Na madrugada desta 5ª feira (24), manhã no leste da Europa, a Rússia declarou guerra à Ucrânia e iniciou uma série de bombardeios ao, e invasões do. território de seu vizinho.
De modo semelhante às invasões do Iraque e do Afeganistão pelos EUA, os motivos oficiais são todos mentirosos e propagandísticos. O mundo ficou tanto tempo sob o domínio único de uma superpotência que nos esquecemos de que o imperialismo sempre foi uma hidra de muitas cabeças.
No meu artigo anterior, já mostrei o quanto o nacionalismo é sempre reacionário, expressão macro, em nível planetário, da realidade micro da propriedade privada dos meios de produção.
O imperialismo é a lógica plena de exploração capitalista não meramente de indivíduos, mas de povos inteiros, com seus territórios e riquezas agromineirais.
A ação imperialista é sempre norteada pela necessidade das burguesias mais poderosas de controlarem mercados e fontes de insumos. O pleno comércio só é possível mediante o pleno uso da força militar.
Desde o fim da URSS, os EUA e a Europa vêm avançando sobre as ex-repúblicas soviéticas e seus antigos países satélites. Dezenas, p. ex., passaram a integrar a União Europeia e outras viraram membros da Otan.
Com isto, os mercados e as matérias-primas de tais países foram anexados à livre exploração por empresas europeias – francesas, inglesas e alemãs, sobretudo – e estadunidenses.
A burguesia russa, surgida da implosão do Partido Comunista da URSS, não tem pretensões de competir com europeus e estadunidenses em nível global.
Sabe que não tem cacife para tanto. Contudo, muito lhe desagrada não faturar com a exploração das riquezas e do trabalho nos países do leste.
A conversa fiada de que os russos seriam anti-Europa não cola. Os magnatas da mãe Rússia vão gastar suas fortunas justamente na Europa ocidental, comprando times na Inglaterra e na Espanha, correndo pelas ruas de Paris com suas Ferraris e passando dias felizes nos Alpes suíços.
Por isso, aceitavam de bom grado um acordo com a UE para traçar limites. Franceses e alemães não se opunham. Faltou combinar com os estadunidenses.
Alheia a qualquer tipo de pacto russo-europeu, a burguesia dos EUA recusou-se a contemporizar e avançou sobre a Ucrânia. O próprio Biden possui negócios escusos no país e não descansou nem um segundo até que a diplomacia europeia falhasse por completo e não restasse a Putin outra saída que não fosse a ordem para a invasão.
Méritos para o ocupante da Casa Branca, que enfrenta um caldeirão social em seu país, o qual hoje está mais dividido do que à época da Guerra Civil, fazendo com que mesmo membros do Partido Democrata se posicionem contra ações de Biden. Uma crise externa sempre foi solução para um governo fracassado nas terras ianques e mr. Joe entende do riscado.
Portanto, para Biden, uma crise externa é o melhor caminho para aliviar as tensões internas em seu país. Para Putin também pois, desde o fim da URSS, seu país nunca esteve tão à beira do colapso social.
Os interesses desses dois senhores da guerra convergem e o povo ucraniano paga com seu sangue e sua vida pela salvação dos governos de ambos.
Mas o que causa a crise vivida na Rússia e nos EUA é o primórdio de uma crise geral do sistema capitalista. Neste contexto, os Estados Nacionais mais poderosos só conseguem achar um caminho para aliviar as pressões de uma possível sublevação revolucionária: a guerra externa.
Por isso, a guerra sempre foi e sempre será a consequência última do capitalismo, sua verdadeira essência. (por David Emanuel Coelho)
Os Rolling Stones no seu apogeu, interpretando Guimme Shelter,
canção emblemática do repúdio a todas as guerras (versão legendada)
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