A caminho dos 8 milhões de contaminados pela covid-19 e dos 200 mil mortos em função tanto da pandemia em si quanto da sua gestão catastrófica por parte de um presidente que maximizou os óbitos evitáveis mas não evitados, o Brasil entrará numa tempestade perfeita em 2021, quando ao caos sanitário virá somar-se uma depressão econômica de magnitude nunca antes vista nestes tristes trópicos.
O ex-primeiro ministro italiano Paulo Gentiloni, atual comissário para a Economia da União Europeia, acaba de qualificar como vergonhosas as imagens que lhe chegam do Brasil. Foi delicado. Eu usaria o termo pornográficas...
E a economista-chefe do Banco Mundial, Carmen Reinhart, advertiu que as montanhas de dinheiro despejadas pelos governos e bancos centrais em suas economias para atenuar o o impacto econômico da covid-19 geraram um cenário que não é sustentável, podendo desembocar numa crise financeira global.
Foi eufemística. Eu diria que tal endividamento descontrolado tem tudo para ser o estopim de uma nova Grande Depressão, que se prenuncia desde a crise do subprime, em 2008/2009.
Considero simplesmente inevitável que os donos do Brasil logo cheguem à mesma conclusão do que eu: não haverá como atravessarmos um ano dramático ao extremo (como 2021 vai ser para nós) com um presidente que está destruindo o país e o tornando um pária dentre as nações.
Se quisermos evitar uma explosão social de consequências imprevisíveis e um morticínio ainda maior do que o causado em 2020 pelo coronavírus, teremos de retirar o bode da sala, para que os dirigentes das nações importantes não se mantenham afastados pelo fedor.
Precisamos ter a humildade de reconhecer: depois de uma década perdida, o nosso país não está em condições de evitar o pior sozinho.
Carece desesperadamente do apoio de pelo menos uma das principais potências mundiais para que os coitadezas brasileiros não sejam submetidos a sacrifícios desmedidos, insuportáveis, em 2021. É isto ou morrerão como moscas.
Quem poderia exercer tal papel? Só vejo um possível candidato, os Estados Unidos. Sabe-se que dirigentes oposicionistas brasileiros já estão se aproximando de assessores de Joe Biden e sendo bem recebidos. A partir da posse do novo presidente, no próximo dia 20, chegará a hora da verdade: vamos tomar o caminho de volta à superfície ou afundaremos na entropia?.
Acredito que o Brasil repetirá sua opção de 1942, quando o ditador Vargas tinha muito mais afinidades ideológicas com o nazismo alemão e (principalmente) com o fascismo italiano, mas, numa decisão ditada pelo realismo político, seguiu na esteira dos EUA, que haviam abandonado no ano anterior sua posição de neutralidade.
É mais ou menos o que eu antevejo para 2021, com a diferença de que Getúlio foi considerado suportável pelos estadunidenses, pelo menos enquanto durasse a guerra (seu descarte se daria em outubro de 1945).
Bolsonaro certamente não o será, por motivos óbvios... (por Celso Lungaretti)
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