Quatro tetos e um funeral
Tal como o Teto de Gastos, o novo arcabouço/regra fiscal (NAF/NRF) parece insustentável econômica e politicamente. Os limites impostos ao crescimento da despesa pública exigem que a despesa privada cresça a uma taxa 64% superior à taxa de crescimento da despesa pública para impedir uma desaceleração do crescimento do PIB. Isso não tem precedentes por períodos longos.
Dada a sinergia existente entre o gasto público e a renda/gasto privado, o NAF/NRF determina um limite estreito para o próprio crescimento do PIB, decretando uma trajetória de crescimento econômico baixo que é incompatível com as necessidades e com o potencial da sociedade brasileira. Ademais, o NAF/NRF também é pró cíclico na fase de desaceleração cíclica, podendo resultar em espiral recessiva grave.
O NAF/NRF também é matematicamente incompatível com a agenda social do governo Lula, como a elevação do salário mínimo de acordo com o PIB e com as provisões da Constituição Federal que preveem elevação do gasto público em saúde e educação. Ele deliberadamente determina uma redução do peso da despesa pública no PIB, como outras regras neoliberais semelhantes no resto do mundo.O Plano de Aceleração do Crescimento Privado proposto pelo ministro Haddad, centrado na redução de taxas de juros supostamente trazida pela austeridade fiscal, e em concessões e parcerias público-privadas (PPPs) que ocupem o vácuo deixado pela contração da despesa pública, não parece capaz de gerar a taxa de crescimento da despesa privada que impeça desacelerações do crescimento do PIB seguidas de recessões ou estagnações prolongadas.
Se tiver sucesso junto com o projeto social-liberal ao qual se vincula - o que é pouco provável -, o NAF/NRF talvez represente o funeral do que os liberais chamam de Estado patrimonialista ou capitalismo de compadres, mas mais precisamente da política econômica social-desenvolvimentista que caracterizou os governos de Lula. O modo petista de governar ficará muito mais parecido com o modo tucano de administrar, ou melhor, de abrir espaço para a iniciativa privada na oferta de serviços públicos e infraestrutura.
No entanto, o mais provável é que o NAF/NRF tenda a frustrar expectativas com escolhas eleitorais e com a democracia, e estimular o conflito distributivo agudo seja na sociedade, seja no sistema político entre grupos dependentes de diferentes rubricas orçamentárias. Por isso, o NAF/NRF não é o arcabouço mais adequado para reconsolidar a democracia brasileira na conjuntura ameaçadora que ela ainda não superou.Para evitar tais características indesejáveis, e principalmente impedir que o NAF/NRF penalize os mais pobres, algumas emendas parlamentares podem ser propostas e debatidas. Afinal, se o projeto social-liberal der errado, o risco é muito alto, pois mais uma vez na história uma enorme oportunidade de consolidar a democracia será sacrificada no altar da austeridade. (por Pedro Paulo Zahluth Bastos)
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