Torci desbragadamente pela Argentina, na final do futebol olímpico.
Não por preconceito, assumido ou enrustido, contra africanos. É algo que não tinha nem quando criança, talvez porque os preconceituosos coincidissem em ser meus desafetos por outros motivos. Então, fiquei desde cedo com a percepção (aliás, correta) de que preconceito racial é próprio de pessoas rústicas e boçais.
Mas, considero-me, acima de tudo, um latino-americano. É um sentimento comum aos esquerdistas da minha geração. Víamo-nos como hermanos, vítimas da mesma exploração por parte dos estadunidenses, bem como da mesma truculência dos esbirros fardados que, a serviço dos mesmos, nos impunham a pax americana.
Só que, no meu caso, a latino-americanidad tinha raízes mais profundas. Mal aprendi a ler, passei a devorar a coleção infantil do Monteiro Lobato, que meus pobres pais foram comprando a duras penas.
E Lobato era fanático pelo legado humanista da Grécia antiga, que o Império Romano disseminou pelo mundo. Então, cabeça feita por ele, sentía-me herdeiro do humanismo dos povos latinos e inimigo do calculismo mesquinho dos anglos-saxões. Via os primeiros como pensadores, artistas e cidadãos sensíveis; os segundos, como meros ganhadores de dinheiro.
Aos 12 anos, tornei-me grande amigo de um espanhol que era meu colega de classe: Diego. Filho de um socialista que ficou sem clima para viver na Espanha sob Franco, Diego me levou a ver com olhos simpáticos os hispânicos das Américas, estendendo a eles a admiração que Lobato me incutira pelos latinos europeus (Itália, França, Portugal e Espanha).
E no futebol, que sempre foi meu esporte predileto, esse sentimento genérico de latino-americanidad veio ao encontro da minha verdadeira idolatria pelo futebol-arte.
Brasileiros e argentinos são os praticantes do futebol mais exuberante do mundo. Em cada competição internacional, torço pelo que estiver sendo mais fiel ao princípio de concretizar a beleza no esporte, de preferência a buscar a vitória a qualquer preço.
Pouco me importa se o craque se chama Garrincha, Pelé, Di Stéfano ou Maradona. Torço sempre pelo craque e pela Seleção que prioriza os craques, deixando os carregadores de piano em segundo plano, como coadjuvantes a serviço do talento.
Nesta Olimpíada, mais do que o Brasil mal ajambrado pelo anão Dunga, foi a Argentina de Messi e Riquelme que encarnou esse espírito. A medalha de ouro ficou em ótimas mãos -- ou seria melhor dizer pés?
Um comentário:
EStimado Celso,
tudo bem?
Você escreve bem. Em qualidade e em quantidade.
Em seus vários escritos percebo uma constante inegociável que me acompanha, também: o amor pelo Brasil e pelos Brasileiros!
Estou enauseado e tomando aqui uma tônica sem gelo, pois minha rinite, alérgica ao gelo, e principalmete aos ares despudoradamente poluídos do INTEIRO ambiente de Vitória do ES, com seu diário bombardeio de pó de minérios da Vale da Teta Doce e do complexo de organizações tubarões que existem por aqui com o objetivo de nos matar aos poucos por envenamento.
Como EStou em Vitória, cabe-me a condição de "guardião" do conteúdo do seu conceituadíssimo blogue, e nesta condição devo dizer que "yo tenGO; y no tenTO, como no título" e sobre Ronaldinho, o escritor de vários textos coloca dunFA, em vez de DunGA.
Resumidamente estou de acordo contigo na matéria sobre o Ronaldinho e Dunga - pra dizer que não falei de futebol nem de luta de boxe e outros fatores vitais para os brasileiros, principalmente pra quem está na apartação, no gelo da cassação branca (se é que cassação tem cor, nunca entendi isso...ou se é cassação de branco azedo como eu...), desempregado como disse aos senadores, gente boa e combativa, para quem escrevo minhas peruadas.
Bom, se souber de alguém que esteja precisando empregar e pagar por um Revisor, Analista e livre intérprete de Conteúdo, seja Portal, Saite e blogues não esqueça de mim, porque advogar não posso eis que fui cassado por falta de pagamento de anuidade (a vultosa quantia de R$ 2632,00 ) valor infinatamente maior que os rombos e roubos existentes, diariamente, no Brasil historicamente corrupto.
Ah, eutambém tenho um brógui, chama-se OCLARO.blogspot.com onde dou, à farta, minhas peruadas e bosto, digo, posto meus desaforismos e onde deve haver, também, vários equívocos de digitação como estes que vi assim que bati os olhos, naquela visão panorâmica sobre este conteúdo ótimo que tem O REBATE.
Fraternas saudações e um claro desejo de saúde e sucesso, sempre, pra você!
Fernando, O CLARO
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