segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

TESTE PARA A PACIÊNCIA DE PUTIN: ATURAR UM CONVIDADO BEM TRAPALHÃO

josias de souza
BOLSONARO VIAJA 16 HORAS PARA 
ENCONTRAR UMA CASCA DE
BANANA EM MOSCOU
Sob Bolsonaro, o brasileiro habituou-se a esperar por três coisas absolutamente seguras: a morte, o nascer do sol e a próxima barbaridade do presidente da República. 

Bolsonaro embarca para Moscou nesta 2ª feira (14) bem ensaiado pelo Itamaraty: foi instruído a manter na coleira suas declarações sobre a crise envolvendo Rússia e Ucrânia. Mas o grande receio da diplomacia brasileira é o de que a língua do presidente fuja do script.

O objetivo da viagem é mais político do que econômico. As exportações russas para o Brasil somaram em 2021 cerca de US$ 5,7 bilhões (60% em adubos e fertilizantes). No mesmo período, as vendas brasileiras para a Rússia roçaram a cifra de R$ 1,6 bilhão.

O desequilíbrio da balança comercial justificaria a aceitação do convite de Vladimir Putin. Mas nem as almas mais otimistas acreditam que a viagem produzirá um salto nas exportações brasileiras. 

O que empurra Bolsonaro para a Rússia é a agenda eleitoral. Atrás de Lula nas pesquisas, o presidente acha que o encontro com uma liderança do porte do autocrata Putin atenuará a sua imagem de pária mundial.

O roteiro preparado pelo Itamaraty prevê que Bolsonaro deve se abster de puxar conversa sobre a crise da Ucrânia ao se encontrar com Putin, na 4ª feira. 

Instado a tratar do tema, precisa observar a tradição da política externa brasileira, atendo-se à defesa de uma solução pacífica para o conflito e respeitando o princípio da autodeterminação dos povos. 

Numa palavra, o capitão precisa exalar neutralidade, evitando tomar partido.

Bolsonaro ignorou os conselhos para que cancelasse ou adiasse a viagem. A falta de controle sobre a própria língua ateou no Itamaraty o medo de que o presidente viaje 16 horas para escorregar numa casca de banana em Moscou. 

Ironicamente, a agenda inclui um compromisso que reforça a percepção de isolamento que Bolsonaro gostaria de atenuar.

Da Rússia, Bolsonaro voará para a Hungria, espécie de Disneylândia ideológica do bolsonarismo. 

Encontrará o primeiro-ministro Viktor Orbán, um ditador que controla a imprensa, o Judiciário e o Parlamento. Nesse trecho, mais do que um risco diplomático, a viagem constitui um desperdício de verba pública. (por Josias de Souza)

Um comentário:

SF disse...

Se não tivesse uma compleição atlética, não fosse o messias e tivesse estudado, ou pelo menos se juntado com gente menos desinformada, saberia que o mês de fevereiro é um dos piores meses para viajar para Rússia. O clima em Murmansk, Irkutsk, Novosibirsk, Irkutsk, Samara, São Petersburgo, Vladivostok, Sochi, Volgogrado, Sébastopol, Ijevsk, Kaliningrado, Khabarovsk, Moscovo e Omsk e em todo o país é muito mau. Está frio, o Sol nem sempre aparece e corre o risco de ser ensopado pela chuva muito habitualmente onde quer que vá.
Talvez o staff não goste tanto assim do ungido.

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