...e também segundo as FFAA. |
O jornal eletrônico Congresso em Foco publica um longo e meticuloso artigo do jornalista Luiz Cláudio Cunha (vide aqui), pulverizando o infame relatório de 455 páginas com que as Forças Armadas, respondendo à Comissão Nacional da Verdade, sustentaram não terem sido responsáveis por torturas, assassinatos, estupros, ocultação de cadáveres e outras abominações durante os anos de chumbo.
Puxa vida, e eu que pensei estar quase surdo de um ouvido! Acreditei piamente na palavra dos três otorrinos que me operaram e de outros mais que consultei nas últimas quatro décadas, nas dezenas de audiometrias que fiz, na minha lembrança (ilusória?) de haver levado um tapão na lateral do rosto, aplicado pelo descomunal cabo Marco Antônio Povorelli, da PE da Vila Militar (RJ), com seus 140 quilos de banha e maldade.
E era tudo falso! Meu tímpano nunca foi rompido, não existiam torturas, os fardados, na verdade, mantinham colônias de férias para jovens idealistas como eu.
O chato é que tais fantasias persistem mesmo depois de os guardiães da Pátria mostrarem a luz à CNV e a todos nós. Por mais que me esforce, continuo não entendendo quase nada do que ouço pelo lado direito. Nem encontro meus estimados amigos Eremias Delizoicov, Gerson Theodoro de Oliveira, Heleny Guariba, Roberto Macarini e José Raimundo da Costa, que, como as atrocidades não ocorreram, devem estar belos e fagueiros por aí.
Revista sobre... discos-voadores? |
Se não estiverem nem belos, nem fagueiros, nem vivos, e se eu tiver mesmo perdido quase que metade da audição, então o tal relatório não passa de 455 páginas de mentiras sórdidas e toscas, como sustenta o Luiz Cláudio Cunha.
A pergunta que não quer calar é: como reagirá a comandante suprema das Forças Armadas, nossa presidenta Dilma Rousseff (que, vale lembrar, foi também uma resistente torturada e teve companheiros de organização assassinados nos porões)?
Que resposta dará ao relatório-escárnio, ao indisfarçado deboche e pouco caso dos fardados com relação à CNV que ela tanto quis criar?
A pergunta que não quer calar é: como reagirá a comandante suprema das Forças Armadas, nossa presidenta Dilma Rousseff (que, vale lembrar, foi também uma resistente torturada e teve companheiros de organização assassinados nos porões)?
Que resposta dará ao relatório-escárnio, ao indisfarçado deboche e pouco caso dos fardados com relação à CNV que ela tanto quis criar?
Eles estão blefando. Ela tem as cartas vencedoras. Na hora de decidir se vai ou não utilizá-las, deveria inspirar-se (por incrível que pareça...) no ditador Ernesto Geisel.
Até por ser militar, ele sabia que o superior jamais deve contemporizar com insubordinação de subalterno. Destituiu o comandante do 2º Exército, destituiu o ministro do Exército e ninguém mais contestou sua autoridade.
Até por ser militar, ele sabia que o superior jamais deve contemporizar com insubordinação de subalterno. Destituiu o comandante do 2º Exército, destituiu o ministro do Exército e ninguém mais contestou sua autoridade.
Por último, eis um trecho interessante do artigo corajosamente publicado pelo Congresso em Foco:
"Na manhã de 25 de abril, exatamente um mês após ter chocado o País ao revelar na CNV como se torturava, matava, retalhava e ocultava cadáveres de presos políticos na ditadura, [o antigo torturador Paulo] Malhães foi encontrado morto em seu sítio em Marapicu, no interior de Nova Iguaçu, Baixada Fluminense. Sucumbiu por infarto, segundo a polícia, às fortes emoções da invasão de sua casa por três ladrões que buscavam as armas antigas que colecionava.
Apesar da forte convicção policial em simples latrocínio, o comportamento dos assaltantes mostrava coisas esquisitas. Ficaram mais de seis horas na casa, com o coronel morto e a mulher amarrada, revistando tudo, especialmente o escritório, deixando filmes e documentos de Malhães espalhados pelo chão.
Um deles falava com frequência ao celular, talvez recebendo instruções. Ao sair, levaram três pastas de documentos e o disco rígido de um dos dois computadores do coronel, itens estranhos para uma simples rapina.
'É um fato grave, porque entra em confronto com a tese de latrocínio', anotou o advogado Wadih Damous, então presidente da Comissão da Verdade do Rio de Janeiro".
O que está sugerido nas entrelinhas foi o que eu escrevi no momento dos acontecimentos (vide aqui) e reafirmei quando a polícia chegou à conclusão na qual Deus e o mundo apostavam (vide aqui).
Só para constar.
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