"Chegou o momento que nós queríamos: é a Justiça que vai decidir. Do ponto de vista do governo, o debate está terminado."
A frase é de Tarso Genro, referindo-se à punição dos responsáveis pelas atrocidades da ditadura de 1964/85.
Na condição de ministro da Justiça, ele convocou uma audiência pública em julho último para a discussão de como se poderiam punir os carrascos e seus mandantes.
Foi em seguida desautorizado pelo presidente Lula, que mandou entregar a batata quente ao Judiciário.
Passou os últimos meses esperneando, principalmente depois que a Advocacia Geral da União alinhou-se com os torturadores.
Finalmente, rendeu-se à evidência dos fatos e resolveu fazer o que Lula mandou.
Só que não teve a honestidade de admitir a derrota. Preferiu subestimar nossa inteligência, apresentando-a como triunfo.
No fundo, tratou-se de uma desculpa para não fazer o que um homem digno faz quando sua honra está em jogo: renuncia a cargos, riquezas e honrarias, mas mantém os princípios.
E a deglutição de batráquios ainda não terminou, pois vem aí um novo parecer da AGU, respondendo a questionamento da OAB.
Como a AGU não pode simplesmente responder que, "do ponto de vista do governo, o debate está terminado", alguma posição terá de tomar. Tudo leva a crer que reiterará sua convicção de que a anistia de 1979 colocou uma pedra sobre o assunto.
Contraditoriamente, Tarso dá o debate por encerrado mas não pára de emitir opiniões a respeito.
A última foi elogiando a avaliação de um especialista da ONU em assuntos relacionados à tortura, o austríaco Manfred Nowak, para quem as atrocidades cometidas pelos militares brasileiros constituem crime contra a humanidade e, por isso, não estão cobertos pela Lei de Anistia.
Tarso bateu palmas: "Essa é uma visão universal. Todos os juristas sérios do Direito internacional, que analisam isso com sobriedade, entendem desta forma".
Mas, torcedores devem ser os que não estão investidos de autoridade.
Dos ministros esperamos que corporifiquem suas convicções em atos.
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