ricardo kotscho
BOLSONARO JOGA TUDO NO 7 DE SETEMBRO,
MAS JÁ PERDEU A GUERRA QUE NÃO HOUVE
Desafiou as urnas eletrônicas e a Justiça Eleitoral; ameaçou com a volta do comunismo; arrombou as contas públicas para comprar os votos que lhe faltam; insinuou que tinha o apoio das Forças Armadas para um dar um autogolpe em caso de derrota; pintou e bordou ao arrepio das leis, do bom senso e da civilidade.
Mas setembro chegou, e não houve guerra nenhuma.
Empacado nas pesquisas e com seu governo rejeitado por mais de metade da população, Bolsonaro agora joga sua última cartada no 7 de setembro, com aviões, navios de guerra, tanques e canhões abrilhantando seu comício bélico na praia de Copacabana para demonstrar uma força que já não tem.
Mesmo que leve batalhões de fanáticos devotos às ruas, enrolados em bandeiras e gritando Mito!, ele sabe que já perdeu as mínimas condições de continuar governando o país. Desmoralizou-se antes da abertura das urnas, e levou de roldão setores das Forças Armadas. Virou uma caricatura de si mesmo, apequenou-se no delírio de aprendiz de ditador bananeiro.
Nenhuma motociata, por mais monstruosa que seja, será capaz de lhe devolver o respeito da maioria população e do mundo civilizado.
As denúncias desta semana sobre o império imobiliário dos Bolsonaros, construído à base de rachadinhas, chocolates e muito dinheiro vivo, tiraram-lhe das mãos a bandeira do combate à corrupção, a última que lhe sobrou na patética campanha reeleitoral.
Se não consegue nem administrar as milícias digitais da família, sobre as quais perdeu o domínio por falta de pagamento, o que o capitão teria a oferecer ao país para permanecer mais quatro anos no Palácio do Planalto, incapaz de apresentar um único plano de governo?
Resta-lhe daqui para a frente apenas espernear, jogar lama nos adversários, nos juízes e nas mulheres, correr de palanque em palanque feito um celerado, bradando aos céus, para manter fiéis os convertidos que ainda não o abandonaram, depois de quase quatro anos de desgoverno. Nem as imprecações de Michelle e dos Malafaias da vida serão capazes de reverter este cenário.
Agora falta apenas um mês para a eleição, mas parece uma eternidade, eu sei, depois de tudo que já passamos.
Ficaram para trás apenas os destroços do que já foi um grande e respeitado país:
— o colapso na educação e na saúde;
— a cultura perseguida e degradada;
— a destruição das políticas públicas para promover a inclusão e a igualdade social;
— as massas de miseráveis dormindo nas ruas;
— a matança de favelados, indígenas e negros;
— a volta do Brasil ao Mapa da Fome.
Até onde minha vista alcança, no entanto, nada impedirá que em 2 de outubro vivamos uma grande festa da democracia, aconteça o que acontecer no dia 7 de setembro. Vamos virar a página desse capitulo triste da nossa história. Dias melhores virão.
Vida que segue. (por Ricardo Kotscho, num texto de gala!)
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