quarta-feira, 30 de julho de 2025

ASSISTA AO FILME DE SERGIO LEONE QUE LANÇOU O WESTERN ITALIANO: "POR UM PUNHADO DE DÓLARES"

O western italiano surgiu em 1964, meio por acaso. 

A indústria cinematográfica daquele país conseguira nos anos anteriores faturar uma boa grana com filmes épicos e mitológicos. Hércules, Maciste, Ursus, Golias, fundação de Roma, guerra de Tróia, etc. O filão, entretanto, estava esgotando-se e a Cinecittà saiu à cata de um novo produto.

Sergio Leone, então com 34 anos, tinha começado a carreira no neo-realismo italiano (como assistente de direção e diretor de segunda unidade), mas não conseguira alçar-se ao cargo principal. Era difícil abrir um espaço entre mestres como Vittorio De Sica, Lucchino Visconti, Pier Paolo Pasolini, Federico Fellini, Michelangelo Antonioni, etc.

Então, entre atuar eternamente à sombra dos medalhões do cinema de arte ou mostrar seu trabalho no cinema dito comercial, escolheu a segunda opção. Após dirigir os épicos Os Últimos Dias de Pompéia (1959) e O Colosso de Rodes (1961), teve a sorte de estar no lugar certo, no momento exato, para dar o pontapé inicial num novo ciclo.

Adaptou para o Oeste a história de Yojimbo (1961), um filme de Akira Kurosawa sobre samurai que açula a discórdia entre dois senhores feudais para prestar-lhes serviço alternadamente, sem que percebam seu jogo duplo. 

O que Leone fez em Por Um Punhado de Dólares (1964), basicamente, foi mudar a ambientação e colocar um pistoleiro caça-prêmios no lugar do samurai.

Comparado aos faroestes posteriores de Leone, Por um punhado de dólares é apenas um filme bonzinho, mas embrionário. 

Mesmo assim, teve inesperado sucesso praticamente no mundo inteiro, talvez por já introduzir diferenciais significativos com relação aos congêneres estadunidenses, então em franco declínio.

Tais diferenciais, criados por Leone, foram praticamente copiados pelos outros diretores italianos que correram a fazer filmes semelhantes. São os seguintes: 
— a figura do anti-herói no centro da trama;
— a amoralidade básica dos tipos e das situações;
— a apresentação criativa dos letreiros iniciais, valorizada com vários recursos, inclusive o uso de animação;
— a nova concepção musical que Morricone trouxe para os westerns; e

Os concorrentes só não puderam contar com o ator principal do filme de Leone, Clint Eastwood, que acabou compondo um dos personagens mais emblemáticos do bangue-bangue à italiana, um pistoleiro oportunista que reapareceria nos seus dois bangue-bangues seguintes, Por uns dólares a mais e Três homens em conflito.

Eastwood não havia emplacado em Hollywood quando tentaram lançá-lo como mocinho convencional, daí o terem relegado a séries de TV e a filminhos classe B e C.

Leone o convidou para ganhar um dinheirinho extra durante suas férias nos EUA porque nele percebeu um bom anti-herói. 

Compôs seu personagem (o Estranho Sem Nome) com barba rala, chapéu sobre os olhos, charuto na boca, fala arrastada e um poncho. Com isto, acabou alçando-o ao estrelato e fazendo jus à homenagem que depois Eastwood lhe prestaria, ao dedicar-lhe sua obra-prima Os Imperdoáveis (1992).

Vale para as novas gerações como curiosidade e decerto despertará boas lembranças em quem o viu no cinema ou no horário semanal que a TV Record dedicava ao gênero no século passado. (por Celso Lungaretti)   

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