Toque do editor |
Intolerância do lado de cá, intolerância do lado de lá.
Enquanto um gracejo de mau gosto do William Waack, trombeteado aos quatro ventos por um patético aprendiz de araponga, deu pretexto para um dos piores linchamentos morais já perpetrados nas redes sociais, o Zé Dirceu teve sua privacidade invadida por repórteres do Estadão, que tiveram acesso a uma filmagem de celular e a divulgaram sem pudor na forma de vídeo e de fotos, juntamente com um texto que é um primor de furor persecutório e má fé jornalística:
"O aniversário da mulher do ex-ministro José Dirceu (Casa Civil – Governo Lula), em Brasília, teve animação e muito samba no pé. Durante a festa, o petista, condenado na Operação Lava Jato, dançou ao lado da mulher, rodeado de amigos e encontrou o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT), condenado no Mensalão e anistiado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Desde maio, quando foi colocado em liberdade pela Corte máxima, Dirceu cumpre medidas cautelares impostas pelo juiz federal Sérgio Moro. Uma delas, o uso de tornozeleira eletrônica.
José Dirceu foi sentenciado pelo magistrado em duas ações penais da Lava Jato. Em uma delas a 20 anos e 10 meses de prisão por corrupção, lavagem e de pertinência a organização criminosa. Esta condenação já foi confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) – corte de apelação dos casos da Lava Jato, no Paraná –, que elevou a pena para 30 anos e nove meses de prisão.
Em outro processo, o petista pegou 11 anos e 3 meses de prisão. Neste, Dirceu foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro por R$ 2,1 milhões em propinas para favorecer a contratação da empresa Apolo Tubulars pela Petrobrás por meio da diretoria de Serviços, cota do PT no esquema de corrupção da estatal, entre 2009 e 2012.
O advogado Roberto Podval informou que o ex-ministro José Dirceu estava no aniversário da mulher. “Ele está em liberdade e tem o direito de comemorar".
A pergunta que não quer calar: o que tem a ver a situação processual do Zé Dirceu, tão exaustivamente repisada, com o fato de, estando em liberdade neste instante por decisão da própria Justiça e podendo brevemente voltar à prisão, comemorar uma data familiar festiva sem nenhum alarde, salvo o que a própria notícia acabou provocando?
Nenhum comentário:
Postar um comentário