(continuação deste post)
Para ocorrer um golpe militar e a deposição de um presidente eleito, há que se ter, hoje, pelo menos seis elementos básicos, quais sejam:
— apoio decidido dos donos do PIB brasileiro e internacional;
— apoio popular, mesmo que fruto de uma manipulação da eterna insatisfação coletiva como forma de conter as agruras a que é submetido seu povo pela elite política, agrária e religiosa;
— apoio da chamada intelligentsia brasileira (formadores de opinião da intelectualidade, como academias, artistas, escritores, mídia jornalística da televisão e rádio);
— predominância informativa dos internautas de direita da mídia eletrônica, hoje representando um novo poder midiático;
— apoio institucional majoritário dos membros dos poderes legislativo e judiciário;
— apoio político internacional.
Nenhum destes pressupostos estão hoje presentes.
Convenhamos que em 1918, diante da avassaladora transmissão midiática dos atos judiciais de Curitiba e outros menos votados (que tornaram públicas as tradicionais maracutaias com o dinheiro dito público no Brasil) e com a maciça adesão de desavisados embandeirados de verde-amarelo nas grandes manifestações, o golpe se deu pelo voto.
Temos hoje um governo recheado de militares em posto-chaves, mas impotentes para manterem o arbítrio pela força (ou seja, fechando o Congresso, amordaçando o judiciário, restabelecendo a censura e impondo as lorotas de que acabou a corrupção e de que o ruim é bom.
É que, sob o voto popular, ficam vivas as salvaguardas institucionais do estado democrático de direito burguês. Isto tolhe o arbítrio na sua tentativa de manipulação das consciências.
Então... o golpe flopou!
De resto ficaram evidenciados os males do capital em fim de feira, quais sejam:
— desemprego estrutural renitente;
— inflação que corrói salários já sangrados pela dinâmica do capital no seu estágio de contradição inconciliável entre forma e conteúdo;
— concentração de renda excludente e cada vez mais verticalizada;
— bate-cabeça dos poderes instituídos;
— manipulação do orçamento público, em parte tornado secreto;
— insatisfação popular crescente;
— aumento da criminalidade, com proliferação de milícias e do crime organizado, diante da importância do Estado em prender, julgar e condenar criminosos produzidos em série;
— quebradeira empresarial, com cada vez mais falências;
— lojas frechadas que não reabrem;
— aumento da informalidade do trabalho como forma de sobrevivência;
— redução de direitos trabalhistas e previdenciários;
— proliferação das favelas, face à incapacidade de aquisição de uma casa com infraestrutura urbana digna ou mesmo de alugar imóveis aceitáveis;
— poluição urbana e aquecimento atmosférico;
— serviço de transporte urbano caro e ruim que remete os trabalhadores ao sofrimento de veículos superlotados;
— recorde mundial de óbitos pela covid, na relação mortes/habitante;
— devastação ambiental da Amazônia;
— aumento do analfabetismo;
— escalada da subnutrição (com a nossa reinclusão no mapa da fome).
Ufa!!! Diante desse quadro:
— não há governante que consiga a reeleição;
— não há elite que segure a onda apenas com bandeiras e dísticos verde-amarelos; e
— não há força militar que se aventure a dar um golpe de Estado.
Os problemas nos remetem para 2023, quando todas estas mazelas sociais continuarão presentes, e num mundo assolado pela recessão econômica, com redução do crescimento do PIB e pela escalada inflacionária presente até em países outrora tidos como economicamente equilibrados.
Golpe??? Nem a pau, Juvenal!!! (por Dalton Rosado)
3 comentários:
Apenas as informações
Vladimir Putin promete enviar mais invasores. O Ocidente deve armar a Ucrânia mais rápido
Tem uma janela de oportunidade para empurrar as forças russas de volta
https://www-economist-com.translate.goog/leaders/2022/09/21/vladimir-putin-vows-to-send-more-invaders-the-west-should-arm-ukraine-faster?utm_content=article-link-1&etear=nl_today_1&utm_campaign=a.the-economist-today&utm_medium=email.internal-newsletter.np&utm_source=salesforce-marketing-cloud&utm_term=9/21/2022&utm_id=1327176&_x_tr_sl=en&_x_tr_tl=pt&_x_tr_hl=pt
O regime de Putin pode cair – mas o que viria a seguir?
https://www-theguardian-com.translate.goog/commentisfree/2022/sep/27/putin-regime-fall-ukraine-west-negotiate?_x_tr_sl=en&_x_tr_tl=pt&_x_tr_hl=pt
JP Cuenca: "Bolsonaro é uma mistura de palhaço com pastor evangélico e apresentador de televisão"
https://elpais-com.translate.goog/internacional/2022-09-28/j-p-cuenca-bolsonaro-es-una-mezcla-de-payaso-con-pastor-evangelico-y-presentador-de-television.html?_x_tr_sl=es&_x_tr_tl=pt&_x_tr_hl=pt
Do Financial Times via USA Today
Populismo x privatização: o que vem a seguir para a Petrobras do Brasil?
https://ustoday-news.translate.goog/populism-vs-privatization-whats-next-for-brazils-petrobras/?_x_tr_sl=en&_x_tr_tl=pt&_x_tr_hl=pt
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