terça-feira, 11 de outubro de 2022

ESTAMOS ÀS VÉSPERAS DE UMA BATALHA QUE NÃO PODEMOS PERDER

E
is que, como nos anos de chumbo, a grande maioria dos cidadãos avessos ao arbítrio e ao terrorismo de Estado passa a incensar os podres poderes da democracia burguesa como tábuas de salvação, já que o bafo do bicho papão empesteia o ar  ao seu redor.

Isto depois de passarem décadas afirmando acertadamente que na institucionalidade burguesa o verdadeiro poder dominante é o econômico, em torno do qual os outros três gravitam, simulando um protagonismo que não têm. 

No recente 1º turno, os fisiológicos elegeram mais e piores parlamentares do que era previsto. Quais tartarugas touchês, os eternos torcedores do antifascismo, sempre à espera de que o alívio lhes caia do céu sem terem de correr os riscos das batalhas, entraram em pânico: "Oh, céus! Oh, vida! Oh, azar!". 

E, claro, a indústria cultural contribuiu para a disseminação da paúra, pois tudo faz para espetacularizar as guerras de lama da democracia burguesa, já que elas alavancam o faturamento de vários de seus tentáculos.

O que realmente aconteceu no dia 2? Nada. 

O Congresso continuará a serviço da classe dominante, como sempre esteve. Reelegendo-se, Bolsonaro manterá unida sua base de pistoleiros de aluguel e vai dominar o parlamento com mais facilidade; contudo, já teria trocado o Palácio do Planalto pelo Complexo Penitenciário da Papuda há muito tempo se  não o houvesse domesticado lá atrás, ao preço de entregar a chave dos cofres públicos ao centrão
Se Bolsonaro perder, esse bando de ignóbeis mercenários se dispersará, indo cada um fechar acordo com quem mais lhe pagar pelo serviços sujos.  

O xis da questão continua, portanto, sendo que presidente sairá das urnas eletrônicas no dia 30: o cão danado do extremismo ou o lulu do reformismo.

Não estaríamos diante desta questão se o que passa por esquerda no Brasil tivesse colocado como prioridade máxima desalojar Bolsonaro, que é uma figura detestável ao extremo, uma miniatura  pândega do Hitler. 

Se nosso país fosse sério, o genocida jamais teria concluído o mandato após sacrificar centenas de milhares de vidas de brasileiros com sua sabotagem ao combate científico da pandemia.

Mas, em razão de sua força dominante sempre ter priorizado a conquista do poder e não o enfrentamento da ultradireita, a nossa esquerda (?) cerrou fileiras em torno da candidatura do segundo político mais malvisto do Brasil, transformando a eleição num arranca-rabo entre rejeitados. É por isto, e somente por isto, que o Bolsonaro não foi expelido, como deveria ter sido, já no 1º turno. 

Ainda assim, a corrupção política nunca pode ser igualada à insanidade desembestada. Lula é acusado de ter feito em maior escala o que governantes de centro e direita sempre fizeram, pois o preço da governabilidade vem sendo pago em verbas, cargos e maracutaias há muito tempo.

Bolsonaro, apesar das evidentes limitações pessoais (seu antepassado Plínio Salgado jamais teria deixado de dar o golpe de Estado em 2019, quando até poderia ter obtido êxito imediato, embora tendesse a desabar em curto ou médio prazos), encarna a mais abominável das opções capitalistas, nestes tempos de esgotamento do sistema de exploração do homem pelo homem.

O fato é que o capitalismo só sobrevive com crescimento contínuo, e este encontrou o seu limite quando a descomunal desigualdade econômica por ele gerada o tornou definitivamente disfuncional. 

Joe Biden e alguns líderes europeus gostariam de revitalizá-lo com grandes investimentos, começando pela mudança da matriz energética, com a substituição dos combustíveis fósseis pela energia limpa. Algo semelhante ao que fez Roosevelt antes da 2ª Guerra Mundial, ou ao Plano Marshall para reerguer a Europa depois da dita cuja.

Os extremistas de direita, estejam ou não conscientes disto, só têm um caminho real para atenuar um pouco o devastador desequilíbrio atual dos pratos da economia: o extermínio.

A população mundial conta hoje com cada vez mais miseráveis e cada vez menos privilegiados, repetindo o cenário da queda do Império Romano. Incapaz de superar a contradição que o paralisava (o passo seguinte para devolver dinamismo à economia deveria ser o fim da escravidão), Roma, ao derrotar os gladiadores de Spartacus, se condenou também à derrocada. 

