hélio schwartsman
ENTRE CILA E CARÍBDIS
Ulysses e os eleitores devem ficar bem longe de Jair Caríbdis, que é certeza de catástrofes. |
Desde então, a expressão entre Cila e Caríbdis designa as agruras de quem precisa escolher entre dois males.
Pelo último Datafolha, vai se desenhando um cenário eleitoral em que o brasileiro terá de optar entre Jair Bolsonaro e Fernando Haddad —um dilema do tipo Cila e Caríbdis.Bolsonaro evoca o temor de uma ruptura da ordem democrática.
Fernando Cila: estelionato eleitoral à vista! |
Otimista que sou, não consigo imaginar um golpe clássico, com tanques nas ruas e toque de recolher, mas não dá para descartar que, uma vez alçado à Presidência, Bolsonaro se aventure numa escalada de concentração de poderes ao estilo Putin.
Mesmo que o capitão reformado não faça nada contra a democracia, ele parece despreparado para conduzir o país. Seu programa econômico é pouco consistente e há dúvidas quanto à sua capacidade organizacional. Se o caos em sua campanha vale como amostra do que seria sua Presidência, estamos fritos.
Haddad é um sujeito inteligente e, creio, bem-intencionado. O problema é que junto com ele vem um PT com sede de vingança e ainda não convencido de que cometeu gravíssimos erros éticos e econômicos, que nos colocaram numa situação fiscal extremamente difícil, para a qual não existe saída indolor.
Pior, a propaganda do partido bate na tecla de que Haddad vai trazer de volta os anos de bonança experimentados sob Lula —o que não tem como acontecer. Seria uma reprise do estelionato eleitoral de 2014?
A feiticeira Circe aconselha Ulisses a evitar Caríbdis, que assumia a forma de um rodamoinho, e passar tão rápido quanto possível por Cila, que devorava marujos. É melhor perder alguns marinheiros do que a nau inteira.
A manter-se esse quadro, o eleitor precisará definir para si quem é Cila e quem é Caríbdis. (por Hélio Schwartsman)
6 comentários:
Andrade é inteligente, no mesmo nível que os bajuladores o são.
Tadim de Padim lula.
Quanto a economia de mercado, um dia chegaremos a ela.
Numa noite solitária, admirando o lago Paranoá da varanda do palácio da Alvorada, o Raddar vai dizer a si mesmo: "que enrascada me meti, que m.... fui fazer, deveria ter ficado quieto na minha USP".
Bem, um consolo o Haddad terá: ganhando, seu governo vai ser necessariamente melhor que o último do PT.
Pior que a Dilma, só o Nero...
Você não acha que seria uma situação bem parecida com a do Jango? Jango foi muito arrojado, pagou para ver a reação dos milicos e dos EUA com as suas reformas de base e acabou caindo. No momento atual, com a polarização que existe dos religiosos lulista x bolsonaristas e manter o discurso do "nós contra eles" não vai ser nada bom.....
É o pior que pode acontecer é esses dois juntos no segundo turno.
Henrique,
o fundamental, neste momento, é barrarmos o Bolsonaro. Com todos os outros candidatos viáveis há modus vivendi possível, com ele não.
Se for necessário, devem-se fazer alianças até com o Alckmin e o Meirelles. Mas, não se pode deixar a direita sair fortalecida, caso contrário as ameaças persistirão após a eleição (na linha golpista).
Se o Bolsonaro chegar ao 2º turno, é importante que sofra uma derrota acachapante. Vencê-lo como a Dilma venceu o Aécio não bastará para desinflar essa bolha fascistoide.
Ao meu ver, infelizmente, o Bolsonaro irá para o segundo turno. Já não há mais tempo, a menos que um fato muito mas muito impactante faça-o ser derrubado (mais impactante do que a facada).
A performance do Bolsonaro no segundo turno vai depender quem concorrer com ele. O Haddad é sem dúvida o pior candidato, estrategicamente, para tal empreitada, em função da sua rejeição perante os outros candidatos. Não consigo vislumbrar um Ciro (esse foi esculachado recentemente pelo Lula), Alckmin, Marina, Meireles, Dias, Amôedo, apoiando o Haddad. No entanto, uma coligação desses candidatos no segundo turno seria bem mais factível para derrubar o Bolsonaro.
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