Tite não deixaria o escrete no fundo do poço, engolindo sapos... |
O fracasso parece ter-lhe subido à cabeça, pois acabava de dirigir o escrete na ridícula atuação contra Senegal, quando a defesa apresentou mais furos do que uma peneira e aceitou quatro gols, enquanto a produção ofensiva se limitou a um tento marcado por mérito (Lucas Paquetá) e outro por acidente (Marquinhos).
O 4x2 saiu barato, pois as chances claras desperdiçadas pelos senegaleses seriam suficientes para eles também fazerem sete gols, a exemplo dos alemães no 7x1 de julho de 2014. Aliás, nos quase nove anos transcorridos desde então, o máximo de gols sofridos pelo Brasil numa partida era de três. Era.
O ciclo de Ramon como técnico interino inclui derrota por 2x1 diante de outra seleção africana respeitável (o Marrocos) e a goleada que impôs à fraquíssima Guiné (4x1). Ou seja, perdeu dos adversários de verdade e bateu em bêbado.
Mesmo assim, Ramon não se vexa de fazer lobby para continuar humilhando a seleção pentacampeã do mundo até a chegada de Carlo Ancelotti, sabe-se lá quando (com certeza após terminar o contrato com o Real Madrid em junho de 2024 – talvez antes se os merengues já tiverem se cansado dele após conquistar tão somente a Copa do Rei nas três principais competições da temporada recém-finda (comeu a poeira do Barcelona em La Liga e levou um baile do Manchester City na Champions).
Afora os resultados pífios em sua interinidade, Ramon foi uma completa decepção em termos de organização tática, pois o escrete mais parecia um bando catado a esmo e colocado em campo sem nenhum treino ou plano de jogo. Pior, impossível.
Mas, a vacilação da CBF é compreensível, já que a maioria dos comentaristas esportivos teima em tentar impor-lhe um belo técnico português que vira uma fera e fica parecendo um desvairado quando dirige seu time, daí ser recordista absoluto de cartões vermelhos e amarelos.
Ademais, não passa de um discípulo do retranqueiro José Mourinho. Assim, mesmo dispondo de um elenco forte e se beneficiando da má fase do futebol brasileiro, quase sempre vence com sua defesa cerrada e seus gols ensaiados de bola parada, mas quase nunca encanta.
Outro preferido da imprensa é um treinador que, em 14 anos de carreira, teve como única conquista na prateleira de cima o Campeonato Carioca de 2023; e como maior vexame a perda de um Brasileirão praticamente ganho em 2022, quando sua equipe esfarelou na reta de chegada.
Na verdade, a melhor solução ninguém apontou ainda: um apelo ao técnico Tite no sentido de que, de preferência ao lado de um homem de confiança de Ancelotti, faça o que já mostrou saber fazer: campanhas respeitáveis nas eliminatórias para a Copa e nos amistosos caça-níqueis que ocorrerão no período. Mesmo porque tudo leva a crer que, pelo menos na Copa América que começará em 20 de junho do ano que vem, o italiano já estará no cargo.
Tite dificilmente deixaria de prestar tal favor à CBF, pois é um homem dado ao bom-mocismo e não está empregado, ao contrário de outro que também seria um bom tapa-buraco, o Dorival Jr.
Esses dois saberiam preservar o prestígio da seleção, até porque estariam enfrentando adversários fracos (já o Ramon nos faria engolir sapos aos montes, levando jeito de ser goleado até pelo Chile, o que, aliás, já aconteceu uma vez, os 4x0 na Copa América de 1987).
Quanto a Abel Ferreira e Fernando Diniz, ainda estão na fase da auto-afirmação, pois o primeiro só deu certo no Palmeiras e o segundo (mais ou menos) nesta sua segunda passagem pelo Fluminense.
Não gostariam de abdicar dos próprios conceitos para apenas aplicar os do Ancelotti, que estaria monitorando à distância. (por Celso Lungaretti)
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