sexta-feira, 19 de setembro de 2008

É O MÉDICI? É O PINOCHET? NÃO, É O CHÁVEZ...

"Com base nos valores constitucionais de defesa da soberania nacional e da dignidade do povo, este governo decidiu expulsar o referido cidadão."

Tal frase, referindo-se ao representante de uma entidade internacional de defesa dos direitos humanos, faz logo pensarmos no famigerado período em que pululavam ditaduras militares na América Latina.

A intolerância tacanha é a mesma, a retórica falaciosa é a mesma, mas o fato, infelizmente, é atual: trata-se do comunicado do governo de Hugo Chávez, ao expulsar da Venezuela o diretor da Human Rights Watch, José Miguel Vivanco.

O motivo dessa retaliação grosseira foi a divulgação, ontem (18), do relatório do HRW sobre os 10 anos de gestão de Chávez, no qual avalia que seu governo "debilitou as instituições democráticas e as garantias de direitos humanos, já que praticou:
* controle sobre o poder judiciário;
* discriminação política aos opositores;
* limitações à liberdade de expressão e ao sindicalismo.

Segundo o documento, na Venezuela "não há separação de poderes", tanto que o Executivo impôs, mediante uma reforma realizada em 2004, a ampliação do número de cadeiras no Tribunal Supremo de Justiça, de 20 para 32, a fim de que os magistrados favoráveis ao governo se tornassem maioria.

Vivanco disse que o resultado dessa manobra foi nefasto: "Existe uma ausência de controle judicial, o que tem sido aproveitado por Chávez para aplicar políticas discriminatórias que limitam o exercício da liberdade de expressão dos jornalistas, da liberdade sindical dos trabalhadores e da capacidade da sociedade civil de promover os direitos humanos".

Enfim, lembrando Shakespeare, não adianta Calibã quebrar o espelho, pois sua imagem continuará horrorosa.

Chávez, além de bisar as práticas autoritárias das ditaduras dos anos de chumbo, agora reage de forma idêntica contra os defensores dos direitos humanos. O uso do cachimbo faz a boca torta.

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