Esta 2ª feira começou com a crise dos grampos fervendo em Brasília.
O presidente Lula, em reunião matinal de emergência, deveria determinar que a Polícia Federal investigasse o caso, talvez até permitindo que o STF acompanhasse as investigações.
Mas ontem, pelo menos, descartou a primeira providência que qualquer presidente cioso de suas obrigações tomaria: o afastamento do principal suspeito, o diretor da Abin, pelo menos até que se comprove sua inocência.
É o chamado óbvio ululante que, permanecendo em seu posto, o Lacerda (um corvo a conspirar contra a democracia, como o homônimo famoso?) estará em posição estratégica para atrapalhar a elucidação do episódio.
Tomara que, na reunião matutina, a ficha caia para Lula: não se deixa raposa tomando conta de galinheiro.
O presidente e o vice do STF, o presidente do TSE e os ministros da Justiça e da Defesa foram convidados/convocados para tal reunião.
Uma declaração de Nelson Jobim (Defesa) veio ao encontro do que eu escrevi ontem: "Tem de haver necessariamente uma investigação. A gravação houve, e isso é muito grave" (referindo-se à transcrição de uma conversa telefônica entre o presidente do STF e um senador, que um agente da Abin repassou à revista Veja, como exemplo dos grampos efetuados por sua agência).
À tarde, os ministros do STF se reunirão em conselho, a portas fechadas, para discutir a espionagem sofrida.
O presidente do Senado, outro grampeado, também antecipou que solicitará uma audiência com Lula, para cobrar providências. E marcou uma reunião emergencial da Comissão Mista de Controle de Órgãos de Inteligência do Congresso Nacional.
O presidente da Câmara classificou o episódio de "extremamente grave". E por aí vai...
O importante é que haja uma solução exemplar, sinalizando a disposição governamental de, a partir de agora, coibir os excessos e arbitrariedades que, saltam aos olhos, vêm sendo cometidos por quadros da Abin e da PF.
Caso contrário, aumentará a suspeita de que ambas estejam seguindo uma orientação secreta do próprio Governo Federal. E aí, sim, teremos uma crise entre os Poderes de consequências imprevisíveis.
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