quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

A CRISE CAPITALISTA ALIMENTA A ASCENSÃO DA EXTREMA-DIREITA GLOBAL

 

Todo poder vertical é socialmente nocivo
O capitalismo é hoje one world. Somente nos confins da Amazônia, onde ainda existem grupos indígenas isolados é que subsiste o sistema originário das comunidades humanas de coleta e partilha comunitária.

Mas, paradoxalmente, é no exato momento da completa vitória expansionista mundial do sistema capitalista que ocorre o seu limite interno de expansão e ele definha inexoravelmente num fenômeno irreversível, complementado pelo limite externo causado pela crise ecológica do aquecimento global decorrente da irracionalidade de sua ação predatória. 

A evolução do ser humano, das sociedades comunitárias primitivas para os núcleos sociais mais povoados, coincidiu com o surgimento de um processo de escravização do ser humano por si mesmo em alguns locais do Globo, enquanto outros, expressando a não simultaneidade deste processo, não chegaram a conhecer o sistema escravocrata, casos das Américas pré-colombianas.

A escravização direta é filha do escambo, fenômeno social representado pela troca de excedentes de produção de determinados grupos de indivíduos ou mesmo de pessoas isoladamente, momento no qual se criou a ideia de valor representado pelo tempo de esforço físico na produção de bens destinados à troca. 

Cada produto ganhava, no escambo, uma personalidade adicional ao valor de uso: o valor de troca. Esse fenômeno consta da primeira parte de O Capital de Karl Marx, quando tratou da forma mercadoria, como se ele quisesse afirmar que toda a construção da relação social negativa sob a qual vivemos decorresse da introdução e adoção desta forma de produção social entre os humanos. 


O capital se desenvolveu, mesmo que de modo contraditório e segregacionista incorporando no seu entorno auxiliar toda uma gama de instituições e regras jurídicas destinadas a justificar o injustificável - o  direito negando o direito, fas e jus - e entre suas instituições a criação de um poder militar profissionalizado fruto de sua lógica opressora  e belicosa. 

Toda a ideia de poder político centralizado decorre de uma base socialmente segregacionista que pela sua natureza intrínseca opressora formata uma sistema jurídico-constitucional à sua imagem e semelhança.

O republicanismo burguês nascido da doutrina denominada iluminismo, por se pretender trazer luz ao sistema de trevas da idade média com o feudalismo, representou uma evolução em relação ao poder vertical monárquico-eclesiástico-aristocrático de então ditada pela necessidade de expansão mercantil do capital nos burgos - núcleos feirantes onde se comerciavam mercadorias dos produtores individuais, que deu origem ao termo burguesia.


A revolução francesa, com suas marchas e contramarchas, é o momento simbólico que no final do século 18 promoveu uma virada política através de uma luta revolucionária travada ao longo de grande parte do século 19, consolidando o republicanismo no velho mundo ocidental e servindo como exemplo de organização política mais moderna para grandes partes continentais do planeta.

A república e sua estrutura tripartite - poderes executivo, legislativo e judiciário - representou a descentralização do poder político sob as ordens do capital, para melhor servi-lo, tendo sido possível graças a ela esconjurar o feudalismo e sua escravização direta.  Adotou-se, então, como norma de conduta dita mais civilizada, a escravização indireta do trabalho abstrato produtor de valor, ou seja, adotou-se uma forma política descentralizada a serviço de uma relação social baseada na forma valor,  despótica na economia e supostamente democrática na política, com o povo explorado pelo capital ainda tendo que custear, via impostos, toda a estrutura de sua própria opressão.

No feudalismo imperava a doutrina fisiocrata, na qual ao poder político estava centrado na posse da terra e era representação do poder aristocrático, neste sentido, o poder politico e o econômico coincidiam. Já no capitalismo passa a imperar o mercantilismo e a política é a representação submissa e serviçal do capital, estando este agora emancipado do controle político e invertendo a lógica: agora são os políticos que governam e legislam de acordo com as ordens do capital.

Mas o que parecia eterno e definitivo como fim da história era contraditório e insustentável no longo prazo, e eis que o capitalismo atingiu o seu ponto de saturação, tornando a vida social insuportável e a vida política conturbada, resultando em:

Falência do Estado;

Economia em depressão;

Aquecimento global; e 

desertificação de inúmeras partes do globo, em um cenário apocalíptico. 

