Ele é correspondente do jornal O Estado de
S.Paulo na cidade paulista de São Luis
do Paraitinga. Mas não faz só isso. O dia dele parece ter 48 horas.
Começa correndo cinco quilômetros. Na sequência, caminha uma légua. Em seguida pedala outro tanto na sua bicicleta enferrujada. Trabalha o dia inteiro numa escola com tempo para fabricar caixões de defunto, exercer a função de agente pastoral dos enfermos, recomendar os mortos velados na igreja, ajudar nas missas e fazer suas reportagens pelas cidades da região.
Começa correndo cinco quilômetros. Na sequência, caminha uma légua. Em seguida pedala outro tanto na sua bicicleta enferrujada. Trabalha o dia inteiro numa escola com tempo para fabricar caixões de defunto, exercer a função de agente pastoral dos enfermos, recomendar os mortos velados na igreja, ajudar nas missas e fazer suas reportagens pelas cidades da região.
São
Luiz do Paraitinga é um município do estado de São Paulo, no Brasil. É um importante destino turístico da
região do Vale do Paraíba,
em particular devido ao seu Centro Histórico, tombado como Patrimônio Cultural
Nacional, e suas tradições caipiras, incluindo a Folia do
Divino e o Carnaval de Marchinhas.
Tadeuzinho se encaixa em todas essas
vivências e contei a história desse brasileiro serelepe em 1981, numa reportagem
para o hebdomadário O Estadinho, então o órgão de comunicação dos 7 mil
funcionários do jornal O Estado de S.Paulo.
A vida precisa
ser vivida e falta tempo para a maioria se informar sobre tudo. No entanto, qualquer
cidadão aprisiona em sua garganta a pergunta que não cala: se esse bom menino, com seus limites físicos naturais e intrincados
problemas existenciais (comuns a todos os seres humanos), se esse menino consegue
levar adiante incansavelmente seu projeto de vida por inteiro, por que o Brasil
não tem sequer uma bicicleta enferrujada para pedalar contra a corrupção? Recorde-se: a corrupção no Brasil é endêmica. É
uma doença. Um vírus. Onde a vacina para combatê-lo?
Com toda a emoção de um cronista, nenhuma frieza analítica, louvo a recente sugestão do ministro do Supremo Tribunal Federal Luis Roberto Barroso, de defender o fim do foro privilegiado.
O foro
privilegiado, reservado aos julgamentos de políticos, leva à impunidade, porque
é demorado, admitiu o ministro, revelando que hoje há 369 inquéritos e 102
ações penais dormindo –eu é que faço uso dessa palavra– nas gavetas do
Supremo.
No
Brasil é mais fácil colocar na cadeia um menino portando 100 gramas de maconha
do que um agente público que cometeu fraude de milhões, denuncia Barroso, prática
essa a merecer o título pomposo de canalhice da justiça brasileira.
Enfim, já podemos soltar o grito nada
analítico e todo emocionante de uma crônica:
achamos! Achamos a solução –Luis Sérgio Barroso achou– a solução para,
finalmente, arquitetar um combate eficaz contra a impunidade dos políticos no
Brasil.
Barroso é o
feliz descobridor da vacina.
Bandeira erguida de um cronista: fora o privilégio da impunidade para
os políticos corruptos, que, com sua ação de produzir a putrefação da vida
humana, tornam um jogo de sinuca a sobrevivência de um país e de todo um povo!
É a vez do Tadeuzinho, ops, do ministro Luis Roberto Barroso, de pedalar na bicicleta enferrujada da Justiça e ver suas justíssimas e almejadas pretensões obterem a aprovação dos mais altamente togados deste país. Depressinha, por misericórdia!– suplica o Brasil.
É a vez do Tadeuzinho, ops, do ministro Luis Roberto Barroso, de pedalar na bicicleta enferrujada da Justiça e ver suas justíssimas e almejadas pretensões obterem a aprovação dos mais altamente togados deste país. Depressinha, por misericórdia!– suplica o Brasil.
Que perca
definitivamente a validez desta atual definição brasileira de Justiça: um bem caro, ao qual apenas têm
acesso os que possuem, e bem-aventurados os que possuem, porque jamais verão o
Sol nascer quadrado.
O mundo inteiro
gosta do Brasil e está de ouvido atento para compreender o que acontece neste
país continental, de abençoadas raças misturadas, 220 milhões de habitantes, tido
como um povo gentil e endemicamente corrupto.
Por favor, continuem
amando o Brasil, vocês do mundo inteiro:
a derrubada da presidenta Dilma é apenas mais um acidente de percurso entre os
milhões já perpetrados na caminhada milenar da democracia, desde que esse
regime de o povo se governar a si mesmo surgiu, não na Grécia, mas sim, pasmem,
há 10 mil anos, na região onde hoje se situam Irã, Iraque e Síria!
Era democracia de assembléia. O Velho Testamento dos hebreus, hoje apropriado pelos cristãos, está repleto de citações de anciãos reunidos em assembléias para governar na antiquíssima Mesopotâmia.
–de imediato, enquanto não se sepulta o direito malandraço de foro especial, e para se começar a pedalar já contra a corrupção daqueles políticos que só não roubam mais porque lhes falta talento e arte para tal, o ministro Luis Roberto Barroso defende a criação de uma vara especial com sede em Brasília para centralizar julgamentos dos corruptos privilegiados com foro. Ela teria à frente um juiz escolhido pelo Supremo Tribunal Federal, com mandato de dois anos e auxiliares para ajudá-lo.
Viva!
O Brasil tem
solução!
No caixão
mortuário, já, a corrupção e os políticos corruptos!
Para um cronista, é pedir muito?
Choram mais os
cronistas: o Brasil está mais do que
a merecer uma justiça digna desse nome, um povo politizado, um Estado que não
tenha a cara de um carrasco do povo.
Choram ainda os
cronistas: o que está por trás do
que os políticos dizem e fazem? Que ímpetos empurram essas almas igualmente
criaturas de Deus a fazer cara de santo antes das eleições e exibir cara de
pau, depois? Que força os move, que comportamento é esse, que gênese da
corrupção é essa, a desesperançar a natureza humana de inclinação para o trabalho
honesto e respeito às pessoas? Que Brasil pretendem esses auto-intitulados deuses,
que controlam nações e destinos individuais por meio da profissionalização da
corrupção? Cabe aqui uma paupérrima rima, mas perfeitamente válida: fora o foro privilegiado!
De Adão e Eva,
por terem comido uma miserável de uma maçã? (por Apollo Natali)
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