquei, subescrevendo, aquela que me pareceu ser a avaliação mais coerente publicada na grande imprensa, de autoria da colunista Eliane Catanhêde, da Folha de S. Paulo:
“...não pode ser pura coincidência o maior acidente da história acontecer exatamente em Congonhas (...). É o aeroporto mais congestionado do país, há décadas se sabe que é inviável e os relatórios oficiais já acendiam o sinal amarelo havia meses. Qualquer um sabe disso, no governo civil, na Aeronáutica, na Infraero, na Anac, nas companhias. Mas ficaram todos esperando ocorrer o pior.”
Lembrando que o acidente de grandes proporções anterior, quando o Boeing da Gol se chocou com o jato da Legacy, expusera as péssimas condições de trabalho a que eram submetidos os controladores de vôo, eu ressaltei ter ficado mais uma vez "evidenciada, de forma gritante, nossa incúria com a segurança dos passageiros e tripulações".
E protestei: "Todos sabemos que, quase dez meses depois, os problemas então constatados estão longe de terem sido resolvidos. Morreram 154 pessoas... em vão? E serão também em vão as quase 200 mortes de agora?"
Minha conclusão, que alguns qualificaram de precipitada e tendenciosa, foi a de que "o ponto comum nas grandes tragédias brasileiras é sempre o mesmo: governos e empresas reduzem custos insensatamente, jogando com a vida dos cidadãos. Dinheiro é mais importante do que seres humanos, na lógica capitalista levada às últimas conseqüências".
Agora que a apuração do episódio está finalmente encerrada, os leitores podem aquilatar se houve ou não precipitação ou tendenciosidade da minha parte. Eis o que está publicado na revista Época desta semana ("Falhas em série", http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI17252-15228,00.html ).
"Dezesseis meses depois do acidente com o vôo 3054, de Porto Alegre a São Paulo – o maior desastre da história da aviação brasileira, com 199 mortos –, o Instituto de Criminalística da Polícia Civil de São Paulo finalmente concluiu o laudo que aponta suas causas e os responsáveis. (...) A pista do aeroporto de Congonhas estava encharcada pela chuva. O piso não tinha ranhuras suficientes para garantir sua drenagem. O Airbus A320 da TAM voava com um reversor (freio aerodinâmico) inoperante. O sistema de navegação não alertava os pilotos sobre um possível erro na posição das alavancas (manetes) no momento do pouso.
"Segundo o laudo, cada um desses aspectos contribuiu para que o avião continuasse acelerado após tocar o solo, saísse da pista e atingisse um posto de gasolina e um depósito de cargas da própria TAM. A responsabilidade recairia, portanto, sobre todos os envolvidos: a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a Infraero (que administra o aeroporto de Congonhas), a TAM, os pilotos e a Airbus."
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