segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

O REFLEXO INTELECTUAL DE UM PAÍS QUE DECAI SEM NUNCA TER CHEGADO AO AUGE

Campos Neto, quando algum repórter lhe
pergunta se o dólar vai parar de subir
É
possível compreendermos o nível social de um país a partir do nível intelectual de suas principais figuras. 

O que se lê dos ocupantes de posiçõeschaves de uma nação reflete de modo razoável a condição geral deste mesmo país, pois não apenas influencia nas decisões a serem tomadas, mas é também índice do nível geral de cultura e aperfeiçoamento, pois se tais figuras, com tais mentalidades, chegaram aos lugares centrais, é porque há um clima social a favorece-las.

Então, é importante chamar a atenção para reportagem da revista Época a respeito do que leram algumas personalidades brasileiras. Elenco dois casos para mostrar o nível da crise nacional, pois são casos de indivíduos com relevância atual no país: um na direção econômica/política e outro no esporte. 

Roberto Campos Neto é presidente do Banco Central e hoje está diante da dura tarefa de combater uma crise econômica crônica, que jogou milhões na miséria e na fome. O que ele lê? O ego é seu inimigo como dominar seu pior adversário, de Ryan Holiday.

Sim, o principal livro lido por ele foi um lixo da autoajuda, literatura pseudo-psicológica que abunda entre os yuppies.
Cuca, que não era tão devoto quando
do escândalo de Berna (vide aqui)

E Alexi Stival, mais conhecido como
Cuca, técnico campeão brasileiro e da Copa do Brasil pelo Atlético Mineiro? O que lê o principal treinador do futebol nacional na atualidade? Nada. Ou melhor, em suas palavras:
"Eu não li livro nenhum em 2021. Leio a Bíblia, parábolas, versículos..."

Sim, principal expoente do futebol tupiniquim, cotado até mesmo para assumir o time da CBF (vulgo, seleção), é um analfabeto funcional que apenas lê vulgatas religiosas.

E nem se trata do senso comum de que o mundo do futebol é ignorante, pois Abel Braga, o português bicampeão da Libertadores lê Klop: o técnico heavy metal que transformou o Borussia Dortmund e Liverpool FC – e que está mudando o panorama do futebol na Europa, de Raphael Honigstein. De acordo com ele:
"O livro sobre o Jurgen Klopp fala muito sobre o que ele realizou no Borussia Dortmund. Gosto de biografias de treinadores para me atualizar, ficar por dentro de como trabalham, de como agem. Aprendemos com isso".
Enquanto Abel busca aprender mais lendo a respeito de um dos maiores técnicos mundiais da atualidade, Cuca lê a bíblia.

Até por isso, Abel ganha com tática e racionalidade, Cuca ganha com superstição e camisas religiosas. Superstição versus racionalidade. Bem, na Copa do Mundo a gente verá quem vence.
Campos Neto recomenda. Já o
avô dele vomitaria em cima...

Na realidade, Cuca e Campos Neto se equivalem. Autoajuda não passa de literatura para mascarar o analfabetismo funcional das elites econômicas e seus imitadores, sendo também uma forma de religiosidade mascarada de conhecimento. A diferença, portanto, é que Cuca não se envergonha de assumir-se como o que realmente é: um diletante avesso ao estudo.

Cuca pode exibir-se sem retoques porque seu meio, o futebol brasileiro, é o reino da ignorância metódica. Tipos iguais a Renato Gaúcho podem até mesmo fazer propaganda aberta da preguiça intelectual e da incultura, que tudo continuará bem. Já Campos Neto está num ambiente no qual todo mundo é inculto, mas convém fingir o contrário.

E assim o Brasil afunda, na economia e no futebol. É um país que decai melancolicamente sem nunca ter chegado ao auge.

Predominam a incultura, a ignorância, a preguiça e a rapinagem. Superstições existem aos montes, afinal apenas se conta com a intervenção sobrenatural de uma santa para ganhar o campeonato ou para fazer o PIB crescer. (por David Emanuel Coelho)

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