Investimentos árabes viabilizaram o negócio |
"Há muitos anos, todos os governos têm como principal bandeira o crescimento econômico. Alegam que isso é fundamental para diminuir a pobreza e as mazelas sociais.
Nosso desafio não é mais gerar riquezas, mas distribuir melhor os recursos. Por exemplo: US$ 1,7 trilhão é o investimento mundial anual em armas e operações militares.
A ONU estima que 7% do Orçamento dos países desenvolvidos, aproximadamente US$ 500 bilhões, seriam suficientes para erradicar a pobreza extrema no mundo. Temos ainda 900 milhões de pessoas vivendo nessa categoria.
O último relatório da Oxfam, uma organização global que tem como missão o combate à pobreza e a redução das desigualdades, mostra que 1% da população mais rica do mundo detém maior patrimônio do que o resto do planeta.
E a renda dos 1 % mais rico aumentou nos últimos 15 anos 182 vezes mais que a dos 10% mais pobres.
São muitos os exemplos de tais disparidades. O time de futebol francês PSG acaba de contratar Neymar por cerca de R$ 824 milhões. Esse dinheiro daria para construir creches para 60 mil crianças.
O governo Michel Temer liberou R$ 4 bilhões em emendas parlamentares, o suficiente para construir creches para 300 mil crianças (somente em São Paulo faltam 100 mil vagas).
Creche superlotada na próspera cidade de Campinas (SP) |
Será que a Prefeitura de São Paulo teria sucesso se pedisse aos que investiram em Neymar e ao governo federal esses mesmos recursos para as creches?
Na louca corrida sem limites pelo crescimento e enriquecimento, a humanidade comete o crime da desmedida, chamada de hybris pelos gregos. Tal prática é castigada pelos deuses, que fazem o indivíduo voltar aos limites transgredidos, exigindo grande sacrifício reparador.
Na louca corrida sem limites pelo crescimento e enriquecimento, a humanidade comete o crime da desmedida, chamada de hybris pelos gregos. Tal prática é castigada pelos deuses, que fazem o indivíduo voltar aos limites transgredidos, exigindo grande sacrifício reparador.
Em nossa hybris ou desmedida, destruímos o meio ambiente e colocamos em risco a vida humana no planeta. Aprofundamos a desigualdade que está na raiz dos conflitos, nos arriscamos ao colapso da civilização.
Precisamos tomar consciência de que temos os recursos para oferecer uma vida digna a todos os humanos do planeta.
Necessitamos de mais solidariedade, rever as prioridades e os valores que balizam nossas decisões e ações, tomar consciência dos riscos que corremos e ter a sabedoria de lidar com os limites humanos."
presidente emérito do Instituto Ethos e idealizador
do Fórum Social Mundial)
do Fórum Social Mundial)
Nenhum comentário:
Postar um comentário