O capitalismo, ora agonizante, se encaminha para o momento em que o acúmulo de quantidade gerará uma mudança qualitativa.  Novamente para pior. Novamente trazendo consigo um chocante retrocesso civilizatório (ou até mesmo o fim da humanidade).      
Estará o Brasil destinado a ser, como a Ucrânia, um palco de testes experimentais para a avaliação de até onde se pode ir na eliminação dos miseráveis sem levar à deflagração de uma guerra nuclear que extinguiria a espécie humana?

Será que esses testes não começaram faz tempo, principalmente na África, com o estímulo descarado para que chefes tribais travestidos de presidentes movessem guerras de esfarrapados?

Então, mesmo tendo infinitas ressalvas ao papel histórico do Lula, reitero que está em curso uma batalha que não podemos perder, pois as consequências serão nefastas ao extremo.

Ou fazemos o possível agora, ou teremos de fazer o impossível de 2023 em diante, resistindo ao fascismo em condições de extrema inferioridade de forças e tendo novamente de pagar com nossas vidas e nossa integridade física e psicológica o preço da omissão quando a escalada dos bárbaros ainda estava em curso. (por Celso Lungaretti)  

5 comentários:

SF disse...

Vai dar o Lulu.
Assusta você ventilar o contrário.
Tenso.

celsolungaretti disse...

Aprendi a não subestimar a profundidade do buraco brasileiro. Sempre que acreditamos que o fundo já foi atingido, o país consegue descer um pouco mais.

Só quando sair do outro lado no mundo, no Japão ou ilhas menores, teremos certeza de que a queda do Brasil chegou ao fim.

SF disse...

*
Tranquilo Celso.
Conversando com um bolsonarista ele acha que Lula ganha, mas não leva.
Até o núcleo duro dos caras já admite a derrota eleitoral.
Ocorre que ainda acham "só com o gado" para dar golpe.
A boca miúda, entretanto, me adiantou que os banqueiros querem o Lula.
*
Tempestivamente, você pontificou que o bozo é amarelo de medo e está verde de cizânia (especialidade do clã).
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Ele só está lá por falta de um Gabeira para dar de dedo na cara, como fez com o Severino, e dizer o que ocorrerá com o cargo que, em péssima hora, ele ocupou.
*
Quanto a inventada animosidade do povo brasileiro é só lembrar a passividade desse mesmo povo quando do plano Collor.
É um povo que não briga, gosta de peitica e futebol.
Por rixas pessoais, ciúmes, futebol e outras coisas de somenos importância, as pessoas daqui lutam, matam e se intrigam.
Mas, por causas realmente importantes... calam-se.
*
Confie na sua análise.
Ela está com 99% de probabilidade de acerto.
Só um cisne negro para desmenti-la.
***

celsolungaretti disse...

Como já te disse, meu caro, aprendi a pensar como um homem de Inteligência, pois é isto que a VPR decidiu que eu seria. E hoje eu procuro levar em consideração todos os cenários futuros possíveis, embora considere um ou alguns mais prováveis. Só quando se inviabilizam definitivamente é que eu fecho tal arquivo.

No momento, vejo como mais provável que o Lula vença e assuma; que a extrema-direita se reconfigure sem o Bozo, que negou fogo nos momentos cruciais e está queimado com o núcleo duro de seus seguidores; que o Lula surfe no primeiro ano na onda de desfazer as maldades do Bozo, mas a partir do segundo a ficha comece a cair para o povão, de que ele também não é capaz de recuperar a economia brasileira e restabelecer o padrão de vida da década retrasada.

Ainda não tenho palpite sobre se a direita moderada (que tem os reformistas como força auxiliar) vai conseguir se reerguer ou a ultradireita continuará sendo nossa inimiga principal. Isto dependerá, inclusive, de acontecimentos internacionais.

Se a minha sensibilidade estiver correta, o Brasil vai salvar-se pelo gongo de um abismo que já se abria à sua frente. E é bom que a esquerda, principalmente, comece a acertar, pois está cometendo erros gravíssimos desde 2016 e as consequências só não foram piores porque o inimigo, quando estava com a faca e o queijo na mão, errou também.

SF disse...

*
O demônio tenta, mas não esconde o rabo e nem disfarça o futum.
Os novos Von Helder estão chutando a santa.
De novo!
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