segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

A ESQUERDA AINDA VAI ARREPENDER-SE POR NÃO TER DEIXADO O SOL BRILHAR

Após tanto tempo como papagaio de
pirata
do Lula, ele agora será um aliado
F
undado em 6 de junho de 2004 por dissidentes petistas inconformados com o autoritarismo vigente no seu partido de origem, o Psol, na prática, abdicou da vida independente e voltou a submeter-se ao PT no último sábado, 17 de dezembro de 2022.

Isto a despeito de, ao longo dos 18 anos e meio transcorridos desde então, o PT ter guinado cada vez mais à direita, a ponto de hoje ser pouco mais do que uma força auxiliar civilizada da burguesia.

Serve de contraponto à força auxiliar selvagem que atende pelo nome de bolsonarismo e acaba de ter seu contrato rescindido, sabe-se lá se temporariamente ou em definitivo.  

A perspectiva de chegar à presidência como passageiro da arca do Lula cegou o grupo psolista liderado por Guilherme Boulos, que, em duas votações no Diretório Nacional, conseguiu fazer aprovar sua proposta de apoio do Psol ao novo governo populista-reformista e participação na base de sustentação do dito cujo no Congresso.

Assim, quando o Executivo tiver outras medidas tão relevantes para propor quanto a criação da Lei Antierrorismo de 2016, vai saber de antemão que terá o apoio da bancada do Psol.

Graças ao empenho do grupo liderado pela deputada federal Sâmia Bomfim, da resolução final constou pelo menos a ressalva de que o Psol não poderá ser contemplado com cargos no Lula 3. 

Contudo, eu não apostaria um centavo sequer no cumprimento desta cláusula. Adiante, certamente os espertos encontrarão um atalho para contorná-la. 

Por último, àqueles que não acreditam nas minhas previsões e chegam até a zombar da pretensa bola de cristal que eu possuiria, quero recordar que, em fevereiro deste ano, eu já não tinha a menor dúvida sobre onde desembocaria o flerte do Boulos com Lula.

Cheguei a perguntar, cá no blog: "Por que o rompimento com o PT e a fundação do Psol, se era para voltarem com o rabo entre as pernas?".

De resto, quando iniciei minha trajetória política, há exatos 54 anos, já o fiz como militante revolucionário, adversário figadal do reformismo e da conciliação de classes. Portanto, como coerente jamais deixei de ser, corri a desfiliar-me desse partido que, como os caranguejos, começava a andar para trás...

Fazia questão de não estar pertencendo às suas fileiras quando o Psol consumasse a rendição aos aperfeiçoadores do capitalismo (que eu quero é ver superado, não atenuado ou recauchutado!).

Sábado passado o sol se apagou. E eu estava exatamente onde planejara: bem longe. (por Celso Lungaretti)
Como não deixaram o sol brilhar, de nada
poderão queixar-se caso volte a escuridão

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