segunda-feira, 18 de agosto de 2025

NEYMAR CHORA PELO CLUBE QUE ELE ESTÁ SANGRANDO SEM A MÍNIMA COMPAIXÃO

Esta é uma foto histórica: trata-se do registro perfeito do dia em que uma das maiores lendas do futebol mundial desfez-se em pó e foi varrida pelo vento.

Mesmo atuando como mandante, o Santos sofreu neste domingo, 17 de agosto de 2025, uma acachapante goleada: 6x0. 

E o pior é que tal humilhação não lhe adveio de uma das equipes líderes da tabela, mas sim  da fraquíssima representação do Vasco da Gama, 16ª colocada da série A do campeonato brasileiro e uma das quatro recordistas de quedas (quatro vezes cada!) para a série B, com grande chance de terminar a atual temporada isolada como a pior das piores. 

É o melancólico final da trajetória de glórias iniciada em 1955, quando o Santos conquistou o segundo campeonato paulista de sua história e, na sequência, passou a ganhar quase tudo que disputava no Brasil. 

Depois, em 1962, foi a vez do planeta bola inteiro prostrar-se aos pés de Pelé e seus companheiros, principalmente por terem conquistado o Mundial de clubes destruindo o poderoso Benfica em pleno estádio da Luz, Lisboa, por 5x2!  

Foram três gols do Pelé, um do Coutinho e um do Pepe, depois de já terem vencido o jogo de ida por 3x2 no Maracanã.

E veio o bi mundial no ano seguinte, mesmo perdendo a partida inicial para o Milan (por 4x2, na Itália). 
Devolveu o placar no Maracanã, em jornada heroica, pois terminou a primeira etapa sendo derrotado por 2x0, com a ausência do contundido Pelé. Aí desabou um temporal no intervalo e o campo encharcado foi um convite para os petardos de Pepe, que marcou dois tentos de faltas. 

O substituto do Pelé, Almir, fez o jogo de sua vida. Estava, contudo, visivelmente alterado (naquele tempo não se controlava o doping), a ponto de, embora baixinho, atemorizar os zagueiros grandalhões italianos.

No tira-teima marcado para dois dias depois o Santos venceu por 1x0. 

Décadas adiante seu bi mundial foi anulado pelos cartolas da Fifa, porque se tratara apenas de uma disputa do campeão da Europa contra o campeão das Américas. 

Só que as equipes dos outros continentes não passavam de sacos de pancadas. Então, eu e muitos comentaristas esportivos nos recusamos a aceitar tal revisionismo ridículo. Copa Intercontinental? Uma ova!   

O apogeu do Santos durou durou até o final da década de 1960 e foi suficiente para a Fifa considerá-lo o melhor time do mundo no século passado. 

Sua decadência se daria paralelamente ao próprio declínio econômico do litoral sul paulista, que deixou de ser o destino preferido pelos turistas mais endinheirados à medida que o acesso ao litoral Norte  por via rodoviária melhorou.  Ubatuba tomou, então, o lugar do Guarujá. 

De quebra, a corrupção corroeu o Santos por dentro, principalmente a partir da construção de um questionadíssimo balneário.

Agora, pouco mais de meio século  após ter deixado de pertencer à elite do futebol brasileiro, consolida-se a queda do Santos para uma prateleira mais baixa ainda: a dos times que disputam o Brasileirão para escaparem do descenso e não para serem campeões.

E, depois de sofrer em 2005, pelo placar de 7x1, a revanche do Corinthians (que tantas vezes goleara outrora e ao qual impusera um tabu de 11 anos sem ceder uma única vitória), chegou a vez de ser feito de gato e sapato por um clube tão decadente quanto ele próprio. O fundo do poço.

E não poderia ser outro que não Neymar o símbolo choramingas  do novo vexame -- ele que, semi-aposentado, arrancou do Santos um contrato  de valor estratosférico. 

Seu clube formador está sendo por ele sangrado sem a mínima compaixão, devido à ingenuidade de haver acreditado que resgataria a grandeza passada rendendo-se aos caprichos de uma única estrela... ainda por cima cadente. (por Celso Lungaretti)

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