Está na Folha de S. Paulo desta 2ª feira (10):
"Militares da ativa vêm sendo destacados para acompanhar, às vezes fardados, depoimentos públicos e privados de militares da reserva convocados pela comissão [Nacional da Verdade].
No Rio, em 2013, o Comando Militar do Leste destacou o tenente-coronel André Luís para uma sessão que ouviu um militar da reserva acusado de crimes nos anos 1970.
O mesmo ocorreu no depoimento reservado que o general Álvaro Pinheiro prestou em novembro, no Rio. Pinheiro apareceu com 16 militares, da ativa e da reserva. E dois militares da reserva acompanharam o depoimento do coronel reformado do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra..."
Pentangeli negando tudo. Terá a vida imitado a arte? |
Trocando em miúdos, os militares estão tentando intimidar a Comissão e, talvez, constranger depoentes.
O paralelo com o filme O poderoso chefão II (d. Francis Ford Coppola, 1974) logo nos ocorre: ao saber que Frankie Pentangeli (Michael V. Gazzo) fechara um acordo de delação premiada e iria incriminá-lo, Michael Corleone (Al Pacino) faz com que o irmão do dito cujo venha da Itália para assistir à audiência. O velho gângster, por vergonha de ser visto pelo mano desempenhando o papel de delator, recua do seu intento.
Talvez tenha sido este o motivo da presença do tenente-coronel André Luís, escalado para uma missão que os contribuintes dificilmente considerarão um bom emprego do tempo dele em horário de serviço.
O torturador Brilhante Ustra, por sua vez, provavelmente levou dois pijamados a tiracolo para ostentar o apoio que estaria recebendo de seus colegas, só que a ausência de militares da ativa deve ter causado impressão contrária.
E os 16 acompanhantes do general Pinheiro, entre fardados e pijamados, só podem ser interpretados como uma forma de pressionar os integrantes da Comissão.
Em se tratando de uma audiência reservada, estes deveriam ter-lhes fechado a porta na cara, só admitindo a presença de advogado, caso o depoente a requeresse.
É um dos motivos pelos quais eu tanto pleitei a participação de um veterano da resistência na Comissão. Não imagino um Ivan Seixas deixando de responder à altura numa situação destas.
Eu, com certeza, não me resignaria a ser mero espectador do teatrinho militar. Foi exatamente por isso que não me quiseram lá...
4 comentários:
Ser acompanhado por um de seus pares é um direito do Militar;sobretudo quando se apresenta em terreno hostil,com pessoas com ideias preconcebidas.
Tento postar uma opinião e sou impedido. Se discordo de vocês sou boicotado
Elias,
se um militar precisa de 16 protetores quando vai se defrontar com paisanos sedentários que nada mais fazem além de falar, falar, falar... temo por nossas fronteiras!
E ninguém está te boicotando. Caso isto tenha te passado percebido, aqui não há patrocínios, portanto não recebo um centavo pelo que faço. Sou obrigado a estar de plantão às 21h44 só para autorizar seu comentário?
Tentam? Quando eles decidirem intimidar...
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