(continuação deste post)
— imita de modo jocoso e insensível os estertores de um moribundo com os pulmões comprometidos pelo vírus da covid;
— recusa-se a se vacinar; e
— demorou a aceitar (só o fazendo depois de muita protelação e sob fortes pressões) o imperativo de comprar vacinas que o mundo inteiro disputava desesperadamente junto aos fornecedores?
Somos os campeões mundiais de mortes na pandemia em números relativos e terceiros colocados em números absolutos (ficamos atrás apenas dos Estados Unidos e Índia, bem mais populosos que nós) e podemos afirmar sem facciosismo que pelo menos 250 mil mortes ficarão historicamente sob a responsabilidade de Boçalnaro, o ignaro.
O mais grave é que, no país da pretendida cordialidade, o caricato general Eduardo Pazuello se tornou campeão de votos no Rio de Janeiro. O fascismo está vivo por aqui.
Na Câmara Federal, o Partido Liberal de propriedade do senhor Valdemar Costa Neto, um dos condenados do mensalão e cujo modus operandi na política se limita a ser sempre governo e somente mudar quando o barco faz montou uma grande base parlamentar que, aliada ao pessoal do orçamento secreto do centrão, dará as cartas no absolutismo parlamentar fascistóide.
Se Lula ganhar (o que é mais provável) terá graves dificuldades de governar, seja em razão da crise internacional do capitalismo e do comprometimento fiscal assumido pelo desgoverno do Boçalnaro (que abriu as burras do erário para a compra oficial de votos), seja, principalmente, por sua anunciada decisão de governar com os mecanismos de mercado e com o apoio e conciliação de classe com os donos do PIB brasileiro e mundial.
Mas, a seu favor, mais do que nunca, há uma convergência da intelligentsia brasileira, dos segmentos capitalistas mais conscienciosos e das esferas superiores do Poder Judiciário, no sentido de evitar a vitória eleitoral e futura volta de um governo autocrático que destrua os ganhos civilizatórios de vez, daí estarem apostando suas fichas no Lula contra um mal maior.
Tal projeto não será suficiente para conter um previsível levante social fruto de uma forte insatisfação popular majoritária, até porque contra Lula há uma elite política e empresarial que tem força econômica para mexer seus pauzinhos e manipular a clara divisão de classe hoje existente em seu favor com a adesão de eleitores menos avisados ou por constrangimento patronal.
Lula já necessitará de grandes esforços nesta reta final para sair vencedor; e. mais ainda, vai precisar de apoio popular e visão emancipatória para promover qualquer (necessária!) transformação social.
A vitória parlamentar dos fascistas já consolidada vai propor a ampliação das vagas no STF de modo a que um futuro governante ultradireitista da estirpe do Boçalnaro possa indicar magistrados com ela comprometidos e ajudar a passar a boiada.
É o método que tem sido usado mundo afora, e que está na pauta das intenções dos fascistas brasileiros, como já se ouve da boca de novos senadores eleitos (inclusive do atual vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, recém-eleito senador).
Os fascistas autocratas da nova realidade mundial efervescente, tal como Hitler e Mussolini, estão sendo eleitos pelo voto conservador e vão assenhoreando-se aos poucos dos poderes institucionais, como um polvo gigantesco que lentamente cerca e imobiliza as suas presas.
Como capitalistas nacionalistas que são, uma vez nos governos, apelam para a força bruta militarista como forma de conter a insatisfação popular.
Mas o ser humano tem natural e resistente repulsa ao arbítrio e vai lutar, principalmente no atual estágio das comunicações e experimentos já vividos pela humanidade, como também por conservar vivo na memória do que houve no Brasil durante os 21 anos de uma ditadura militar que saiu do governo pela porta dos fundos negociando uma lei de anistia recíproca para ficar impune aos crimes cometidos.
A realidade social mundial e brasileira está a reclamar um novo contrato social, com três pressupostos de base básicos:
— produção social voltada para a satisfação das necessidades humanas, com a abolição dos critérios da produção de mercadorias e mercado, o que significaria a abolição da forma-valor e de todas as categorias que lhe são imanentes;
— sensibilidade humanista que valorize os ganhos civilizatórios de respeito aos seres humanos, com solidariedade e preservação da vida humana e ecológica;
— cânones jurídicos expressos numa constituição e direito ordinário dela derivado que represente a realização do ideal de justiça social, possessória e comportamental do indivíduo.
Os fascistas não passarão! (por Dalton Rosado)
Um comentário:
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É tudo tão caricato e farsesco, Dalton.
Os caras chegaram ao limite de expansão e o modelo esgotou-se.
Tudo que eles inventam já foi inventado e nada salva a moeda fiduciária, a mercadoria fetiche, abusada e destruída pela ganância e estupidez dessa turma.
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Porém, avento uma hipótese.
Observe-se que existem duas moedas: uma rodando no vazio da impressora dos BCs e outra baseada no protocolo blockchain - as criptos - que, esses mesmos BCs, estão se preparando para lançar. Nosso BC incluso.
Atente-se que a engenharia financeira é igual à do real. Duas moedas uma inflacionada e outra estável (neste caso a estabilidade vem do protocolo blockchain) de maneira que as pessoas adotem a nova moeda e abandonem a antiga.
Bingo!
Será uma higienização da política monetária e um retorno a um padrão estável e, teoricamente, deflacionário.
As novas unidades padrão de valor (mercadoria fetiche) tem o selo da transparência, rastreabilidade e estabilidade.
Ao mesmo tempo permite o controle absoluto sobre a vida dos enfeitiçados pelo sistema mediado por moedas.
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O que pensei é só isso.
Imagino que os caras estão procurando uma saída lógica para impasse em que se colocaram.
A volatilidade está imensa no império.
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