domingo, 2 de junho de 2024

ESTAMOS NO BAILE DA ILHA FISCAL E NÃO É A REPÚBLICA QUE CHEGARÁ PARA DAR-LHE FIM

"O baile da Ilha Fiscal foi um evento que ficou famoso, pois ocorreu em 9 de novembro de 1889, apenas seis dias antes do início da república.  

Muito se especulou sobre o baile: se foi feito para marcar o fim do império que já se sabia que ia cair; se foi ao acaso" (InfoEscola)Às vezes eu me sinto como se estivesse, sem participar, presenciando o baile da Ilha Fiscal, no qual os bon vivants imperiais rodopiavam aos pares, totalmente alheios ao final iminente de uma monarquia que já durava 389 anos e à entrada numa nova realidade de acirradas disputas pelo poder e grandes desafios.

Hoje o dilúvio gaúcho está no finzinho e virou notícia secundária na imprensa e nas redes sociais. Ninguém parece dar-se conta de que outras catástrofes chegarão em seguida, cada vez piores.

Nem quer se preocupar com isto, pois aí ficaria mais difícil manter-se omisso, rodopiando sem sair do lugar, até ser levado pelas águas, consumido pelas chamas, pulverizado por uma bomba, extinto pela fome ou devorado pela peste. 

Tento acreditar que a espécie humana ainda vá unir-se numa luta titânica por sua sobrevivência, cada vez mais ameaçada. 

Contudo, hipótese muito mais provável é a de civilizados impotentes e bárbaros dementes morrerem abraçados na última batalha.

O civilizado talvez ainda grite seu próprio epitáfio, repetindo Eliot: "É assim que acaba o mundo. É assim que acaba o mundo. É assim que acaba o mundo. Não com estrondo, mas com um suspiro".

O ultradireitista não há de entender patavina e grunhirá qualquer coisa antes de expirar convicto de que vai acordar no paraíso ou na Terra Plana(por Celso Lungaretti)

10 comentários:

Valmir disse...

"o homem nao se coloca problemas que nao possa resolver" k.marx

Neves disse...

Socialismo não é um palavrão. Trata-se simplesmente de querer fazer uma sociedade mais justa | Will Hutton |
https://www.theguardian.com/commentisfree/article/2024/jun/02/socialism-isnt-a-dirty-word-its-simply-about-wanting-to-make-a-fairer-society

Os ricos podem ter as suas almas enriquecidas na universidade, então porque não os pobres também? | Kenan Malik |
https://www.theguardian.com/commentisfree/article/2024/jun/02/the-affluent-can-have-their-souls-enriched-at-university-so-why-not-the-poor-as-well

Entretanto, já faz tempo que está ficando tarde demais...

Neves disse...

https://archive.ph/BLRH6/f5d1e6684556a68bcda18dfc8e410905eaea887d.avif

Neves disse...


A crise climática dos refugiados está aqui

Inundações catastróficas no sul do Brasil forçaram centenas de milhares de pessoas a deixarem suas casas. Muitos dizem que não vão voltar.
Por Marina Dias
e
Terrence McCoy
WashingtonPost
https://www.4shared.com/s/f3yUtuP3eku

Neves disse...

https://revistasera.info/2024/05/a-sustentabilidade-ja-era/

SF disse...

***
Grande Celso!
Dizem que 25% de todos os dólares do mundo foram impressos nos últimos seis meses.
Se isso não for o colapso do sistema da forma-valor não sei o que seria.
Os caras estão tentando obter lucro (bem entendido como valor válido na forma de mais-valia) de qualquer maneira, mas só estão conseguindo dinheiro falso.
Com isso estão inviabilizando o sistema de exploração que eles mesmos criaram.
Só sabem pensar dentro da lógica mesquinha que reflete-se na pequenez do seu ideário burguês.
*
Guerras e pestes não dão mais dinheiro e a população está envelhecendo e diminuindo, dada a desesperança inevitável.

Corações desiludidos e mentes desesperadas... é só ladeira abaixo.
*
A saída seria o coletivismo com ética (tenha o nome que tenha)o que significaria uma administração honesta e responsável dos recursos e do conhecimento da humanidade.
***
"Tento acreditar que a espécie humana ainda vá unir-se numa luta titânica por sua sobrevivência, cada vez mais ameaçada".