          Mas, mesmo diante dos problemas nos quais os trabalhadores são as maiores vítimas, e deveriam ser os maiores interessados na superação desse tipo de relação socialmente negativa, eles não sabem que tudo começa pela superação das suas próprias condições de trabalhadores abstratos, e não de reformas mais civilizadas. Ou seja, é preciso superar o capital como forma de mediação social e horizontalizar o controle da sociedade através do comando popular, sob nova organização jurídico-administrativa-social de base.

         A verdade é que hoje se observa que o comando econômico apoiado pelo político que o serve não quer largar o osso, e aí toda a humanidade corre o risco de extinção pela própria irracionalidade.   

O capital controla os empresários e os coloca sob suas ordens enquanto beneficiários mais diretos das benesses do lucro vulnerável pelo regime concorrencial de mercado, exercendo o mesmo poder sobre os políticos como beneficiários do poder e da estrutura estatal. Capital, empresários e políticos subjugam o povo, responsável por sustentar a tudo e a todos.

Não é o povo que está acima de tudo e nem Deus acima de todos, mas é o Deus do valor que a tudo comanda, destrói e se autodestrói. 

        Existem hoje acontecimentos e movimentos que representam bem a saturação do modelo capitalista - tal qual aconteceu em 1848 na Europa, com a transição  final do feudalismo para o capitalismo republicano -, sendo os principais: 

         -os eventos de 6 de janeiro de 2021 no Capitólio; 

- o vandalismo de 8 de janeiro deste ano  nos palácios da Praça dos Três Poderes, no Brasil;

- ascensão na Alemanha de partido de direita  - de orientação neonazista - sob a sigla AFD  (Alternativa para a Alemanha), com muitos adeptos;

- ascensão do partido de direita na França, sob o nome Reagrupamento Nacional, de Marine Le Pen, bem representado socialmente;

- ascensão da direita ao governo da Itália, sob o Partido Irmão de Itália, com Giorgia Meloni; 

- permanência do governo de Recep Tayyip Erdogan na Turquia, primeiro na qualidade de primeiro-ministro e, depois, desde 2014, de presidente, com amplos poderes;

- reeleição ditatorial pelo quarto mandato de Viktor Orbán na Hungria, pelo partido Fidenz, de extrema-direita;

- ascensão na Polônia do partido Lei e Justiça, considerado de extrema-direita;

- reeleição continuada de Vladimir Putin, no governo da Rússia, de cunho ditatorial e associado a uma casta de mega milionários que compraram as estatais e detém monopólio econômico em vários setores da economia russa;

- manutenção do regime ditatorial chinês na política e liberal na economia sob um capitalismo selvagem e predatório;

- manutenção de governos ditatoriais na Venezuela, de Nicolás Maduro, e na Nicarágua, de Daniel Ortega;

- reboliços à direita e à esquerda na Bolívia e no Peru, tendo neste último país já morrido cerca de 50 pessoas nos últimos dias, após a deposição de Pedro Castillo;

- ditadura hereditária na Coreia do Norte;

- desencanto com a revolução cubana, na qual foram preservadas as categorias capitalistas como forma de mediação social, pois não poderia haver mesmo a superação do capitalismo numa pequena ilha de pouco mais de 10 milhões de habitantes, ainda que os negros de lá vivam bem melhor do que os seus irmãos do restante da América latina;

- em Israel se avolumam hoje manifestações contra Benjamin Netanyahu.

       


Todos estes acontecimentos possuem por raiz a crise do capitalismo e a captura, pela direita, da insatisfação popular daí surgida. Estes políticos se apresentam enquanto salvadores da pátria, diante da ineficácia dos postulados social-democratas. 

No Brasil, em que pese os esforços de Ministros credenciados para a defesa dos avanços civilizatórios a serem restaurados, certamente vamos esbarrar na maior crise do capitalismo desde a depressão de 1929/1930, e o governo Lula já anuncia métodos antigos para a solução de problemas cuja intensidade se apresenta como completamente novos. 

      Isto deverá causar insatisfação popular que a direita, ora contida pela postura mais previdente da elite brasileira, usará, com todo o seu poder de persuasão, em seu favor, colocando para funcionar o tradicional pêndulo da ineficácia política.

Quem viver verá! (por Dalton Rosado


Um comentário:

SF disse...

Pense num robot que escreve textos...

***
ESCOLA DO GURI ME LIGOU AGORA

Seu filho entregou o trabalho da escola e desconfiamos que eles esta usando o ChatGPT
...
"Mami, desculpa eu tava testando se o robô era mais inteligente que minha professora de biologia, e ela está bravinha porque ele É

Complicado isso ein!!!
***
Denise "twitou" hoje.
O q é Poder mesmo?
***
Decerto não é o do padim Inácio.

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