dalton rosado
A GUERRA CHINESA É MERCANTIL
"Não importa em que grau a China se abre para o mundo exterior e admite capital estrangeiro, pois sua magnitude relativa será pequena e não pode afetar nosso sistema de propriedade pública socialista dos meios de produção" (Deng Xiaoping, que foi o líder supremo da República Popular da China de 1978 a 1992 e morreu em 1997, aos 92 anos)O capitalismo está a se desintegrar.
E não é pela força das armas operárias dirigidas por um partido político, mas sim pela própria autofagia das suas contradições, que estão a impulsionar a espécie humana no sentido da busca de uma relação social viável e fora da forma-valor.
É claro que o capitalismo não vai cair de podre, pois, se for necessário, ele conduzirá toda a humanidade para o abismo sem fazer a autocrítica da própria forma. Mas, aí a luta darwiniana da preservação da espécie colocará as condições revolucionárias objetivas que, aliadas a uma práxis teórica e crítica corretas, vai poder conduzir a humanidade à transformação necessária e ao novo patamar de sua existência!
As teses que defendemos têm encontrado convergência com a realidade; e com bastante celeridade, ainda que os fatos históricos careçam de mais tempo do que o ciclo de vida de um ser humano para a sua completa configuração.
Os conflitos bélicos continuam a acontecer, há dois em curso (Ucrânia e faixa de Gaza) e a ameaça de um terceiro na Guiana. Mas, existem outros componentes proporcionados pela guerra concorrencial de mercado que merecem atenção e que talvez nem derivem para confrontos bélicos, ainda que tal possibilidade esteja sempre na ordem do dia, de vez que é da natureza do capitalismo o domínio pela força, quando tal não é possível pela troca de valores das mercadorias (compra e venda destas).
A China deslancha na produção de carros elétricos |
A China está solapando o capitalismo pelos seus próprios fundamentos, em razão do chamado crescimento rabo de cavalo, para baixo! A ela não interessa a ocupação política e anexação de territórios pela força das armas, mas pela ocupação econômica.
Não que a China queira intencionalmente o fim do capitalismo selvagem que pratica, mas, ao contrário, foi o mecanismo pelo qual optou com a chegada de Deng Xiaoping ao poder político em 1978, e como leito natural de sua teoria de adaptação econômica à realidade chinesa de transição de um capitalismo de estado agrícola para um capitalismo liberal industrial de mercado, caminho que poderia e deveria ter sido trilhado de modo deferente, negando o próprio capital.
A China buscou conquistar o mercado a partir da produção e venda de mercadorias com produção barata (trabalho abstrato de baixo custo e incentivos fiscais) e qualidade inicialmente inferior, mas que foi aprimorando-se com o passar do tempo.
Tal mecanismo realmente deslocou grande parte da sua população do campo (onde vivia rudimentarmente) para as cidades, num processo de industrialização acelerado. Com isto criou um expressivo segmento de aristocracia operária e de serviços (a que se costuma chamar de classe média burguesa) e foi conquistando os mercados mundiais e se tornando compradora mundial de commodities manufaturadas e revendidas com valor agregado.
Entretanto, o crescimento chinês se baseou num processo de endividamento que a tornou refém da necessidade de altas e permanentes taxas de crescimento (que se evidenciaram como impossíveis de ocorrer), obrigando-a a uma fuga desesperada para a frente.
A chamada nova rota da seda chinesa, tentativa de uma pretensa salvação da sua economia, consiste num programa de expansão da produção de mercadorias no hemisfério sul, com a exploração das riquezas minerais dos empobrecidos países da região (Ásia, África, América Central e do Sul) e concessão de créditos a juros ainda mais altos do que os praticados pelo FMI.
Trata-se de uma tentativa de formação de um novo bloco capitalista hegemônico, pretensamente capaz de evitar o colapso anunciado.
A China, dita comunista, quer se salvar a partir de antigos pressupostos capitalistas, contra os quais fez a revolução maoísta em 1948; um paradoxo que somente confirma a força ditatorial da lógica funcional do capital quando não extirpada pela raiz.
A INVASÃO DO CARRO ELÉTRICO CHINÊS – Esta é a nova arma que a China está apresentando ao mundo capitalista
As antigas empresas automobilistas ocidentais que se instalaram na China, fabricavam carros à combustão fóssil, buscando competitividade na guerra concorrencial de mercado a partir dos baixos salários ali praticados e dos incentivos fiscais a elas concedidas; lucraram bilhões, mas agora veem a carruagem virar abóbora.
