domingo, 23 de maio de 2021

A FASCINANTE HISTÓRIA VERÍDICA DO INGLÊS QUE COMANDOU A REVOLTA ÁRABE É O FILME QUE VOCÊ PODE VER HOJE NO BLOG

Peter O'Toole, entre Omar Shariff e Anthony Quinn
Lawrence da Arábia (Lawrence of Arabia, 1962) é, provavelmente, o maior épico já filmado.  

Pertence ao tempo em que havia vida inteligente no cinema e plateias capazes de a entender e valorizar. Então, as superproduções não apresentavam apenas colossais batalhas, mas também argumentos com muita dramaticidade e apreciável profundidade, roteiros encomendados a grandes nomes da literatura, direção impecável, músicas tão marcantes que viravam sucessos avulsos e atuações memoráveis. Hoje restam apenas as colossais batalhas. 

O cineasta londrino David Lean (1908-1991)  dirigiu apenas 19 filmes, destacando-se inicialmente ao transpor para a tela dois  romances de Charles Dickens, Grandes Esperanças (1946) e Oliver Twist (1948). 

Mas a consagração veio com seus dois épicos antológicos, primorosos, A ponte do rio Kwai (1957) e o próprio Lawrence da Arábia, cinco anos depois. Além de valerem a David  Lean os dois Oscar respectivos de melhor diretor, ambos fizeram jus também às estatuetas de melhor filme

Tendo chegado ao apogeu da carreira quase cinquentão, David Lean ainda faria outros três filmes, que mereceriam louvores se realizados por outros cineastas, mas representaram passos atrás para ele: Dr. Jivago (1965), A filha de Ryan (1970) e Passagem para a Índia (1984), 

A cinebiografia do militar, explorador, diplomata, escritor e arqueólogo Thomas Edward Lawrence se baseou, principalmente, no livro Os sete pilares da sabedoria, em que ele relatou suas aventuras como oficial de ligação britânico durante a revolta árabe de 1916/1918 e tudo que então aprendeu sobre os povos e costumes da região. 

Outra fonte foram as reportagens do jornalista viajante Lowell Thomas, um estadunidense que acompanhou pessoalmente sua trajetória e a tornou notícia mundial, fazendo dele uma lenda em vida, com o sugestivo apelido de Lawrence da Arábia.

Um jovem inteligente, imaginativo e apaixonado pela História, Lawrence ficou tão fascinado pelos povos árabes que, após estudar profundamente seu passado, usos e costumes, deu um jeito de se tornar assistente em escavações arqueológicas promovidas pelo Museu Britânico junto ao rio Eufrates. 

Lá ingressou no serviço secreto britânico e mais adiante, convocado para a 1ª Guerra Mundial, foi servir como tenente no Oriente Médio, por já estar familiarizado com a região.

O filme começa quando toda essa paciente aproximação do seu objetivo é recompensada com a designação de Lawrence (Peter O'Toole, no papel que o consagrou) para atuar junto aos efetivos do príncipe Faiçal (Alec Guinness), cuja revolta árabe os britânicos estimulavam para desgastar o Império Turco Otomano, aliado dos alemães. 
O Lawrence real

Como um conto de fadas que se torna realidade, sua brilhante atuação  o acaba tornando conselheiro logístico do movimento e comandante de uns 10 mil guerrilheiros árabes. 
Essa incrível trajetória é mostrada na primeira parte do filme, quando vemos Lawrence virando um herói para os árabes e uma lenda para o mundo, além de ser promovido meteoricamente a tenente-coronel pelos britânicos. 

Lawrence deu contribuição marcante para as tribos nômades árabes esquecerem momentaneamente suas rixas seculares e se unirem contra o inimigo turco, com o que acabaram prevalecendo sobre um exército bem mais capacitado para travar uma guerra moderna. 

Na divisão dos frutos da vitória, contudo, ele vai constatar quão difícil seria arrancar das potências imperialistas o que os árabes tinham ido buscar naquela empreitada e ele tanto queria lhes oferecer. 

Haveria muito mais o que dizer, porém este texto se alongaria demais e os spoilers brotariam como cogumelos. Mais vale a pena vocês assistirem a (ou reverem) este filmaço, cujo ótimo  elenco inclui Omar Shariff, Anthony Quinn, Jack Hawkins, José Ferrer e Claude Rains, entre outros. (por Celso Lungaretti) 

2 comentários:

SF disse...

Gostei do nome do canal "VIGÁRIO para VIarisTas", mas não entendi a piada interna.
Gostei também do cara ter escrito "Laurence" com "u".
***
Hoje também relembra-se a batalha do Tuiuti na qual 55 mil pessoas digladiaram-se numa beligerância bestial e sem sentido.
***
Assim tem sido a "história" da humanidade.
Uma sucessão de batalhas e de maldade.
Acontecidas por motivos torpes
Ou mesmo sem qualquer razão.
Com resultados deficitários.
Nas quais um bando de otários
Se matam, sofrem e não aprendem a lição.
E ainda fazem filmes!
Haja ilusão!

celsolungaretti disse...

Só para os leitores entenderem o seu comentário, SF, "Vigário para Vigaristas" é o nome do canal do Youtube no qual o filme está disponibilizado e é também nele que o título está grafado errado, como "Laurence", não no post cá do blog.

De resto, eu lamento só ter encontrado o "Lawrence da Arábia" em versão dublada. Procuro-o para disponibilizar desde que o blog existe (vai completar 13 anos em agosto) e só agora o achei, mas desse jeito. Ruim, mas melhor do que nada.

Há quem goste. Eu detesto. Se algum dia encontrá-lo com legendas, farei a substituição. Abs!

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