Eu retiraria o verbo "lutar", pois foi por causa de lutas que chegamos a situação atual.
Retiraria a adjetivo "titânica" por questão de estilo. Acho adjetivar muito panfletário.
*
Talvez diria "co-operar" unidos pelo bem comum.
*
Não é questão se "sobrevivência". Grandes extinções de humanos já aconteceram. Sempre sobra um contingente de adaptados e miscigenados que darão continuidade a espécie.
*
Ocorreu uma enchente? Saia fora de onde está o rio!
Onde colocar as pessoas? Se 1% foi alagado restam 99% que podem ser utilizados!
Os rios estão assoreados? Vamos repor a cobertura vegetal e praticar uma agricultura mais regenerativa!
***
Ocorre que não é um líder e nem uma elite quem poderá fazer isso. Se bem que auxiliaria muito que as pessoas quisessem líderes e governos que pensassem assim.
É cada um, de si, na sua conjuntura, quem mudará o mundo.
*
A resposta é bom senso e bondade.
Mas, o ego deixa?!
***

celsolungaretti disse...

Prezado SF,

quando a sobrevivência da humanidade parecia assegurada após o desfecho inócuo da crise dos mísseis cubanos, começaram a brotar ameaças terríveis como cogumelos e nunca mais tivemos paz.

Já lá se vão mais de quatro décadas que a principal delas, o aquecimento global, avança em velocidade superior às previsões dos cientistas. Fica claro que os interesses menores se sobrepõem irremediavelmente aos interesses da humanidade.

Sabemos que assim alcançaremos um ponto de não-retorno, a partir do qual nada que se faça evitará o pior. E nem sequer temos certeza do ano em que nossa sorte será selada, depois de tantas previsões se revelarem tímidas demais.

Nada garante de que haverá quem escape dessa, como houve em situações passadas. Temos de botar em nossas cabeças que, se não nos empenharmos em LUTAR pela sobrevivência, morreremos todos. É simples assim.

E grifo o LUTAR porque é o cúmulo da ingenuidade imaginar que líderes como Putin eTrump. além de palhaços menores como o Netanyahu, o Milei e o Bozo, preferirão ser destruídos do que chutarem o pau da barraca.

Então, se dependermos do bom senso e bondade dos homens de poder, donos do PIB inclusos, estamos ferrados.

Neves disse...

A vida ameaçada: da destruição ambiental ao ecossocialismo
https://diplomatique.org.br/da-destruicao-ambiental-ao-ecossocialismo/

https://www.theguardian.com/world/article/2024/jun/03/devastating-brazil-floods-made-twice-as-likely-by-burning-of-fossil-fuels-and-trees

https://www.worldweatherattribution.org/wp-content/uploads/ENG_WWA-Reporting-extreme-weather-and-climate-change.pdf

SF disse...

***
O que é isso companheiro?!
Como lutar contra um rio?
Se o rio invadiu, se ele está assoreado e se minha casa não flutua não há coisa melhor do que construir no alto.
Ou fazer uma casa flutuante.
Os amazônidas fazem isso.
***
Gilgamesh (o Noah) morava entre os rios Tigre e Eufrates, pertinho de onde eles se encontram.
Via as cheias e pensou "quando houver uma cheia grande alagará tudo isso aqui, vou fazer uma casa-barco".
E fez.
Quando veio a grande cheia ele recolheu os víveres e animais para a casa-barco que construiu e escapou da enchente, enquanto os vizinhos se afogavam, perdiam as colhetas, os animais e morriam eles mesmos afogados, alguns.
Depois a imaginação criou o mito.
***
Amigo, a gente não pode ser só martelo e pensar que tudo se resolve na porrada.
Nem tudo é prego.
Aliás Noah nem usou pregos na casa-barco dele.
***

celsolungaretti disse...

Como dizia o refrão de uma música menor da época de ouro dos festivais, "a realidade é a verdade e é o que mais custa crer".

Retórica não impedirá que o aquecimento global dê um fim à aventura humana sobre a Terra.

Ou nos mobilizamos para a sobrevivência, ou desapareceremos como os dinossauros, só deixando ossadas aqui e ali.

Ou matamos o capitalismo ou ele se matará nos levando juntos.

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