sábado, 15 de março de 2025

SÓ FALTA O LULA NOMEAR UM XERIFE PARA EVITAR QUE GALINHAS SEJAM SACANEADAS

Muito barulho por nada em 1986. Teremos remake?
Já são 55% os brasileiros que desaprovam o governo errático do Lula, segundo pesquisa divulgada divulgada pelo instituto Ipsos-Ipec nesta quinta-feira, 13.

E o pior é que ele tenta reverter tal quadro mediante estridentes afirmações demagógicas, no pior estilo populista. Como esta, sobre o peso do ovo na disparada da inflação dos alimentos: 
"Não tem como explicar por que o ovo tá caro. Alguém está passando a mão, este é o dado concreto. Não sabemos quem é, e nós queremos saber. Estão sacaneando as galinhas".
Só falta o Lula mudar o ministro da Fazenda e nomear um xerife dos preços para ambos atuarem como fiscais dos galinheiros e dos supermercados. 

Que falta lhe fazem o Dilson Funaro e o delegado Romeu Tuma, aos quais coube o papel de palhaços do circense Plano Cruzado de fevereiro de 1986! Naquele tempo, até a extravagante proprietária de um restaurante paulistano batia boca com os responsáveis pela condução da política econômica do País e era por eles tratada como vilã do congelamento de preços...
Mal recebiam o pagamento, os brasileiros corriam a fazerem
compras, por saberem que o dinheiro logo se desvalorizaria

O que restou daquela shakespeareana tempestade de som e fúria significando nada

O presidente José Sarney foi escorraçado pelo eleitorado na eleição de 1989, abrindo caminho para a ascensão fulminante do embusteiro Fernando Collor. 

Este tinha fama de  caçador de marajás na distante Alagoas e conseguiu fazer o povo acreditar que ele seria eficiente na perseguição aos tubarões responsáveis pela disparada dos preços, depois de Sarney fracassar em tal empreitada. Deu no que deu.

Finalmente: antes que o Lula decida enveredar em definitivo pelo caminho da farsa irresponsável, quero lembrar-lhe que, depois da sucessão de pacotes econômicos policialescos e malogrados do Sarney, este deixou o governo como recordista da inflação brasileira em todos os tempos: 84,3% num único mês, março de 1990.

Será que o Lula não aprendeu nada com a história vivida? Ou já esqueceu tudo? (por Celso Lungaretti)

10 comentários:

Anônimo disse...

https://www.estadao.com.br/politica/bruno-soller/a-renovacao-catolica-se-desprende-do-pt-partido-que-a-igreja-ajudou-a-fundar/

Anônimo disse...

de Simon Tisdall, do Guardian (atenção para os 'links')
https://www.theguardian.com/commentisfree/2025/mar/15/honeymoon-is-over-trump-ukraine-war-tariffs

Anônimo disse...

O que ajudou a fundar o PT foi a Teologia da Libertação, não a Renovação Carismática Católica
A Renovação Carismática Católica “Um novo jeito(conservador)de ser igreja”- revistas.usp.br
https://www.revistas.usp.br/revusp/article/view/28383/30241

A Renovação Carismática é Católica? (Orlando Fedeli)
https://www.floscarmeliedicoes.com.br/rcc?srsltid=AfmBOooo8dAxs35YXex5AeLLtFgXrWxlRgXS7h24utvxSZ-e1kfH1Qvg

Angelo Genovesi disse...

É sempre importante lembrar o quanto o dinheiro consegue apagar a memória de muitos que se dizem "profissionais", vejo isso desde quando me entendo por gente, vejo o mal que o dinheiro tem, na enorme capacidade de deixar inúmeras pessoas cegas e inconscientes.

SF disse...

Grande Celso!
O silêncio blog preocupou.
Existe um fervor em você que é fascinante.
***
Não chegará a tanto.
Fiscais... não mais.
***
O sistema patina e os caras não tem mais como dobrar a aposta.
Injeção de liquidez não funfa mais.
***
Há desesperança e apatia.
O niilismo tomou de conta.
É muita informação.
O resultado disso: confusão.
E confuso, o guerreiro não sabe ao que é leal.
***
O filósofo e economista Marx estava certíssimo.
Já o político Karl errou feio.
O proletariado não fez e nem soube fazer a revolução.
*

celsolungaretti disse...

Companheiro, o "fervor" a que vc se refere tem a ver com o fato de minha trajetória ser muito diferente da dos esquerdistas da minha geração.

A grande maioria entrou na luta a partir do ascenso do movimento estudantil em 1968, para combater a ditadura militar.

Eu desde 1965 me desencantara com as perspectivas que a sociedade capitalista me oferecia e vinha procurando uma alternativa. Não queria ser apenas um profissional privilegiado com uma vidinha de classe média próspera.

