quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

O SENSACIONAL LUISITO SUÁREZ, OS VELHOS FILHOS DA PUTA DA FIFA E A COBRANÇA DE PÊNALTI SEM A ANSIEDADE DO PELÉ E ZIDANE

Não me lembro de jogador estrangeiro que haja despertado tanta simpatia e admiração ao atuar no Brasil quanto o uruguaio Luisito Suárez. 

Fustigado por dores crônicas no joelho, precisando de infiltração cada vez que entrou em campo, ele foi o principal motivo de o Grêmio haver conquistado o vice-campeonato do Brasileirão logo no ano em que retornava à série A. 

Dos 63 gols marcados pelo tricolor gaúcho, nada menos de 29 foram de sua autoria, afora 17 assistências. Ou seja, 73% dos tentos do Grêmio se deveram às suas finalizações e seus passes. Um assombro, ainda mais em se tratando de um jogador baleado de 36 anos.

Tão querido Suárez era que os torcedores gremistas aceitaram numa boa sua relutância em cumprir os dois anos de contrato, em meados da atual temporada. E o respeitaram ainda mais por sua decisão de concluir pelo menos o primeiro ano, suportando estoicamente as dores que se evidenciavam em suas expressões sofridas ao longo das partidas.

Embora diga que ainda vai consultar a família antes de decidir se continuará atuando, a aposta nos meios esportivos é a de que aceitará o convite de Messi para retomar a velha parceria dos tempos do Barcelona, agora juntos no estadunidense Inter Miami. 
Pelé deixou perceber para que lado chutaria e Andrada quase defendeu 
Afinal, trata-se de um time que disputou 34 partidas em cada uma da suas últimas temporadas, o que daria a Suárez uma possibilidade de sobrevida no futebol. Com o calendário tipo do boi só se perde o berro a que são submetidos os jogadores no Brasil, nem pensar! Só por milagre não estouraria de vez em 2024.

Tendo iniciado sua trajetória em 2005, el pistolero foi vitorioso e goleador destacado em todas as equipes pelas quais passou  (duas vezes o Nacional do Uruguai, mais Ajax, Liverpool, Barcelona, Atlético de Madrid e Grêmio), tendo sido, contudo, exposto ao opróbrio mundial pela Fifa, ao sofrer uma punição extremamente exagerada e preconceituosa no Mundial de 2014.

È que ele mordeu o ombro do zagueiro italiano Chielini quando os dois se enroscaram e foram ao chão numa disputa de bola. 
A cavadinha do Zidane quase fez enfartarem os torcedores franceses  
Coisa de briga de moleques, mas os grotescos anciãos da Fifa, embora tivessem notório telhado de vidro no item corrupção, aplicaram-lhe esta pena degradante: 
— suspensão por nove partidas, 
— banimento por quatro meses de qualquer atividade relacionada ao futebol, e
— proibição de sequer permanecer na concentração com seus colegas durante as partidas restantes daquela Copa do Mundo.

Um dos únicos presidentes sul-americanos eleitos pela esquerda que se comportaram como tais no exercício do poder (o chileno Salvador Allende foi o outro), o grande José Mujica saiu em defesa do conterrâneo Suárez, qualificando, sem papas na língua, os dirigentes responsáveis por tal iniquidade de velhos filhos da puta. Memorável.

Vejam nas janelinhas dois momentos inesquecíveis de Suárez no Grêmio:
Tripleta de Suárez deixou a confiança dos botafoguenses em cacos
— a tripleta (quem fala hat trick são os macaquitos do Tio Sam!) contra o Botafogo, virando a partida de 3x1 contra para 4x3 a favor; e
— os dois gols na despedida contra o Fluminense (vitória do Grêmio por 3x2).

Uma curiosidade é a de que, numa ocasião importante, Suárez mostrou muito mais sangue frio do que Pelé e Zidane. 

O rei, antes de marcar seu milésimo na contagem oficiosa que a Fifa não reconhece, passou em branco contra o Bahia e decidiu encerrar a angustiante expectativa cobrando um pênalti contra o Vasco no Maracanã. Mas bateu mal e o goleiro Andrada por um tris deixou de defender (daí ter esmurrado o chão de tanta raiva!).

Já Zinedine Zidane, que vinha tendo uma Copa do Mundo impecável em 2006, foi, logo no início da final contra a Itália, cobrar triunfalmente um pênalti usando cavadinha... e viu a bola chocar-se com o travessão, quicar por pouco dentro do gol e voltar para o campo, deixando todo mundo na dúvida sobre se tinha ou não transposto a linha fatal. 
No jogo de despedida, Suárez fez golaço até ao cobrar pênalti.  
Para completar, caindo numa repulsiva provocação do zagueiro Materazzi no finzinho da prorrogação, Zidane agrediu-o e foi expulso, desfalcando a França na decisão por pênaltis em que ela foi derrotada.

Já Suárez, que nunca havia marcado um gol no Maracanã, deixou para fazê-los exatamente na despedida contra o Flu. Grand finale mais completo, impossível!

O primeiro esperando no seu campo um lançamento em profundidade e saindo com a velocidade de um menino para levá-la até a área, driblar o goleiro e marcar com muito estilo.

Depois, cobrando um pênalti de forma mais elegante ainda, com a cavadinha perfeita que Zidane foi incapaz de dar e com a frieza que faltou a Pelé. (por Celso Lungaretti) 
  
O técnico Renato Gaúcho presenteou Suárez com um DVD dos seus gols
de outrora, como se pudessem equiparar-se aos do craque uruguaio! 

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