Em maio de 2021 a Byd fabricava seu milionésimo carro elétrico; em novembro último, chegou à casa de 6 milhões. |
Este último decorre de fatores conjugados como os salários inferiores, subsídios ficais e baixo custo das baterias, que representavam anteriormente cerca de 50% do custo total de um veículo).
A aquisição chinesa de minas de lítio, cobalto e manganês tem permitido o baixo custo da produção das baterias elétricas, em cuja fabricação a Byd tem muita expertise, pois seu início empresarial se deu justamente na fabricação desse produto fundamental para a fabricação dos carros elétricos.
Para se ter uma ideia da dessubstancialização do valor dos veículos e seu consequente preço no mercado automobilístico, basta dizer que a Byd, maior indústria chinesa de veículos, está deixando a Tesla estadunidense e a BMW alemã no chinelo.
Um veículo de modelo mais simples chega a ser vendido por até U$ 10 mil, sem que os seus concorrentes consigam acompanhar tal redução dos custos de produção.
Dessa forma, a exportação de carros elétricos chineses ganhou o mundo, provocando um frisson não apenas na cadeia de produção dos países da União Europeia e Estados Unidos, mas em toda a indústria mundial voltada para a exploração, exportação e distribuição de gasolina e óleo diesel no atacado e no varejo.
Os carros elétricos da Byd despertaram muito interesse no recente Salão de Munique |
Mas, o descontentamento que grassa nas regiões que outrora foram exportadoras de veículos e agora se tornaram importadoras dos mesmos, com o consequente desemprego de sua mão-de-obra, tem provocado inconformismo com os subsídios que o Estado chinês concede às suas empresas. Já se articulam medidas protecionistas, porque o livre mercado somente vai até onde a vida comercial assim o permite.
Nada mais keynesiano do que um liberal clássico no governo quando as regras do capital determinam a proteção estatal das suas economias em queda.
E, o que é pior: não sem antes provocar um tsunami no sistema de crédito bancário, que roda em falso com créditos estatais insolváveis (e sua insolvência será o começo do fim!).
Como disse Marx, o capital cava a sua própria sepultura. (por Dalton Rosado)
3 comentários:
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Grande Dalton!
O que vem a ser "condições revolucionárias objetivas que, aliadas a uma práxis teórica e crítica corretas".
Adianto que tenho estudado falácias e esta sua frase tem grande parecença com a falácia da falsa dicotomia, muito utilizada na religião, que preza em ignorar as nuances e imensas possibilidades alternativas entre o "errado e o correto".
Assim pensava o Kmer rouge que implementou as mesmas medidas "corretas" que você defende, com a abolição do dinheiro inclusive, e entregou um massacre (genocida) do povo cabojano.
Atentai! Que os tempos são outros.
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Quanto as anacrônicas guerras da Ucrânia e Gaza... a realidade demonstra a imbecilidade da opção pela violência.
De israel se conta que 140 jovens judeus foram mortos e o hamas ainda tem 1000 reféns... quanta burrice num povo que já nos deu Einstein.
A resposta lógica seria continuar o bloqueio e os bombardeios seletivos.
Mas, como Natanael explicaria a imensa incompetência dos serviços de inteligência que não sabiam do ataque do hamas?!
A casa caiu e os caras estão só perdendo tempo e vidas humanas, para perpetuar um tirano no poder.
A batalha de gaze não se ganha da maneira que eles estão fazendo.
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A Ucrânia afunda em neve, granizo e desalento...
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Quanto aos carros elétricos serão ótimos, quando passar a novidade.
Tipo os aparelhos de DVD que começaram custando cinco vezes mais do que valiam.
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O mundo está bem melhor.
Vejo uma grande era de prosperidade para a humanidade.
O progresso tecnológico que atingimos não admite retrocessos.
Só sucesso!
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Caro DF,
O Kmer Vermelho defendia um estado ditatorial, vertical, que é diametralmente oposto ao que eu defendo, ou seja, a extinção do estado e uma organização de base.
O.mindo está vi e do o opção de modelo, com desemprego estrutural crescente, inflação idem, aumento da fome segundo a FAO, aquecimento global que tem gerado catástrofes permanentemente, e guerras om ameaças de hecatombe nuclear.
Estamos à beira do abismo.
Portanto, o seu comentário não corresponde ao que eu tenho defendido.
Achobquebo nossos leitores, mais isentos, sabem disso, mesmo quebdisxordem do quebeu proponho
Dalton Rosado.
O mundo está vivendo o ocaso de um modelo*
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