Está na coluna desta 4ª feira (18) da Mônica Bergamo:
"A ex-mulher de Cesare Battisti enviou carta de próprio punho à presidente do Supremo Tribunal Federal, Carmen Lúcia, fazendo um apelo para que a magistrada permita que ele continue neste país e tenha o direito de continuar exercendo sua paternidade de maneira integral.
Priscila Pereira tem um filho de quatro anos com o italiano, ameaçado de extradição pelo governo de Michel Temer. Tenho vivido nesses últimos dias o limite de minha angústia, diz. Se Battisti for enviado à Itália, ela e o garoto viveriam praticamente um luto.
Ela afirma ainda que, sozinha, não teria renda suficiente para arcar com a minha subsistência e a de uma criança. Priscila é professora do ensino fundamental".
O Cesare já declarou que, acontecendo o pior, ele preferirá que a criança permaneça aqui:
"Meu filho tem quatro anos, filho de brasileira, portanto, ir para a Itália significaria afastá-lo de sua cultura e de seus afetos. Aliás, é óbvio que na Itália nenhuma pessoa relacionada comigo tem muita segurança ou será bem-vinda"
Mas, tal possibilidade é das mais remotas. Ou muito me engano, ou a Priscila não tem mais motivo para aflições, pois tudo se encaminha para a confirmação, por parte da 1ª Turma do Supremo, de que as leis brasileiras não mais possibilitam a entrega do Cesare à Itália.
Quando até uma Folha de S. Paulo sugere isto em editorial, é porque se trata do chamado óbvio ululante em termos jurídicos. Entre vários outros motivos, porque a decisão do então presidente Lula, referendada pelo STF, foi um ato jurídico perfeito e já expirou o prazo para contestações; porque a sentença que a Itália quer fazer cumprir prescreveu em 2013; e, claro, pela própria existência de um filho brasileiro, do qual o Cesare é arrimo.
Dallari pede que as leis brasileiras sejam respeitadas |
PETIÇÃO – De resto, espero que os leitores e amigos deste blogue não deixem de firmar a petição contra a extradição do Cesare lançada pelo companheiro Carlos Lungarzo, que pode ser acessada aqui. Há tantos signatários ilustres que, para não me alongar em demasiado citarei apenas um, o maior jurista brasileiro da atualidade: Dalmo de Abreu Dallari. Vossas assinaturas ficarão em ótima companhia.
Eis como justifiquei meu apoio:
"A Itália insiste em fazer cumprir uma sentença decidida num momento de histeria anticomunista e caça às bruxas, no qual algumas práticas democráticas subsistiam, mas outras resvalavam para o arbítrio. Tarso Genro estava certíssimo ao declarar que havia áreas cinzentas na democracia italiano durante os anos de chumbo.
Pretender, quatro décadas depois, atirar um homem numa masmorra pelo resto da vida (a promessa de reduzir a pena de Battisti para 30 anos não passa de um engana-trouxas), a partir tão-somente dos depoimentos interesseiros de delatores premiados, é uma aberração.
Itália de hoje = país do Berlusconi |
Outra é a Itália tentar passar por cima de uma decisão soberana do Brasil, pressionando o governo atual a consentir num rosário de ILEGALIDADES.
Orgulhava-me de ser descendente de Dante e Garibaldi. Mas agora me envergonho da ascendência italiana, pois hoje me parece ser, principalmente, o país do Berlusconi".
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