quinta-feira, 5 de junho de 2025

OS MÉDICOS DEEPFAKES GERADOS PELA INTELIGÊNCIA ARTIFICAL ESPALHAM NAS REDES SOCIAIS ABSURDOS SOBRE A SAÚDE

Exemplo de imagem gerada por inteligência artificial
O uso das redes sociais não se restringe aos comentários políticos, grande parte dos quais não passa de interpretações falsas com objetivo partidário. 

Há também numerosos canais que se dedicam ao setor da saúde, podendo fornecer simples conselhos sem importância ou indicação de chás calmantes ou para bem dormir.

Entretanto, o surgimento da inteligência artificial vem facilitando a criação de canais destinados à saúde, nos quais vozes artificiais e figuras de branco com medidores de pressão no pescoço fazem as vezes de médicos inexistentes. O objetivo? Obter milhares de inscritos com acesso à monetização ou a uma discreta indicação de produtos à venda.

Isto já tem sido denunciado pela imprensa, porém desta vez é um médico cardiologista de Brasília, André Wambier, quem faz o alerta, escorado na notoriedade que atraiu 5,5 milhões de inscrições no seu canal:
"Eu cansei de ver canais sem qualquer credibilidade espalhando absurdos sobre saúde e colocando a saúde dos seus leitores em risco".
Wambier: indignado com os fake
Tal abuso não ocorre apenas nos canais das redes sociais brasileiras: a agência portuguesa
Lusa alerta para a existência no
TikTok de profissionais de saúde gerados por Inteligência Artificial promovendo desinformação médica. 

Os médicos de blusa branca são deepfakes manipulados na imagem e na voz para difundir falsas informações.

Assim, existe praticamente uma campanha ou um grupo especializado na criação e manutenção desses deepfakes com o objetivo de vender suplementos ou produtos médicos, como sendo recomendações legítimas. Para tanto utilizam a figura falsa de um médico, apresentado como bastante experiente. 

Um bom antivírus detecta rapidamente a tentativa de golpe ou de falsa publicidade. Para um observador atento, a imitação de médico mostra expressões faciais pouco naturais e a voz, embora imite a de um bom locutor, soa artificial ou robótica.

No Brasil, alguns desses canais de aconselhamento médico só têm a voz robótica, que se atrapalha ao chegar nas vírgulas dos textos que recita, enquanto na tela aparecem paisagens naturais, florestas, praias ou montanhas com fundo musical. Nada a ver com saúde, pura enganação.

Em seu Youtube, André Wambier desmascarou o canal no Instagram da simpática mas incorpórea doutora Laura Vasconcelos.
Quem disse que uma robô não pode ser atraente?

Nele não consta um documento imprescindível para o exercício da profissão, o registro do Conselho Regional de Medicina.

Outro denunciado é o canal da doutora Juliana, sem sobrenome e sem registro CRM. Sua voz soa falsa como a do GPS no carro e em quase todos os vídeos aparece o título Eu suplico ou Eu imploro" em letras maiúsculas

A robô Juliana, avatar digital, tem sempre a mesma posição na tela e suas mãos repetem invariavelmente o mesmo movimento. 

"Esses canais colocam no ar diversos vídeos por dia, são verdadeiras fábricas de mentira", diz Wambier, qualificando tais conteúdos de "uma mistureba indigesta de informações superficiais e rasas". (por Rui Martins)

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