A indagação (vide aqui) é do veterano colega Ricardo Kotscho, lenda viva da nossa profissão, quatro vezes vencedor do Prêmio Esso de Jornalismo e que foi porta-voz do então presidente Lula em 2003-2004.
Kotscho costuma se referir a Lula como amigo, mas a recíproca não está sendo verdadeira ultimamente, desabafa, ao mesmo tempo em que expressa sua preocupação com a apatia do dito cujo num ano eleitoral:
"Sem contatos com Lula e o PT há mais de seis meses, por razões que desconheço, tento adivinhar os motivos desta estranha demora em botar o bloco na rua......Assim como eu, penso que muitos leitores/eleitores não estão entendendo o que se passa no silencioso QG petista, que só está assistindo às evoluções dos concorrentes passando pela janela, sem esboçar reação".
Se isso for estratégia, avalio eu, é coisa de jenio. Afinal, depois que o Bozo queimou a largada mas o TSE deixou a corrida prosseguir, não faz sentido nenhum o Lula dar aos eleitores a impressão de que está combalido demais para sair às ruas, inclusive para disputar espaços no noticiário.
Mas, por que isto nos deve preocupar?
Porque gera uma dúvida sobre o motivo de Lula ter-se ausentado de TODAS as manifestações #ForaBolsonaro realizadas em São Paulo, seu berço político e a maior caixa de ressonância do Brasil.
Pensávamos que o motivo de o Lula estar sabotando a campanha pelo impeachment do celerado fosse mero calculismo rasteiro: a preferência por bater em bêbado, enfrentando no 2º turno o pior e mais catastrófico presidente brasileiro de todos os tempos.
Mas, e se não for isto? E se, como constatamos em tantos idosos, inclusive de esquerda, durante a pandemia, o problema do Lula for apenas um receio exagerado de morrer (antes temendo a covid e agora a possibilidade de vir a sofrer um atentado)?
Aí estaria explicado esse silêncio do QG petista que deixa o Kotscho estupefato.
Não nego que 2022 esteja se prenunciando como o ano mais perigoso, desde o fim da ditadura militar, para os que somos alvos possíveis da direita.
Mas, se a esquerda brasileira não dispuser mais de quadros suficientemente combativos para enfrentar um desafio desses, é melhor mudar de ramo.
Com a elegância habitual, o Kotscho fez ao Lula esta exortação:
"Sai logo pra rua, nego velho, ali é o teu lugar. Volta pra de onde você veio, pega o peão a unha, como fazia o Lula da Vila Euclides para enfrentar a ditadura".
Eu, uma vez na vida, me permitirei ser vulgar, porque o atual cenário, extremamente radicalizado, o justifica.
O que o Lula precisa ouvir de seus amigos sinceros (pois da claque subserviente na qual se tornaram muitos dirigentes do PT não se pode esperar absolutamente nada) é bem mais simples, curto e grosso: ou f... ou sai de cima! (por Celso Lungaretti)
Um comentário:
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Tenho a mesma opinião de Kotscho.
O camarada está com medo.
E qual medo não tem como base a morte?
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