Li muito e o que mais me encantou foi o existencialismo ateu do Sartre e Camus. Mas, pobretão, não teria como enturmar-me com raros jovens que também acreditassem nisso. Se existissem, eles seriam da classe média alta e estudariam em colégios de elite.

Topei com uma colega marxista no primeiro semestre de 1967 e vi que era o mais próximo que eu encontraria como alternativa ao futuro que eu teria como estudante da Mooca, então um bairro paulistano de baixa classe média.

celsolungaretti disse...

(continuação) Mas, o fato de que finalmente encontrara algo que poderia chamar de minha turma me empolgou tanto que passei o resto de 1967 fazendo movimento estudantil no meu colégio e, nas férias escolares de 1967 para 1968, após um rápido aprendizado de marxismo com quatro colegas, aceitei integrar uma organização de esquerda.

Encarei aquela decisão como uma verdadeira opção revolucionária. Definira o caminho que seguiria no resto da vida.

Passei 1968 inteiro fazendo movimento secundarista já não apenas no Colégio MMDC, mas em toda (enorme) zona leste paulistana. Até que, no final do ano, percebendo claramente que o fechamento político era iminente, os oito líderes do nosso movimento na zona leste decidimos passar para um estágio superior da luta, pois no movimento estudantil não teríamos como sobreviver à radicalização repressiva.

celsolungaretti disse...

(continuação)Aí os acasos começaram a modificar meu destino. Representando os colegas como observador de um pequeno congresso da VPR, fiquei conhecendo alguns dos revolucionários mais procurados do período, inclusive o Lamarca. Por ser um pouco diferente dos outros jovens que chegavam à organização (vinha de região proletária, mas tinha bons conhecimentos marxistas) acabei impressionando os outros participantes do congresso.

Então, quando o novo Comando Nacional decidiu aceitar o pedido de ingresso de nós oito, incumbiu-me de função diferente da dos outros sete: entrei diretamente como comandante do setor de Inteligência que me caberia formar, desde logo integrando o segundo patamar hierárquico da organização: tornei-me um dos quatro comandantes estaduais de São Paulo, abaixo apenas dos cinco membros do Comando Nacional.

Foi uma ascensão rápida demais, nenhum jovem com 18 anos atingia tal patamar. E outra sucessão de acasos acabou me tornando, juntamente com o companheiro José Raimundo da Costa, o iniciador do racha que refundou a VPR após uma fusão problemática com o Colina.

celsolungaretti disse...

(continuação) No mês em que completava 19 anos eu chegava ao ponto mais alto da minha trajetória, mas não estava preparado para o outro lado da moeda: se os acasos me haviam favorecido demais, de repente passaram a ser demasiadamente funestos. Acabei sendo injustamente feito de bode expiatório de um grande tropeço da VPR e quase destruído.

Um companheiro não suportou o peso de semelhante estigmatização e se matou. Eu avaliei que, se fizesse o mesmo, ninguém resgataria a verdade a meu respeito. Preferi sobreviver, aguardando o momento em que poderia dar volta por cima. E, mesmo sem muita credibilidade, ainda travei e levei à vitória uma luta importante, em defesa de companheiros que estavam em greve de fome em 1986, os "quatro de Salvador".

Também me posicionei publicamente, por artigo, em solidariedade a Paulo de Tarso Venceslau, revolucionário íntegro do PT que o Lula fez expulsar porque não se conformou com o desvio do dinheiro de prefeituras controladas pelo PT para objetivos partidários. Ao fulminar o militante honesto, Lula colocou o PT na direção do escândalo do mensalão.

celsolungaretti disse...

(final) Resumindo: consegui o que parecia impossível, ao resgatar a minha credibilidade em 2005 e conseguir inclusive, desempenhar papel destacado na luta contra a extradição do escritor Cesare Battisti, em 2008/2011.

Mas, não consegui influir nas principais forças da esquerda o suficiente para que fossem levados a sério vários alertas que lancei em tempo hábil para que fossem evitados vários desastres do nosso lado.

Levei 34 anos lutando por meu nome como revolucionário, mas, quando finalmente tive êxito, isto não serviu para tudo que eu sonhava: aprendi a lidar bem com os cenários futuros, mas isto acabou só me trazendo o dissabor de ver concretizados os pesadelos que eu tentei, com todo esse "fervor" a que você aludiu, impedir.

Enfim, foram tantas as reviravoltas na minha vida que eu não perdi a esperança de um novo golpe de sorte me ajudar a cumprir o que sempre me pareceu ser meu destino. Sou muito teimoso e ainda estou aqui...

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